13 janeiro 2009

Bazar negro

"O que me interessava (...) era entrar no coração do ódio entre indivíduos da mesma cor e ver como a ideologia ambiente, a acumulação dos mitos podem transformar um homem normal numa personagem execrável." - uma posição do escritor congolês Alain Mabanckou (na imagem) em seu novo livro Black Bazar, um retrato impedioso mas com humor de como os negros concebem e tratam os negros em Paris, do mundo dos estereótipos usados, de como se esmeram com rigor em tornar claras as suas peles. Certamente um retrato politicamente incorrecto capaz de provocar úlceras gástricas em muitos. Já agora, uma pergunta de Alain: "o que dizer do "racismo" entre pessoas da mesma cor?"
Uma sugestão: leiam esse livro, espero que haja, já, uma versão em inglês e, breve, uma em português.

2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado pela informação para leitura.
Estou ansioso em ler tal livro. Será que encontraremos nele elementos para sustentar (ou também rejeitar, como alguns prefeririam) o ponto que adiantei numa postagem anterior, e também no blog de Elísio Macamo, sobre o racismo do negro contra o preto? O ponto foi adiantado a propósito do que considero ser uma das manifestações mais despudoradas de negro contra preto nos círculos políticos. Aquele que é personificado e exibido pelo ilegítimo mas ainda Presidente do Zimbabwe. Mas para além deste exemplo extravagante existem muitos outros, mais subtis, dissimulados, disfarçados e ocultos por de trás do “estamos juntos”.
Será Mabanckou um Fanon da nossa época? Pelo que parece, em 2005 e 2006, ganhou os prémios mais prestigiados em França. Promete!

Mais uma vez, obrigado pela sugestão.
AF

Anónimo disse...

Sem duvida um excelente ecritor, apesar de ainda nao ter lido este ultimo livro, tou a espera que esteja à venda la livraria do bairro onde vivo aqui em França. Li o "Verre cassé", que simplesmente adorei. Mabanckou tem uma escrita que aborda assuntos sérios sempre com um deleitoso sentido de humor! O tema do novo livro é muito interessante, sobretudo para nos de Moçambique onde, por exemplo, as mulheres usarem produtos de branqueamento (ou clareamento?) da pele é menos comum que na Africa ocidental. Fiquei chocada quando em França me deparei com miudas negras a usarem esses produtos corrosivos. As razoes do fenomeno? Sao muitas e profundas. O livro em questao sera sem duvida uma boa fonte para alimentar o debate!