22 setembro 2007

Moisés Mabunda diz de frente

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, ameaça boicotar a próxima Cimeira União Europeia/África se o Presidente do Zimbábuè, Robert Mugabe, nela participar. Entretanto, a rádio governamental da Zâmbia anunciou quinta-feira que o presidente Levy Mwanawasa boicotará a cimeira caso Mugabe não seja convidado. E Mwanawasa advertiu que outros líderes africanos poderiam seguir-lhe o exemplo.
No programa "Esta semana aconteceu" da Rádio Moçambique (13 horas de hoje), perguntaram ao jornalista Moisés Mabunda, do semanário "domingo", que opinião tinha sobre o problema. Ora, frontalmente, Mabunda disse que Mugabe tinha tido várias oportunidades para mudar e evitar a derrocada social no Zimbábuè. Por isso, ele, Mabunda, não entendia o que pretendiam os líderes africanos defendendo Mugabe.
Ora aí está alguém que não alinhou pelos discursos nefelibatas de muito bem-pensante da terra e da África Austral. Recorde entretanto a posição de um outro Mabunda, o também jornalista Lázaro Mabunda, que explica racial e conspiratoriamente o problema.
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Cartoon reproduzido daqui.

22 comentários:

Anónimo disse...

Viva o Bispo Desmund tuto...Viva!!!

Carlos Serra disse...

O ex-arcebispo do Cabo nunca se treinou nas palavras açucaradas.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não conheço bem a realidade africana, mas, como ainda me lembro da (ex)Rodésia, fico chocado com as imagens e notícias que chegam de lá. Um caos...
A presidência portuguesa da CE vai fazer tudo para que a cimeira aconteça, mas afinal os principais prejudicados serão os países africanos e sobretudo as suas populações que merecem uma vida melhor.

Carlos Serra disse...

É um problema delicado, muito delicado.

mozinovador disse...

Prejudicado sera Africa? Nao sei nao Sousa. Uma coisa eh certa, piores do que ja estamos, nao sei se estaremos.

Apesar de nada ter contra estas cimeiras, nao sou muito optimista quanto aos seus sucessos se os Africanos nao mudarem a sua postura Governativa. E essa mudanca, nunca..e nunca mesmo vira da Europa, America, Asia..etc..essa mudanca tem que comecar com accoes mais energicas dos intelectuais Africanos.

Quanto a questao no Zimbabwe, creio ser sim muito complexa e muitas das vezes analisamos a questao por informacoes que as potencias mundiais fazem-nos chegar.

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Concordo consigo, Mozinovador, no sentido das elites intelectuais africanas terem o dever de participar mais nas mudanças sociais e políticas e pressionarem os governos africanos a mudar a sua postura e estilo governativo. Embora seja céptico quanto ao modelo da democracia importada e imposta de fora, penso que a consolidação das democracias africanas é necessária para criar novas condições para o desenvolvimento.
Os países africanos de expressão portuguesa podem tomar a iniciativa e avançar mais aceleradamente nessa direcção, sem se deixarem aprisionar por movimentos pseudo-africanistas que só prejudicam as populações, envolvendo-as em conflitos e guerras desnecessárias.
A democracia vigiada e atiçada pelos intelectuais é fundamental, até para que haja diálogo com a Europa.
Nós portugueses - e penso poder falar em nome de todos - queremos muito ver os países irmãos de expressão portuguesa a entrar numa nova era: democracia e desenvolvimento.
As cimeiras valem o que valem, mas ajudam alguma coisa... E, desta vez, estão lá dois portugueses interessados no diálogo com Àfrica.
Além disso, como nasci aí, Vila Pery/Chimoio, torço por Moçambique. Mas uma coisa vos digo sinceramente: não se deixem colonizar por novos sistemas ou tentações!
Abraço

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Aliás, estava a meditar e constatei (sic) que nós utentes da língua portuguesa e irmanados na e pela língua não comunicamos muito uns com os outros.
As televisões portuguesas fornecem pouca informação sobre os países de expressão portuguesa, excepto notícias «más». Nós intelectuais podemos mudar um pouco isso e comunicar mais. De facto, raramente tenho notícias de Moçambique: aqui fala-se mais de Angola, Guiné ou Cabo Verde, até porque existem muitas pessoas destes países cá.
Pelo menos, este blogue possibilita acesso a mais informação. Por isso, frequento-o com muito prazer.

Carlos Serra disse...

