Entre os dias 1 (amanhã) e 23 de Outubro, o júri internacional do The BOBs 2007 - composto por jornalistas independentes, pesquisadores da mídia e peritos em weblog -, nomeará dez finalistas em cada categoria do concurso. Estão inscritos cerca de 6.000 blogues. No momento em que vos escrevo, o Diário de um sociólogo (inscrito a 26/08/07), tem 764 visitas e 37 comentários registados. O continente africano continua sub-representado. Se acha que este blogue tem valor, aqui, neste continente, neste país e neste mundo, permita-me então pedir-lhe que vote em "sugerir este blog para THE BOBs 2007" e que comente em "redigir comentário" AQUI. Muito obrigado. E muito obrigado a todos aqueles que, entretanto, me deram e continuam a dar o prazer e a honra de votar em mim e de comentar este blogue.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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30 comentários:
Quem ainda não deu o seu voto faça-o agora mesmo.
Professor Carlos,você merece
este prêmio!
Estarei torcendo!
Com certeza você vencerá, pois este blog é o melhor q possa existir.
Um abraço carinhoso
Sílvia Beatriz
Obrigado, Sílvia!
“Quando o homem a si próprio não
encontra, nada mais encontra.”
Goethe.
O Lepidóptero e a Zebra
(correspondência – como se aprende a lutar com as letras)
Quando Lepidóptero acabara de se livrar do pedinte honesto, encontrou pelo caminho da floresta enquanto atravessava os caminhos proibidos, um ser que, os seus olhos duvidavam. Era um homem sisudo, talvez um super – homem. O único super – homem que a floresta podia contar. – Era a Zebra. O Lepidóptero aproximou-se dela e esta disse:
Ó Lepidóptero, razão tem tu de não me reconhecer! Como é que um sonolento podia reconhecer-mo? Eu sou aquele que vive acordando os que dormem, porque sinto que há homens, demasiados homens que nada sabem fazer no momento oportuno, nem sequer morrer.
Oh! Super – homem – clamou o Lepidóptero – não acha que pode haver casos em que exortamos os outros a acordarem quando somos nós próprios os que dormem? Exortas, mas, são todos os que não te ouvem menos ninguém. Ó amiga Zebra! “Péssima mulher é aquela cuja falta não é sentida”. Deixe os humanos dormirem em paz! Os homens só existem para serem superados, tanto mais que a sua visibilidade, ó homem superior! Só é visível na invisibilidade deles. Um super-homem, dizia Nietzsche, não é aquele que vem para melhorar a humanidade, mas que a humilha até a sua dureza. «À semelhança dos que param nas ruas, a olhar de boca aberta para quem passa, assim eles esperam e aguardam, de boca aberta os pensamentos que outros pensaram». Que é que se pode esperar de ovelhas como essas? – dedico esta parábola a todos os sarapintados que copiam os pensamentos dos outros! Ó amiga Zebra, querer amar os humanos é aceitar até a morte. Ai! Como está cheio isto de hipócritas! Ai! Não será você amiga, quem o fungulamaso necessita? – eles se riem de ti, Ai! Como esse riso te corta as tripas! Mas… ainda há tempo enquanto o tempo for tempo para corrigires o teu erro –. feche-lhes os olhos. – pique-lhes o nariz com as espinhas que caem durante os seus festins! – seria erro acordar os humanos? Permita-me ler um dos meus primeiros pruridos filosóficos do qual intitulei Contagífero Indelével:
Artágoras regressava do monte Liúpo, aonde buscava as suas raízes que com as quais curava os doentes. Estando ele cansado, deitou o seu corpo em cima de uma cama de caniço e com as mãos cobriu a cara. Pouco depois, o sono passeava com prazer nas suas veias, e o sonho começava a invadir o seu espírito. Mas de súbito, apareceu uma velha (de nome Nahipoo) monopsa que o acordou. Trazia consigo um bebé (Lepidóptero) prematuro. - Ó Artágoras – clamava a velha enquanto o acordava – perdoe-me por interromper o seu lindo sono, é que tenho algo que só o senhor poderá ajudar-me a aquilatar melhor a sua veracidade. Trago comigo este meu bisneto… é prematuro e com sarna ele nasceu. Sei que o senhor é um sisudo na área da metramo e que do mesmo modo, poderá saber dizer-me ao certo que é que tem o meu Lepidóptero.
- Hum! Dê-me um minuto para ver se pego nos meus pauzinhos – disse ele.
Tendo Artágoras cogitado a situação do recém-nascido, preocupado disse: hui! Nunca ninguém em toda a minha vida profissional, terá escapado das minhas adivinhas, como me escapa este Lepidóptero. Este menino imagino eu, será daqueles que persegue o que se foge! Para falar a verdade, eu não consigo tratá-lo; se quisesse dizer outra coisa diferente do que estou a dizer, pode ter a certeza que, estaria eu, a codilhar. Mas, num gesto de ajuda, só poderei indicar-lhe um astrólogo que melhor do que eu, pode tirar o horóscopo.
