A mais simples, a mais generalizada, consiste em analisarmos as pessoas em si, independentemente do sistema ou dos sistemas sociais que elas produzem e pelos quais são por sua vez produzidas. É através desta forma psicologizante que classificamos, que etiquetamos, que situamos positiva ou negativamente outrem, em quadro cognitivos que são os nossos, que aprendemos a fazer nossos. Esta é, digamos, a ego-análise.
A segunda forma, bem mais difícil e bem menos praticada, consiste em analisarmos as pessoas através dos sistemas sociais que elas produzem e pelos quais são produzidas. Por outras palavras, aqui não são somente o Senhor Muttaane e as suas ideias que são fundamentais, mas também - e especialmente - o sistema social ou os sistemas sociais que permitem a existência de Muttaanes. Esta é, digamos, a sócio-análise.
Assim, uma coisa é considerar o Sr. Muttaane como um conservador após analisarmos o que diz, faz ou escreve, um Sr. Muttaane tendo dentro de si uma espécie de substância conservadora autónoma, independente das relações sociais.
Outra coisa é analisar o Sr. Muttaane no interior de um determinado sistema social que segrega quase naturalmente o conservadorismo e, ao mesmo tempo, a justificação e a ocultação das relações sociais vigentes, sistema que, no caso do modo capitalista de produção, segrega esses fenómenos em série, tal como segrega mercadorias (o meio académico é, a esse nível, exemplar).
Essa a introdução a esta série, na qual tentarei apresentar algumas ideias sobre os mandarins do saber e sobre a sua função social.
Nota: a qualquer momento posso rever o que aqui deixo escrito. Se isso acontecer, sublinharei a cor as partes alteradas ou acrescentadas. Fica, assim, a marinar.
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