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Na investigação que fazemos sobre linchamentos, temos usado várias formas de registo de percepções populares. Uma delas consiste em metermo-nos em chapas e em suscitarmos um debate sobre agressões, roubos e medidas a tomar. Por exemplo, na rota Muhala-Matadouro em Nampula, o compreensivo, dialéctico motorista do chapa interveio em meio à discussão que provocámos para dizer o seguinte:
“País sem ladrão não é país. O ladrão quando rouba está a fazer o serviço dele, como eu estou a fazer o meu serviço. Se matarmos o ladrão então não havia necessidade de construir cadeia para estar vazia. A melhor coisa é entregar à autoridade. Roubar é vício que Deus deu por isso é melhor deixar. Uma pessoa que tem fé em Deus, se alguém me fizer mal enquanto eu lhe salvei, eu só posso agradecer a Deus porque cada um foi nascido na sua maneira ( há uns que têem coração de cobra e outros tem coração de pessoa). É bom agradecer com livre vontade porque assim Deus vai-lhe ajudar." ("Diário de campo" de um dos investigadores).
1 comentário:
Mano chapista sabe como viver.
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