A velha, que mais do que a própria preocupação, ficava ainda mais preocupada, saiu correndo como que uma donzela, enquanto tropeçava sobre os seus próprios pés. Ficando Artágoras só, deteve-se em monólogo: «aquele bebé vai dar que fazer, há uma perigosidade nele, mas desconheço qual a sua essência».
Quando a velha chegou, ao local indicado, o astrólogo estava sentado na esteira aonde terminava de comer feijões que servira numa escudela.
- Ó astrólogo, me perdoe se te sou uma velha estúpida, pois, noto que interrompo a tua epepsia, é que tenho um caso que me aflige assaz e, espero a tua ajuda!
O astrólogo que nem precisou de mais explicações, deu reparo no recém-nascido, dos pés aos cabelos e dos cabelos aos pés. De seguida, resmungou dizendo: há casos no universo, que aos meus olhos, não mereciam ser casos.
- Desculpe, mas não percebi essa – questionou a velha curiosamente.
-Não, não, estava a conversar comigo mesmo! A propósito a senhora é a mãe deste bebé?
-Não, não, sete vezes não! Ele é meu bisneto, ou seja, ele é filho da filha da minha filha.
-Que é que faz a mãe dele, ou então, qual é a sua profissão?
- Enfermeira .
-Pois bem, escute com atenção, tudo o que lhe vou dizer, porque são coisas que não entram em consonância com os nossos habituais ouvidos.
- Esteja a vontade oh! Senhor astrólogo!
-Este bebé, não tem sarna, mas ele é heredossifilítico, ou por outra, ele tem sífilis por hereditariedade. Herdou da mãe, mas diferentemente dela, este é hipersifílítico. Com a sua doença, ele será o pior e perigoso dos humanos que há e, não é todo e qualquer hospital que o suportará. Será do mesmo modo, um filómate , mas por esses lugares onde ele andar, até mesmo nos hospitais, ele tornar-se-á maior filogínico, maior sendo também o risco de as contagiar. Querer tratar esta doença é algo filosofal. Em 1844 nascera um bebé idêntico, mas, a única coisa que os diferencia, é a de que sífilis deste, era menor em relação ao do actual e, o primeiro não adoeceu como este adoecerá. Concluindo-se assim, que o primeiro, oh minha irmã! Não esteve tão grave, como estou prevendo a gravidade deste. Esta sífilis, doravante, provocar-lhe-á uma loucura, e os sãos, ficarão contente por isso. Muitas, serão as mulheres que irão se distanciar dele, com medo de serem contagiadas, mas existirá aquela que, por amor, entregar-se-á, de livre vontade, para ser contagiada, e essa mulher é o Si Próprio. Por fim de contas, ele será paciente da sua própria mãe! Será ele, oh minha irmã! Um ser com o direito de ter mulher, filho e amigos? Quererás, minha senhora, manter vivo um ser deste género, mesmo estando consciente da sua futura perigosidade? Oh! Um ser como este, mesmo morto, efectivamente, que nem se deve enterrar, porque maior também é o risco de contagiar, até a própria terra, então que é que se pode fazer, a pois a sua morte? – Talvez se levar a uma pira. Oh! Minha irmã! A melhor estratégia para combater esta doença, é aniquilar por completo este bebé. Mas, de que maneira? – Terá que se esperar, não o meio-dia, nem a meia-noite, mas, as duas coisas juntas, o que torna impossível a sua mortalidade. Oh! Minha irmã, este Lepidóptero, irá contagiar até os mais graves sifilíticos que o mundo pode imaginar…! Ó grande Deus, haverá, então, uma só das faculdades da sua alma que possa ser aproveitada? – Assim digo a esta criança!
Quando o astrólogo cessou de discursar, a velha, enquanto batia no seu traseiro, disse para o bebé como que este ouvisse o que ela dizia: quem me dera, Ah! Ah! Ah! Vivesse mais cinquenta anos para assistir esse grande espectáculo do meu bisnetinho!
– Vendo aquele cenário, astrólogo ficou de boca escancarada! Depois, os três se despediram cada um piscando os olhos para o outro…!
Como se pode ver, para Lepidóptero, o sábio não é aquele que puxa as pessoas para a sua escola, mas que por si só, as pessoas se deixam contagiar. E digo mais, “mais convém ao super – homem rir-se dos homens que lamentá-los”
Aperto fortemente a sua mão ou até o seu dedo Professor Doutor C. Serra!
Assim termina a picada do rapazito Lepidóptero.
Miller Arnaldo Matine
Universidade Pedagógica
Ensino de Filosofia 2º ano
Estamos aqui sempre xamuali.
Muito obrigado Bosse Hammarström
(Näshulta, Eskilstuna, Södermanland, Sweden) pelos comentários sobre este diário enviados via e-mail! Muito obrigado mesmo pelo estímulo!
__________________
http://www.bossesblog.blogspot.com/
Votei caro prof
Este foi o meu comentário:
Considero o Diário de um Sociólogo uma das melhores fontes de informação e formação de opinião em Moçambique. Acho impressionantes o constante esforço de actualização, a variedade de temas que nele são abordados, o rigor e profundidade com que muitos são tratados e a constante preocupação didáctica na análise dos fenómenos sociais. Como se não bastasse, a tudo se associa uma escrita cuidada e elegante e a visível preocupação de presentear o leitor com momentos de prazer e lazer e ferramentas úteis para os mais diversos fins.
