Continuo a aguardar pelos resultados finais, por forma a avaliar a taxa de abstenção (possivelmente na ordem dos 50%) e o peso dos votos em branco e nulos, num momento em que o presidente da Renamo se queixou hoje em conferência de imprensa de camiões a transportar pessoas para as autarquias por forma a votarem, assim se compreendendo o que ele intitulou "afluência às urnas jamais vista em eleições municipais anteriores".
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
2 comentários:
Mesmo se a abstenção for 50%, significará que eu, um dos milhões de moçambicanos que votam conscientemente na abstenção, continuo a pertencer à principal força política em Moçambique. Uma maioria sem assento parlamentar, mas uma força política na reserva, força acantonada que a Frelimo e a Renamo devem respeitar com muito cuidadinho; a qualquer momento, ou melhor, quando surgir o momento próprio, a reserva política na abstenção irá ser quem vai contribuir para que os moçambicanos deixem de ser reféns da dupla Frelimo e Renamo, informalmente já convertida na união eleitoral chamada Frenamo.
Como acaba de demonstrar Daviz Simango, se os moçambicanos quiserem, ainda podem mobilizar-se para elegerem, já nas próximas eleições presidenciais, daqui a uma ano, um Presidente da República verdadeiramente da maioria. Sim, a verdadeira maioria ainda não entrou em jogo.
Até aqui os presidentes moçambicanos foram eleitos por maiorias minoritárias. Por exemplo, Guebuza foi eleito por apenas 22% de um eleitorado registado de pouco mais de 9 milhões de moçambicanos. A minha facção eleitoral, a força política na reserva, em 2004 representou 64%.
O que acontecerá se uma Renamo liberta de Dhlakama se unir, ou resgatar, nem que seja apenas metade da reserva política acantonada na abstenção? Teremos um Presidente da verdadeira maioria, a maioria real e não só formal, dos moçambicanos.
Imagino que não seja só o Serra a aguardar pelos dados sobre a abstenção.
A Frelimo tem razão em celebrar a vitória contra a Renamo. Mas acredito que a grande maioria dos moçambicanos um dia irão celebrar a verdadeira 2ª libertação. A libertação dos "libertadores" da pátria, os da independência e os da democracia.
Devemos respeito, admiração e carinho para com os "libertadores da pátria", mas sem permanecer reféns do passado. A maioria dos moçambicanos têm saudade é do futuro. Enquanto tal acontecer, a força na abstenção irá esperar e procurar por um Presidente virado para o futuro e não refém do passado. A grande maioria dos que se abstêm acreditam que só vale a pena votar, quando for para o bem da maioria e não apenas da minoria dos partidos maioritários, seja "partido do bem-estar", como diz Chipande, ou o “partido da humilhação”, a Renamo de Dhlakama.
AF
Espero que os político leia o que escreveu o AF porque representa o sentimento da maioria dos Mocambicanos.
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