Sempre tive e terei para mim que o fundamental é analisar os processos de acumulação de capital e de reprodução das relações sociais. Encontrar a lógica de funcionamento do sistema e de reprodução da classe política. Se não fizermos isso, corremos o risco de racilializar os problemas (como se faz aqui na praça) ou de lhes dar a cómoda sombrinha da conspiração inglesa, como faz, diariamente, o regime da ZANU. E convém não personalizar o aparente cesarismo mugabeano: aos 83 anos, Mugabe só pode governar se apoiado num sistema protector e relativamente unido - veja-se a pujança dos serviços de segurança -e numa classe política que sabe tirar (e reproduzir) dividendos prebendalistas da crise.

Reflectindo disse...

Penso que se deve agir contra Mugabe na Cimeira UE/África, mas tal como mozinovador, digo que isto não é Europa ou esta cimeira que deve pressionar Mugabe. Como o Prof Carlos Serra acaba dizendo, fazermos pressão por meio desta cimeira é fácil racializar o problema. Eu fico preocupado por falta de accão concreta mesmo aqui na Africa, África Austral em particular. Aqui são poucos como Desmond Tutu que agem na prática.

Sintamo-nos culpados um pouco: se Mugabe pode passear pelas ruas de Maputo sem ninguém protestar, porquê é problemático em ele ir para Lisboa? Afinal é só Europa que deve mostrar solidariedade aos nossos irmãos do Zimbabwe.
Na África do Sul, os sindicais, pelo menos costumam fazer manifestacões contra Mugabe. Em Mocambique, só JORNALISTAS, foram uma vez capazes de fazer uma manifestacão contra Jonathan Moyo, o então ministro de informacão.

Agora, que consciência nos pesa? Quando é que exigiremos que o nosso próprio governo nos diga sobre a sua posicão em relacão ao regime do Mugabe? Porquê não o fazemos?

Carlos Serra disse...

Creio que noblesse oblige e é tudo uma questão de camaradagem. Mugabe nunca será seriamente incomodado na nossa região.As lutas de libertaçãp nacional criaram laços indissolúveis,imunes aos "erros" e críticas de qualquer ala de oposição interna ao nível partidário.

Anónimo disse...

Vocês acreditam mesmo que o Premier Britanico está contra Mugabe por causa das violações dos direitos humanos?

Obed Khan

J Francisco Saraiva de Sousa disse...

Não acredito que seja por causa dos direitos humanos, mas sim por causa do orgulho britânico.

Anónimo disse...

Algo em diz que a situacao no Pakistao eh ma. Mas, "Perverso" Musharaf eh grande aliado dos ocidente.

Ai esta, a alianca e a de-salianca depende dos interesses em Jogo. Certamente que nao convence um "corno" pensar que os britanicos estao na realidade preocupados com o mais pobre Zimbabweano.

Claro, MUgabe tem das suas. Mas porque dois pesos e duas medidas?

PP

Reflectindo disse...

Pessoalmente, insisto que a accão do Reino Unido é pouco relevante. O governo do UK pode ter suas razões para agir contra o Mugabe como um dia pode vir a ter outras razões para levantar as sancões contra o regime do Mugabe, permanecendo ele [Robert Mugabe] lá no poder.
A minha preocupacão é sobre a falta de accão dos nossos governantes, que sentem na pele as consequências; a minha preocupacão é da falta de accão de cada um de nós em solidariedade aos nossos irmãos do Zimbabwe.

Será que deve ser o Reino Unido a agir em nosso nome e nós, em conversa com mugabeanos, racializarmos a crise de modo que eles não nos vejam mal?

Eu gosto da maneira como Desmond Tutu, Pius Ncube, Moeletsi
Mbeki, Kofi Annan, entre outros, nos deixam com mensagens claras quanto à crise no Zimbabwe.

Os nossos líderes têm que acabar com a hipocresía.

Anónimo disse...

Muitos dos que nao condenam Mugabe ee porque ligam a hostilidade britanica com racismo. Dos mais primarios. Mugabe quis redistribuir a terra, que era detida pelos brancos, por negros. a Inglaterra nao gostou. bloqueou o Zimbabwe conduzindo-o para a crise. a Inglatera e os seus aliados queriam que a terra continuasse apenas nas maos dos brancos. Ee a isto que alguns de voces chamam racializacao.

Ora digam, queriam voces que a terra no Zimbabwe continuasse propriedade de uma minoria racial?

Obed Khan

Reflectindo disse...

Obed Khan

Você acha que os três milhões de zimbabweanos a procura de vida fora por causa da crise provocada por Mugabe são brancos?

Sabe, eu li hoje artigo que deixa claro quem, entre os zimbabweanos, mais sofre, por exemplo na África do Sul.

O problema de Mugabe torturar os seus próprios compatriotas não é de terra, pois se fosse isso, ele já teria feito muito antes, isto é, ele não teria esperado 20 anos. A causa é PODER e os que defendem têm a mesmíssima CAUSA - O PODER. Nenhum e nenhum mesmo que defende Mugabe, seja ele mocambicano ou zimbabweano, que não esteja a comer bem.