Obrigada, Professor.
Fátima Ribeiro
Muito obrigdo.
Ah, pois gosto !!! E ... já votei.
Aquele abraço :))
Está votado! Por nós daqui, seus leitores, já eleito.
;-)
Bem...para mim, que soube deste
blog, ainda no útero mental; apenas
uma idéia, e depois o vi nascer, e quase mesmo senti as dores do parto...é sempre emocionante comentar.
Sendo afro brasileira, sempre me interessei por esta cultura, mesmo assim sabia pouco, ou quase nada sobre ela.
Tenho aprendido (e muito feliz por isso) aqui várias coisas e fico cada vez mais encantada com a "riqueza" de espírito, cultura, afeto desse povo e por outro lado as vezes me sinto tb triste pela não valorização desta "riqueza". Aliás, o que acontece em vários paízes incluindo o meu.
Admiro a maneira como o Prof. Carlos Serra expõe seu raciocínio,
a maneira corajosa com que trata os assuntos, enfim...se prosseguisse, falaria aqui por muito tempo.
Em resumo, tenho a dizer
muito obrigada (kanimambo)ao prof. por tudo que aqui já conheci e aprendi. Prof. Carlo Serra, talvez vc nem saiba que tem-me feito tanto bem, contribuindo para abrir meus horizontes.
Continue professor! Sei muitas vezes ser estafante, mas tb sei, que vc não mais conseguiria viver sem dar-nos este prazer.
Parabéns e beijo carinhoso.
Dórica
Obrigado Aut e Dórica.
PROFESSOR! VOTAMOS NO TEU BLOG PORQUE ACHAMOS QUE ELE É UMA VERDADEIRA COMPANHIA.
TODOS DIAS, MAL QUE CHEGO AO GABINETE, VISITO ESTE BLOG PARA ME ACTUALIZAR E AO LONGO DO DIA REVISITO-O 3 A 4 VEZES, POR EXEMPLO ESTA É A 4 VEZ QUE VENHO AQUI HOJE.
JORGE SAIETE
Obrigado, Jorge.
EXCELENTE blog
João
Não concordo com muitas ideias de Carlos mas este é realmente um grande site e ele não recusa reconhecer erros ou publicar o que está contra ele. Votarei.
Votei.
É um delicioso manjar de temas, com produtos sempre frescos e diversificados, sabores para todos os gostos, com uma característica comum: saudáveis!
Convida-nos a participar, sem receios, tanto no pequeno tempero – o aditivo, também essencial à qualidade do produto final – como no mais substancial dos alimentos, os problemas estruturais do país: económicos políticos e sociais.
Inteligente forma de intervenção CÍVICA!
Uma interessante forma de participação – da MISSÃO – do Académico na sociedade: difundir o conhecimento e o debate de ideias, evidenciar a importância das aparentemente pequenas coisas – tantas vezes o catalizador do essencial; ter a humildade de trocar ideias e aprender não só com os que percorrem (ram) os corredores das Universidades, mas também com aqueles que calcorrearam os longos caminhos da “universidade” da vida.
Qualidade não se faz sem esforço: missão trabalhosa e útil.
Força Professor!
Um abraço
Florêncio
Muito obrigado.
Xi xamuáli nossa África estar mesmo mal vamos sempre votar.
Já votei no seu blogue e espero que vença, porque simplesmente merece.
Abraço
Descobri hoje este blog e pela leitura diagonal que fiz parece-me bastante interessante!
Passarei por cá mais vezes para lê-lo!
Vou proceder à sua divulgação no meu no meu blog.
Cumprimentos.
Obrigado, Saraiva e Helena. Saraiva: em que parte daqui nasceu? E qual a sua especialidade médica? Helena: em que áreas trabalha? Kanimambo (=obrigado) a ambos!
Caro professor,
Sou licenciada em Sociologia pela Universidade do Minho, Portugal.
Ainda não trabalho, continuo à procura de primeiro emprego.
Saraiva e Helena: coloquei-vos nos meus elos. Índico abraço.
Obrigado por me ter colocado nos seus elos. Neste momento, trabalho e investigo no domínio das neurociências e comportamento, embora esteja a interessar-me por temáticas inovadoras da filosofia, como se constata pelos textos dos meus quatro blogues. Também me oriento no sentido da genética e sobretudo neurogénese e saúde. Aliás, genética associada à diferenciação sexual do cérebro e do comportamento...
Não sei criar os elos nos meus blogues. Sou iniciante nestas coisas, mas logo que aprenda também vou criar elo..
Muito obrigado.
Noutro dia li um texto seu que hoje não encontrei sobre a blogosfera, onde procura estabelecer uma tipologia dos blogues. Queria incentivá-lo a levar a efeito essa tarefa: o cyberself e seu blogue CyberPhilosophy, eu mesmo, acha essa tarefa de enorme importância para a cyberfilosofia. Abraço
Creio que se refere a um texto do meu assistente, o Teles Huo....Obrigado.
abracos para voce professor!
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