14 janeiro 2009

Cuereneia: crise financeira vai afectar-nos fortemente


Ministro de Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, em entrevista ao "Magazine Independente" desta semana: "A verdade é que a crise financeira vai chegar este ano e afectar-nos fortemente. Infelizmente, temos que dizer isso aos moçambicanos, pois é um fenómeno externo. Estamos a ouvir que grandes empresas, multinacionais, estão a despedir trabalhadores, sobreudo nos países onde Moçambique tem potenciais investidores. Esta situação vai obrigar a estes países a pararem de investir em Moçambique. Eles vão reduzir a exportação de capitais para o nosso País, sendo que o investimento irá, também, reduzir. Aliás, já sentimos algum impacto nesse sentido: basta recordar que os grandes projectos em relação aos quais o Governo já tinha fechado as negociações com os investidores estrangeiros, pararam, porque estão a fazer o redesenho dos respectivos pacotes financeiros. Falo da refinaria de Nacala e/ou Mpandacua, porque o contexto financeiro nestes países, nomeadamente bancos e ademais, não lhes permite avançarem. Apesar de haver um compromisso de não reduzir a assistência ao desenvolvimento aos países receptores de orçamento do Estado e projectos concretos que o Executivo tem na Saúde, Educação, infra-estruturas, o fluxo de investimentos ao nosso País, concerteza vai reduzir. (p. 8)"

7 comentários:

Anónimo disse...

Professor,
A crise não só nos vai afectar como já nos afectou, eu trabalho numa multinacional, uma das maiores de moçambique. As politicas de racionalização de custos são desenhadas a nível central onde a crise é mais acentuada mas devem ser adoptadas por todas as empresas do grupo espalhadas pelo mundo inteiro, mesmo que a crise ainda não se faça sentir. Resultado: já iniciaram os despedimentos, o bonus de fim de ano foi reduzido, os custos operacionais idem...
E mais, isto vai afectar as empresas que gravitam em volta, e que dependiam das grandes empresas para sobreviver, e as outras mais pequenas que dependiam das que dependiam assim sucessivamente, sem esquecer que parte do OGE depende de impostos.
Parafraseando Edson Macuacua “temos que apertar o cinto”

Anónimo disse...

Os grandes projectos raramente trazem desenvolvimento, baseiam-se exclusivamente em questões de natureza política, mão de obra barata e proximidade de matérias primas. Quando os factores que as levaram a instalar-se se alteram simplesmente vão embora. E não deixam mais valias pois na maioria dos casos a especialização dos técnicos locais não irá encontrar mercado de trabalo.
A aposta em Moçambique deveria ser a pequena e média industria agilizada e sem grandes estruturas accionistas que não permitam o mero lucro de dividendos. Mesmo que o mercado não seja dirigido à exportação este tipo de industria proporciona empregos mais estáveis e um maior rendimento das famílias com o consequente aumento do poder aquisitivo, E o efeito bola-de-neve positivo é visivel e gera desenvolveimento. A lesgislação moçambicana infelizmente é demasiado fechada ao investimento estrangeiro na pequena/média industria e mesmo no comércio. Muitos dos possiveis investidores desistem após uma prospecção do mercado devido à burocracia, à falta de mão de obra motivada e especializada e aos subornos que têm de pagar para agilizar o processo. Deviamos atrair quer com incentivos fiscais quer com maior facilidade na contratação de estrangeiros (mesmo que limitando temporalmente) técnicos que nos poderiam dar aquilo que o nosso ensino se esqueceu: formação.
E investir fortemente no turismo, abrindo os céus de Moçambique e tornando urgentemente os aeroportos do norte de Moçambique em aeroportos internacionais, que nos aproximassem mais dos países com maior número de turistas. Covenhamos que 11 horas no mínimo de viagem entre a Europa e Maputo é demasiado para turistas. Os voos directos a Pembra, por exemplo, sempre seriam mais atraentes.

JG disse...

O thinktank britanico ODI lançou um estudo dizendo que Moçambique -- tal como outros países africanos com setor financeiro é dominado por bancos estrangeiros e investimento direto do estrangeiro -- é capaz de ser abalado mais fortemente que alguns vizinhos.

Citando

"Ghana, Mali, Mozambique and Tanzania are more at risk than the other countries considered since they have a significant share of foreign owned banks and their economies strongly rely on foreign direct investment."

http://www.odi.org.uk/resources/details.asp?id=2612&title=global-financial-crisis-will-successful-african-countries-be-affected

Anónimo disse...

Eu pessoalmente acho que os grandes projectos trazem desenvolvimento. Creio que eles trazem:
Investimento externo e interno,
Confiança no mercado,
Conhecimento e formação,
Ajudam a desenvolver pequenas e médias empresas (quem vai para a Mozal por exemplo pode ver isso, pequenas empresas de aluminio e não só que crescem à volta. E com todas elas mais emprego e mais dinheiro a circular.
Não é um mau exemplo que estraga todo sistema ou um processo. Há exemplos maus de grandes investimentos.

Creio que isto não invalida o facto de ser necessário dar mais apoio (não apenas financeiro, muito mais apoio em legislação, combate à corrupção, facilitação de créditos, juros mais baratos, redução de impostos para pequenos investidores principiantes, etc...) ás medias e pequenas empresas e apoiar o investimento interno. Creio que tudo isto se complementa.
Não devemos ir apenas por um caminho. Creio que diversificando ficamos mais fortes (nem tanto ao mar, nem tanto à terra)... A razão creio que está no bom meio termo (o dificil é encontrá-lo).
E não nos esqueçamos que o mundo está, neste momento a passar por uma crise que nos vai exigir a todos muito mais... sobretudo inovação e espírito de luta.
Um abraço

Paula Araujo disse...

Haja Deus que já se começa a reconhecer, a nível político, que a crise vai chegar a Moçambique, depois de uns meses de optimismo injustificado. Agora está na hora de definir a estratégia para sobreviver à crise. Talvez reforçando a integração económica regional e contando menos com o investimento europeu, americano ou mesmo chinês. E mais, contar com a provável redução da doação internacional. Sempre com o objectivo de não deixar os mais desfavorecidos ainda mais pobres.
Paula

MANUEL DE ARAÚJO disse...

Haja coerencia! A Primeira Ministra de Mocambique, afirmou de boca cheia, e nos registamos, que a crise nao afectaria Mocambique! Na altura ri-me de tristeza! Agora aparece o Primeiro-Ministro Sombra, Aiuba Cuaraneia, a dizer o oposto! Nao sei se agora me devo rir de alegria! O que e que o meu amigo Porta Voz do Governo diz?
Ate breve,

Manuel de Araujo

Anónimo disse...

O teu amigo vai dizer que o Estado da Nacao esta bom