Milhares de pessoas em todo o mundo tentam ficar brancas - efeito Michael Jackson - fazendo uso de substâncias altamente tóxicas, como a hidroquinona. Em França, uma rede distribuidora de branqueadores cutâneos (produtos à base de hidroquinona, dermocorticóides e sais mercuriais) acaba de ser desmantelada pela polícia. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo da referência francesa.
Adenda às 18:43: peço aos leitores que não se surpreendam com modificações operadas nos textos deste diário, isso é constante em mim. Por exemplo, este já foi modificado várias vezes.
(fim)
17 comentários:
Infelizmente, conheço tantos africanos cá, em Portugal, que estão revoltados com a pigmentação da sua cor. Tudo fazem para se acharem brancos. Até já mudaram de nacionalidade. Alguns deles são moçambicanos. E faz-me lembrar um discurso de Samora Machel, que cito de memória "Podem mudar de nacionalidade, jamais mudarão de cor." A estes, para o caso da casa, depois de tanta frustração, infelizmente, quando regressam ao país, acabam sendo recebidos como moçambicanos de primeira água. As razaões são óbvias: bem-falantes, falantes de muitas línguas, enfim, tudo menos a avaliação em função do conhecimento que trazem. Acontece que, em trempo de ciclone, são as obras destes grupos (não quero aqui generalizar) ficam abaixo, quando ao lado uma palhota de um ancião está intacta!
Um abraço
Falta fazer um estudo sobre o fenómeno aqui em Moçambique.
Caro Viriato,
Surpreende-me o que dizes, meu caro amigo, mas eu conheço mal Portugal e os moçambicanos em geral em Portugal.
1. Visitei Portugal em 1992 vindo da Dinamarca. Fomos de autocarro com inscricões dinamarquesas e entre africanos haviam guinenses, angolanos e nós mocambicanos. Entre europeus estavam dinamarqueses, suecos, um britânico e um alemão. Dos europeus só o alemão dominava/falava o português. Nesta viagem a língua comum era inglês, mas entre nós falantes do português falávamos a nossa língua. Chegados numa praca em Lisboa e logo que descemos do autocarro apareceram 4 indivíduos que nos perguntaram donde erámos, isto porque apesar de um autocarro estrangeiros falávamos português. Eram mocambicanos, mistiços, naturais de Nampula e Niassa. Conversámos um pouco e eles mostraram-se felizes. Pensei que se orgulhavam de ser mocambicanos. Quando a noite chegou, fomos às discotecas encontrei moçambicanos com que conversei, alguns falaram machanga (?) com os meus colegas falantes desta língua. Pensei que era com o orgulho;
2. Mudança de nacionalidade: a)como antes disse, não conheço bem Portugal, mas o que pode fazer um residente permante num país para se integrar na sociedade onde vive e gozar dos direitos de cidadania? Não será adquirindo a nacionalidade do país onde vive? Imaginemos em um português, britânico ou francês vivendo permanentemente em Moçambique o que pode fazer ele para se integrar na sociedade moçambicana e gozar dos direitos de cidadania moçambicana? b) Até em 2004, ser moçambicano e portador de mais uma outra nacionalidade era crime. O que podia fazer um mocambicano que vivia permanentemente em Portugal?
3. Moçambicanos regressados para o país e recebidos como de primeira água – não posso desmentir-te, mas preciso de exemplos para eu acreditar isso. Antes pelo contrário, prefiro dizer-te que apenas por causa dos anitos em que estás fora do país, precisas de te preparar para uma grande batalha quando regressares para o país, claro que se não fores escavador. Pelo que te leio, não és daqueles que preferem ser puxa-sacos e essa ser a razão do meu conselho. Prometo-te que embora o que dizes agora dizias antes, mas quando regressares será isso considerado ideia ocidental como se o moçambicano, africano, negro não pensasse com lógica. Tenho dado neste blog um exemplo recente de um doutorado em matemática, num dos países europeus que desde Novembro passado não tem afectação. Antes daquele grau ele era um grande chefe. Portanto, os bem recebidos quem são? Escovadores? Filhos da nomenclatura? Não negros (e se for isto, hehehehe, como alguns não se pintariam?)? De facto, aqui está a diferença entre os primeiros anos da independência, era Machel e os novos tempos em Moçambique.
4. Revoltados com a pigmentação da sua cor – não quero desmentir, mas é necessário procurar saber o que faz com que eles se revoltem por terem a cor castanha. São menos aceites na sociedade portuguesa? É uma razão para não ter emprego, alugar um apartamento, isto é, são vítimas da discriminação em Portugal?
