11 novembro 2008

Que lógicas funcionam nas "cabeças" dos eleitores? (7) (continua)


Vamos lá prosseguir um pouco mais esta série.
Considerei os seguintes seis factores que estão em jogo quando votamos em Moçambique:
1. Avaliação do governo
2. Perfil do candidato
3. Exequibilidade do programa proposto
4. Potencial persuatório da engenharia política
5. Extras identitários
6. Forças de persuasão e/ou de compulsão
Vamos, agora, passar ao ponto 3 dos factores.
Temos por norma, muitos de nós, de forma tenaz, a crença de que o povo precisa de ser guiado, ensinado, monitorado, de que ele é um quadro virgem onde devemos e podemos inscrever o nosso giz didáctico e iluminado. Por isso partimos do princípio de que um bom programa deverá, racionalmente, ser aceite. Por quê? Porque é um bom programa, um programa racional, um programa de futuro, um programa que leva em seu bojo as aspirações populares.
Mas a forma como os bons programas são aceites, premiados ou punidos pelo voto depende de múltiplos factores. E depende, essencialmente, da grande capacidade de avaliação do povo, capacidade que raramente é aceite pelos políticos.
Quando os programas são expostos em praça pública, no fervor da compita, esse povo avalia muita coisa. Avalia, por exemplo, a distância entre o futuro do programa e a realidade do dia-a-dia, entre a história local e a história criada pelo político, entre o paraíso e o inferno.

1 comentário:

Unknown disse...

Caríssimos!

Para começar triste discordo da ideia "...o povo avalia muita coisa." E para reforçar tal convicção divido o povo em duas facetas distintas: as do politicamente literados e o seu extremo oposto (não querendo usar palavras inapropriadas). Os que politicamente considero literados,são os que tem a mínima noção do que é um governo e as suas funções para com o povo, contudo são refens de uma ambição monstruosa em superiorizar-se na sociedade tal que fielmente se anexam a um programa do governo que em nada se identifica com a necessidade do povo mas somente nas necessidades dos governantes. Assim sendo, na procura desse "nirvana" social este grupo não considera nenhum dos seis factores supracitados, contudo deixando-me sobre dúvidas quanto ao último factor (Forças de persuasão) se tivermos em conta que a garantia de um status e posição social ajude (contudo requer muita discussão).
Quanto ao segundo grupo, falamos de um povo que não sabe distinguir Frelimo de um Governo, isto é, Frelimo heroi dos filmes, Frelimo o Bom na batalha entre o mal, Frelimo quem libertou-nos do colono. O facto é que este povo vive este filme até hoje, a Frelimo já passou a uma "cocaína" que virou vício, vejam o boicote feito a Renamo a dias. Que o fez eram crianças (não eleitores) sem ideia das suas acção mas embaladas pelo ópio de fazer o bem pelo lado do bem, sentimento transmitido pelos pais e pelos avós. Da mesma maneira que fica difícil em convencer um viciado que tá doente e precisa de tratamento (e muitas vezes agredi o médico porque não o quer) o mesmo acontece com este grupo, que não aceita primeiro que a Frelimo não é Um Governo e muito menos O Governo e por isso não aceita que alguém o apresente propostas de que seria Um Governo ou O Governo, pelo que assim sendo não julgo ser possível considerar os seis factores supracitados. Ensuma não acho ainda que o povo moçambicano ao fazer a votação considere tais factores, aliás o povo africano pois andam todos preso a uma história viciosa e quando dispertam e usam tais factores acontecem o que vimos em Kenya e Zimbabwe que é um prelúdio de um novo sistema político africano TiraDemocrático. Assim penso eu até hoje.