01 novembro 2008

Cotovelos falantes

No programa linha directa de hoje, em antena neste momento e iniciado em 9 horas, a Rádio Moçambique tem como tema as eleições autárquicas, estamos a menos de 72 horas do início da campanha eleitoral. Nos estúdios de Maputo, Beira e Nampula estão alguns bons gestores do verbo partidário, alguns admiráveis cotovelos falantes representando seus partidos. Em Maputo, Miguel Mabote, presidente do Partido Trabalhista, trouxe para o vocabulário político do país um verbo novo, pedindo aos eleitores para não procrastinarem, quer dizer, para não adiarem, não deixarem para o dia seguinte o acto de votação. Espero que os leitores deste diário não percam esta bela oportunidade de ouvir os admiráveis gestores do verbo, da palavra engraxada, que são, além de Mabote e por exemplo, Edson Macuácua da Frelimo (que disse que o seu partido tem cerca de três milhões de eleitores) e Fernando Mazanga da Renamo (o representante dos Verdes, aqui em Maputo, está tão fascinado que acaba de embarcar num discurso fantástico, de revoluçcão palavral). E que possam ouvir as intervenções na Beira, em cujo painel estão representantes da Frelimo, da Renamo, do PDD e de Deviz Simango.
Nota: imagem reproduzida daqui.
1.ª adenda às 10: Edson Macuácua embarcou num discurso tribunício, com ênfase em certas palavras. Por exemplo: não diz "formalmente", mas "formááááálmente!!!"; não diz "exercício democrático", mas "exercício democrááááátrico!".
2.ª adenda às 10:02: Miguel Mabote afirmou que as abstenções têm a ver com o custo de vida (melhor lutar pela comida do que pela presença nas filas de votação) e com a hegemonia (sic) da Frelimo. Para quê votar se a Frelimo já ganhou? É o mesmo que pôr uma equipa do Brasil a jogar com uma equipa de Gondola, asseverou. Acresce que lá na sua terra as pessoas não gostam de ouvir dizer algo como "vamos tirar aquele do poder!", têem medo.
3. adenda às 10:09: nem sempre o termo cívico consegue vencer o fôlego do físico. Assim, vez que vez - Nampula, por exemplo -, ora se diz educação cívica, ora educação física.
4.ª adenda às 10:30: abstenção em discussão. Várias teses. No geral, o problema é a teimosia dos eleitores, sua gazetice preocupante. Há momentos, o representante dos Verdes em Maputo falou em "abstenção psicológica" e "abstenção prepositada". Agora é Macuácua a re-insistir que a democracia começou com a Frelimo em 1962. E os partidos políticos precisam, eles-próprios, de educação cívica, sugere que têm défice disso. E se a Frelimo tem hegemonia, é porque o povo a dá - acrescentou. A Frelimo está cada vez mais forte - diz. Alguém tenta entrar em linha no telefone, mas Macuácua não pára. Parou. Entrou o Muchanga da Renamo ao telefone, começou a impugnação. E afirma: "(...) ele não pode lançar poeira nos olhos, foi a Renamo quem trouxe a democracia...". E Macuácua: "(...) vamos reduzi-lo à sua insignificância, todos o conhecem..."; Macuácua não se cala. Calou-se. Agora Mazanga da Renamo diz que precisamos ir à história. Se Macuácua nasceu no tempo da Renamo, ele, Mazanga, nasceu no tempo da Frelimo. Democracia surgiu quando a Frelimo perdeu a guerra, tendo sido obrigada a correr para Roma para obter a paz. Reclama-se do proletariado (na boca do representante de um partido da direita, semelhante termo é, claro, obra). Em tomates no mercado, escolher tomates, isto é democracia. Campos de reeducação, espancamentos, partidos abolidos em 1975. Etc. Agora é Mazanga que não se cala (ele e Macuácua têem gasolina em seus tanques verbais para toda a vida). A Frelimo já perdeu a hegemonia - assevera. O povo não é burro - garante. Pausa minha, preciso cachimbar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ehhhhhhhhhhhhhhhh! Obrigado por dar nos boa disposição...Ehhhhh!
Sacudu

Jornadas Educacionais disse...

Kkkkkkkk, sinceramente, esses "caras" são divertidos e conseguem divertir o "povo" ocupando horas de antena para discutirem o sexo dos anjos!