20 setembro 2007

O que devemos fazer a quem rouba? (3) (fim)

Aqui estão mais duas redacções, escolhidas aleatoriamente entre centenas. Não farei por agora nenhum comentário sobre o seu conteúdo. Haverá uma altura, no decorrer do nosso trabalho sobre linchamentos, em que eu e a minha numerosa equipa tentaremos uma análise integrada. Mas seria excelente que os leitores deste diário fizessem comentários. Estão dispostos? (clique duas vezes com o lado esquerdo do rato para ampliar a imagem)

Como em tempo devido tentaremos mostrar, os linchamentos urbanos são um problema social bem mais complexo do que pensamos. São um problema bem mais poliédrico e rizomático do que expressões como "ausência de polícia" ou "privatização da justiça" deixam mostrar. Aguardemos, então.

10 comentários:

Anónimo disse...

hehehehe....Minhas criancas essas..tal e qual dad!!!

Sera isso triste??? Sera chocante??? Nao sei, eu nao gosto de fazer analises pelas consequencias, ams sim pelas causas do problema. Dai que a minha pergunta sera, cmo eh possivel criancas, na sua tenra idade terem "visoes" tao violentas como estas??

Nao sera porque vivem numa sociedade que ja as violentou por demais? Nao sera uma forma de auto-defesa, de ajustamento ao meio em que tem vindo a crescer?

Ha um proverbio que diz, a vida eh uma escola...e alguem duvida? Com os acontecimentos do dia a dia, estas criancas forma aprendendo o que a sociedade lhes foi ensinando. Bons petizes!!!

Por mim, alguem devia pegar nisso..e chapar na cara do sr. Ministro da Educacao, isto para nao falar dos nossos Governantes no Geral. ISTO EH UMA VERGONHA REVOLTANTE.

pp

Carlos Serra disse...

O terceiro parágrafo do que escreveu é excelente:" Nao sera porque vivem numa sociedade que ja as violentou por demais? Nao sera uma forma de auto-defesa, de ajustamento ao meio em que tem vindo a crescer?" Pode ter a certeza de que registei isso numa das minhas fichas. Abraço!

Anónimo disse...

E provada parece estar nestas redacções (da sexta classe!, tiradas aleapriamente!) não só a extrema pertinência e urgência do vosso trabalho como a total ineficácia e ineficiência do nosso sistema nacional de educação na transmissão de valores, habilidades (de escrita, neste caso), regras...

Carlos Serra disse...

E ainda há outras veredas que, em tempo devido, mostrarei e mostraremos. A nossa equipa tem um psicólogo e um filósofo...Pedi ao psicólogo, o Faduco, que ainda não estudou este material, para tentar entrar aqui hoje no diário e deixar ficar uma achega preliminar. Vamos a ver se ele tem tempo.

Salvador Langa disse...

Xi mano nao nos deviamos admirar mesmo. Mas vou esperar a explicacao.

Avid disse...

Bom, do jeito que as coisas andam pelo País da marrabenta, confesso que (infelizmente) não me surpreendo muito com o conteúdo das redacções. Afinal, na maioria das vezes somos aquilo que nos permitem ser, frutos daquilo que a vida nos ensina (algo parecido com o que o anónimo disse).

São crianças apenas no conceito da escrita, porque na prática não aprenderam a brincar e nem lhes é permitido sorrir na maioria das vezes. Vivem cercados pela violência, o que mais poderiamos esperar deles? Só sabe dar carinho quem aprendeu a receber...

Está na hora de mudarmos o rumo desta realidade, daqueles que são as “flores do amanha” Rs...( Os politicos enchem a boca para usar este termo) afinal, flores só desabrocham, oferecem cor e aroma quando são regadas...

Bjs meus

Carlos Serra disse...

Gostei do que escreveu.

Anónimo disse...

Num cenário politicamente bem diferente do que hoje vivemos, alguém disse:
 “É uma ilusão pensar que o modo de impedir a violência seja deixar cair os braços. Podemos deplorar que assim seja: mas a ausência de repressão só incita ao crime. A certeza da impunidade alenta os desordeiros. E o crime, a desordem, a subversão destroem muito mais vidas e muitos mais bens do que pode custar uma prevenção oportuna e uma repressão eficaz. Por isso não há que escolher: temos de usar a força para evitar a violência. Temos de nos sacrificar na luta pela ordem se queremos que não haja desordem.”
Florêncio,
PS-  O problema é complexo, todos sabemos – mas vivemos em sociedade, com regras que aos poderes instituídos compete fazer cumprir. Importa compreender porque tinham os nossos poderes “deixado cair os braços”.
 As redacções das crianças mostram que caminhamos para a inclusão da banalização da violência por razões bem referidas nos comentários anteriores. Aliás, é frequente ouvirmos as nossas crianças, ainda de tenra idade, quando contrariadas, reagir dizendo: vou-te bater; vou-te dar porrada!

Carlos Serra disse...

Sim, "vou ti bater!". Mas aguarde que, lá mais para a frente, a equipa divulgue os resultados preliminares. Creio, porém, que há coisas um pouco diferentes em Nampula. Aguardemos.

mozinovador disse...

Eh culpa da RENAMO..heheeheh