13 janeiro 2009

Neo-monarcas e nosso tou pidir


O governo ugandês impediu um planeado encontro dos líderes tradicionais africanos organizado pelo presidente da Líbia, Muammar Gaddafi, argumentando que seria demasiado político.
Esse planeado encontro, iluminado pelo iluminado Gaddafi - veja-se o divino e celestial ambiente da foto -, lembra-me as posições recentes dos nossos iluminados Homo Maboticus e Homo Sibindycus (para este último caso, confira aqui), defendendo que o multipartidarismo não é a melhor solução política para o país. Atento a esses exercícios de genuflexão estomacal num claro tou pidir endereçado à Frelimo, inteligente e maquiavélico, sabendo bem da pequenez absolutamente dispensável desses neo-monarcas de fabrico local, o secretário para a Mobilização e Propaganda desse partido, Edson Macuácua, afirmou: "Não diríamos que o sistema não serve aos moçambicanos. Pode ser que algumas pessoas não estejam a conseguir atingir os seus objectivos com base neste sistema. Mas não é mudando o sistema que essas pessoas vão conseguir os seus objectivos”, explicou Edson Macuácua, realçando que aqueles que apregoam a alteração do actual modelo de democracia devem, também, ter a clareza de que não se muda o povo. "

2 comentários:

Reflectindo disse...

Neste caso concordo definitivamente com Edson Macuacua. O nosso problema em Moçambique é que os líderes políticos não querem auto-avaliar-se e avaliar o funcionamento dos seus próprios partidos, mas avaliarem incorrectamente os eleitores e outros partidos.

Acho que Carlos Jeque fez a melhor análise sobre o nosso processo democrático. Comecemos por nos interrogar sobre qual dos cerca de meia centena dos partidos tem os seus órgãos a funcionar? Quem ou quantos entre nós informados conhecem os secretários-gerais, secretários de mobilização e de outros departamentos dos cerca de meia centena dos partidos moçambicanos? Quem conhece os membros das comissões políticas dos nossos partidos? Quem e quantos já viram as suas bandeiras, e os outros símbolos? Quem já ouviu o hino do PT, PIMO, etc? Como podemos saber que o lhes simboloza? Acima de tudo, podemos nos interrogar do extenso número de partidos, tem razão de ser?

As perguntas acima constituem parte de um texto que estou a preparar em reflexão sobre a última entrevista com o jurista e analista político Carlos Jeque. Contudo, a minha proposta é dos nossos estudiosos estudarem os partidos moçambicanos.

Quanto ao plano do Kaddafi, concordo com a posição do governo ugandês.

Carlos Serra disse...

A intervenção de Macuácua é passível de outras leituras. Mas para o caso dos "homos", a que fiz parece-me suficiente.