Anónimo disse...

Refletindo come mal?

Reflectindo disse...

Caro (?), eu como bem, mas pensando nos que sofrem.

A propósito, eu não disse que todos os que criticavam ao Mugabe comiam mal. Isso seria mentir, não acha, meu caro?

Anónimo disse...

É engraçado. Sempre que entro num debate sobre o Zim encontro o mesmo perfil argumentativo.

Bem diz o Dr. Serra neste mesmo blog que há uma tendência de REPITIR slogans sem olhar a como nem em que circunstância.

O que é que encontro nestes debates e aqui em particular: um coro de condenação ao Mugabe tal e qual o Gordon Brown e seus acólitos nos sugerem.

Análise sobre a REAL ORIGEM do problema zimbabweano? Nada. O problema é MUGABE e esse deve ir embora. É mau, ditador, díspota etc. Este Mugabe não está onde está desde ontem... está lá há anos e já se passeou com direito a tapete vermelho pelos corredores dos que hoje o diabolizam. (alguém chamou à colação aqui o Pervez Musharaft que já esperimentou o caldo servido ao Mugabe, mas que desde que se aliou ao ocidente nos seus interesses foi/está pintado de ouro: é menino bonito).

Mas porque então Mugabe ficou (subitamente diga-se) um diabo?

Qual a origem dos problemas zimbabweanos?

Que responsabilidades tem o Estado que o Gordon Brown representa na questão da terra?

Que papel jogam as sanções que os comandantes EUA e UK impuseram ao Zim na actual situação daquele país?

Será que se Mugabe for embora volta a ahaver pão na mesa dos zimbabweanos?

Será que os problemas que estiveram na origem das decisões que despotelaram esta situação toda desaparecem com a "ida" do Mugabe?

Sobre isto ninguém quer reflectir. Todos prefrem pintar Mugabe com as piores cores comparando-o, inclusive, a Hitler.

Todos querem, incluindo o professor, esquecer que a derrocada da economia zimbabweana e a diabolização do Mugabe começaram quando este decidiu tocar no que não devia. NÃO nas terras em si. Mas nos interesses de uma minoria que quer queiramos quer não prosperava enquanto uma maioria não tinha, literalmente, onde enterrar seus mortos.

É dizendo que a diabolização de Mugabe começa quando ele avança (numa jogada maquiavélica e impensada diga-se) para a reforma agrária, tirando a terra dos brancos para (supostamente) a atribuir a uma maioria negra sem terra arável que Lázaro Mabunda, "explica racial e conspiratoriamente o problema"?

Se é assim estou com ele.

o Zimbabwe está mal? Está

Há responsabilidade do regime? Há.

Condenemos as más acções. Mas POR FAVOR olhemos para os Zimbabwes pelos nossos próprios olhos. Não deixemos que o Ocidente nos empreste os seus que não permitem que vejamos a sua própria responsabilidade na questão zimbabweana.

não permitamos que nos ameacem. SeMusharaft que chegou ao poder por via de um GOLPE DE ESTADO tem assento na ca branca e na nº 10 da D Street então MUGABE, eleito pelo seu povo para dirigir o seu povo (errando algumas vezes como qualquer mortal) TEM ASSENTO EM QUALQUER FÓRUM MUNDIAL E SERIA HIPOCRISIA DOS SEUS PARES AFRICANOS LHE NEGAREM ISSO.

Anónimo disse...

Não vejo a que regra de repeticão fugiu mutusse?

Júlio Mutisse disse...

Meu caro anónimo (confesso a minha dificuldade em lidar com quem não se identifica)

É apresentando pequenos pontos para reflexão quando falamos dos problemas do Zimbabwe, que tento fugir e levar te comigo das repitições.

Reproduzo-as aqui. Se começar a responder estaremos no caminho que sugiro. Sem repitições:

Mas porque então Mugabe ficou (subitamente diga-se) um diabo?

Qual a origem dos problemas zimbabweanos?

Que responsabilidades tem o Estado que o Gordon Brown representa na questão da terra?

Que papel jogam as sanções que os comandantes EUA e UK impuseram ao Zim na actual situação daquele país?

Será que se Mugabe for embora volta a haver pão na mesa dos zimbabweanos?

Será que os problemas que estiveram na origem das decisões que despotelaram a situação do Zim desaparecem com a "ida" do Mugabe?

Bom fim de semana

Anónimo disse...

Se responderem �s perguntas que que J�lio Mutisse levanta ver�o com facilidade como a quest�o do Zimbabwe ultrapassa a vis�o que o Primeiro Ministro brit�nico nos sugere (e muitos de n�s aceitamos com entusiasmo)