5. Pigmentação da cor de pele – que significado tem ela em Moçambique. Observe-se não falo de Portugal ou outro país europeu. Em Moçambique quem é o responsável pela discriminação. O que acontece se dois amigos, um negro e um branco vão para um restaurante, um banco, pedir emprego ou qualquer local público?
P.s: a questão de Michael Jackson evito muito discutir por eu ainda não saber se foi ou não uma doença.
Reflectindo, queres exemplos? Ora bem... Eusébio é um deles.
Meu caro amigo, Reflectindo!
Devido a pequenos problemas de carácter técnico com o meu computador, queria eu ler na íntegra o teu comentário. Porém, amanhã depois da missa das 12h local, tenho o prazer de acusar a recepção do teu longo comentário, cujos pontos iniciais deu-me a entender que este não é o Reflectindo que "conheço"! Mas lá chegaremos, amanha!!!
Boa noite
Zeinada, Eusébio, que fez o quê, porquê e como? O problema será de Eusébio ter a nacionalidade portuguesa? Se for isso minha amiga, já coloquei umas perguntas no nr 2 do anterior comentário. Contudo estou muito disposto em discutir as questões de nacionalidade, cidadania e integracão.
Amigo Viriato, estou cá a espera. Deixaste-me muitíssimo curioso em como não sou o mesmo Reflectindo.
Zeinada, não estou muito certo, mas o exemplo de Eusébio refere-se à recepcão?
Este é um problema mais profundo que a espessura da pele. É mesmo uma realidade que muitos moçambicanos gostariam de mudar a cor da pele e seria pedagógico descortinar as razões desse desejo. Tambéam acho estranho que muitos queiram ser brancos mas ao mesmo tempo são anti-ocidentais.
A minha observação pessoal leva-me a concluír que existem mais complexos raciais em Moçambique, do que por exemplo, em Portugal. Não me parece que os cidadãos de origem moçambicana em Portugal estejam obcecados com a cor da sua pele.
Quanto ao Eusébio, ele não ficou em Portugal porque queria ser branco ou português mas sim por imperativos profissionais e ainda hoje prestigia o nome de Moçambique.
O conceito de moçambicanidade não pode ser limitado pela cor da pele e muito menos pelo local de residência, há outros factores relevantes.
Se um moçambicano vive no estrangeiro, é natural que eventualmente se integre na sociedade de acolhimento, afinal é isso que esperamos dos estrangeiros radicados em Moçambique, criticamos com razão aqueles que se isolam e recusam qualquer tipo de integração. Residir no estrangeiro implica a obtenção de documentos locais necessaários para o quotidiano e o facto de ter documentos estrangeiros não significa que seja menos moçambicano.
Moçambique deve encorajar a integração e capitalizar nos grandes valores que estão ou estiveram na Diáspora, alguns alienados pela sua condição de ausentes da Pátria, em termos geográficos.
Qualquer pessoa que tenha ligação ou identificação com Moçambique, deve ser uma mais valia para Moçambique. Eusébio e Carlos Queiroz, entre muitos outros, são sempre referenciados como originários de Moçambique. Teresa Ferreira, multimilionária Americana e esposa do ex-candidato presidencial John Kerry, nunca escondeu as suas origins moçambicanas.
Amigo Reflectindo:
Como o prometido é devido, cá estou! A minha principal intenção ao escrever-lhe, para além de um directo e simples interesse por este assunto, é obter um melhor conhecimento acerca deste fenómeno , simples, mas preocupante, senão vejamos:
1.As contradições estão, muitas vezes, dentro de nós próprios: nem é preciso inimigo externo. É o que se pode ler de um comentário longo e contraditório, o seu. Um Reflectindo que, desta vez, não teve o cuidado de temperar o sentido das minhas palavras, limitando-se simplesmente a desmentir incautamente uma realidade crua e nua, a atacar-me e a rogar pragas contra mim, atitude que não compadece com o Reflectindo que conheço, virtualmente, há sensivelmente 4 meses. Há-de ser porque as minhas palavras lhe tocaram o âmago do seu ser. Será um deles, que se faz também de camaleão? Deve conhecer-me mal, pois comparar-me com quem quer que seja é o erro crasso que alguma vez cometeu e cometerá, porque sou diferente daqueles com quem quer comparar-me. PAZ.
2.O número de moçambicanos, ou melhor, de pessoas nascidas em Moçambique e que vivem em Portugal, com cartão consular é perto dos 7000 (carece de actualização), porém, deste número apenas 1/3 é que se recenseou recentemente, quando a Embaixada, contra todos os meios, fez questão de ir deslocar-se a cada cidade onde supõem-se haver compatriotas nossos. Por acaso não lhe preocupa este sinal? Já imaginou o amigo Reflectindo, se ao invés de recenseamento, a Embaixada distribuísse dinheiros, terrenos ou empregos em Moçambique? Saberá dizer-me quantos moçambicanos se mostrariam interessados? Quantos mais se revelariam moçambicano?
3.Vivo numa cidade universitária. Num lar de estudantes. O mais curioso desta revelação é para lhe explicar que levei 2 meses para descobrir os meus patrícios. Mesmo assim foi com relutância que aceitaram assumir a sua nacionalidade. Porquê? De quê é que se escondem? A mesma atitude acontece nas ruas de Lisboa, cujos conselho lhe deixo aqui: não vale a pena ousar saudar a pessoas de origem africana julgando ser do seu país, porque para além de não assumir, se for o caso, será humilhado.
4.Zenaida, gostei do seu atrevimento. Pois é, amigo Reflectindo, sabia que Eusébio S. Ferreira, a discípula da Amália Rodrigues, a Marisa, José Rodrigues dos Santos, Carlos Queiroz, General Otelo de Carvalho, mister Chalana, do Benfica, Eng.º Azambuja, entre outros, incluindo o melhor cirurgião de Portugal, são moçambicanos? Ou pelos menos nasceram em Moçambique. O que é que eles fazem pela pátria? Muito pouco. Quantos regressam ao país para uma reconciliação com o seu povo, se não for para turismo, se for o caso!
5.Sabia que há moçambicanos de raça indiana, europeia, etc e quantos deles estão a cumprir o serviço militar? Poderá indicar-me um caso? E quantos deles, porém, possuem bolsas de estudos em Portugal ou em outros países a custa do governo moçambicano, quão autenticas relíquias das universidades. Se calhar o tal matemático é um deles!!! Quantos na hora de receber são moçambicanos e na hora de servir a pátria são angolanos, sul-africanos, malawianos, zimbabueanos, portugueses, togoleses, nigerianos, etc, etc, etc? O pior cego é aquele que não quer ver!!!
6.Meu caro Reflectindo, a questão não é de estar uns anitos na Europa como, aliás, o amigo diz. Não. Não. Nada disso. O problema do país é estrutural. Sublinhe bem isto, ESTRUTURAL. E como diz o autor do Centelhas, pag. 229, o saudoso Dr. David Aloni, que cito na íntegra: “ É uma autentica calamidade intelectual que urge combater, de forma a garantir-se o reassentamento da massa cinzenta de que são, naturalmente, dotados os nossos intelectuais e os nossos políticos, os quais, por missão, deveriam funcionar e agir qual estrela polar, brilhante, no horizonte, numa noite escura e tenebrosa”. Cabe agora a si, amigo Reflectindo o trabalho de investigar, pois se precisar de mais nomes dou-lhe, mas em off.
Um abraço amigo. PAZ
Amigo Viriato,
Agora compreendo que me entendeste mal e muito mal a ponto de pensares que te ataquei. Por outro lado, não ironizei o meu desconhecimento de Portugal e a sua gente. Uma curta estadia não permite muito conhecimento.
Talvez por teres pensado que te ataquei não escreveste aqui pensei que era essencial: nacionalidade, integracão e cidadania. Tocaste ligeiramente sobre a diáspora. Sou da opinião que a questão da diáspora deviamos vê-la a partir do que o José escreve.
Sossegado, vou responder ponto por ponto ao que escreveste no último comentário. Mas adianto que o tal matématico, seja por não ter as características que mencionaste que o marginalizam. Sim é um macua-lómwè de origem.
Aliás a partir do que te fez tocar nas tais características parece que já ias respondendo uma das minhas perguntas, nomeadamente a quinta e última e mesmo a terceira.
Até logo
Que o Eusébio se identifica como moçambicano... isso é um facto. Até porque não tem escolha. Todos sabemos que saiu daqui. Agora, minha pergunta é: será que ele se comporta como um? O que faz ele por este pais? (por favor, não me respondam que eleva o nosso nome lá fora... Isso já virou cliché). O que eu sei e vejo é que Eusébio só não é completamente português porque as suas origens não o deixam mentir... Se quiserem confirmar, coloquem os "kinas" a jogarem contra os "mambas"... Veremos se vai chorar pelos moçambicanos como chora por Portugal. Aliás, perguntem no se conhece o nome do nosso treinador... (falo d futebol porque é a area dele). Como Eusébio há muitos outros. Eu já assisti "teatros" d todos os tipos, envolvendo moçambicanos principalmente nos paises europeus que já visitei... Há aqueles que até pintam o pais com tintas q perderam a côr em 1992. E pior, usam isso como desculpa pra não regressarem à terra...
Parabéns Zenaida,
Grande intervenção a sua.
Mais palavras para quê???
Amigo Viriato,
Mais um vez digo-te que não te ataquei apenas chamei à reflexão em três pontos: nacionalidade, cidadania e integração na sociedade. Não considero camalião pois assumo com orgulho a minha cor de pele (negro), a minha etnia (macua), a minha zona de origem (Nampula) as minhas línguas e tudo aquilo que é a minha identidade. Identifico-me orgulhosamente com a Dinamarca e Suécia ainda que tenham sido estas nações que me ajudaram a fortalecer a minha moçambicanidade e aprendi muito nestes países em termos de justiça social. Com certeza que não aplico, mas sonho com justiça social em Moçambique. Indo aos pontos:
1. São cerca de 700 moçambicanos com cartão consular, mas apenas 1/3 recensearam como eleitores. Antes de qualquer resposta se eu estivesse em Portugal procuraria saber mais das razões. Mais do que negarem a moçambicanidade (pode ser uma das razões) podem haver outras razões. Os resultados do recenseamento eleitoral em Moçambique por província também nos chamam a uma análise profunda. Porém, a participação eleitoral dos emigrantes na Europa e nos EUA é conhecida como muito baixa. Note-se que o recenseamento eleitoral na Europa, pelo menos nos países nórdicos é automático, o eleitor recebendo a folha (cartão) do eleitor em casa pelos correios. Podemos questionar se pode ser diferente se as eleições são dos países de origem. E se fosse para benesses iriam? É uma pergunta difícil pois precisaria de uma prova. Através do Moçambique para todos eu soube que no dia 27 de Julho celebrou-se a independência nacional em Lisboa. Atendendo que foram comeretes e beberetes, qual foi o nível de participação? Mas também há uma outra questão que acho fundamental quando se trata de eleições – a acção dos partidos políticos moçambicanos para com a diáspora. Por outro lado, o deputado pelo círculo da Europa neste mandato terá valido a pena? Aqui não falo de recrutar membros para o partido x ou y, mas que duma ou doutra o moçambicano na diáspora esteja em contacto com o seu país.
2. Levaste 2 meses para descobrir os teus patrícios em Portugal. Mesmo assim foi com relutância que aceitaram assumir a sua nacionalidade. Acredito muito bem no que dizes e fazes-me perceber que aquela recepção calorosa que tive dos 4 moçambicanos em Lisboa, era porque eles sabiam que eu estava de passagem, era um turista. Porém, essa pode não ser apenas uma característica dos moçambicanos em Portugal e sobretudo não para se fazerem de brancos. Podem ter assimilado a cultura portuguesa, mas isso não tem nada a ver com a cor da pele. O facto de haver relutância de assumir a nacionalidade e dificuldades de contactos pode ter outras explicações. Sabes, que quando o Daviz Simango viajou pela Europa teve dificuldades de contactos com o pessoal de algumas embaixadas de Moçambique? Uma das embaixadas que teve relutância é a de Portugal e a mais amistosa foi a de Bruxelas. Houve as piores. O quê isso significa para a moçambicanidade? Lembro-me dos fantasmas que víamos em todo o lado na Dinamarca, sobretudo nos primeiros meses. Mas um amigo e colega agora falecido (paz à sua alma) viveu todo o tempo com o fantasma. Muitos moçambicanos no exterior vivem com o fantasma que os impedem aproximação uns com os outros. Aqui concordo 100 % com a Zeinada. Para muitos a situação em Moçambique é igualzinha a dos anos 80. Mas antes de condená-los compreendo-os a partir de uma outra experiência. Vivi durante dois anos numa zona de guerra, nos anos 80. Apesar do estresse sentia-me bem lá, mesmo depois de um ataque conseguia reagrupar os alunos e professores e continuarmos as actividades normalmente. Mas se eu fosse para a Cidade de Nampula, o meu centro era um inferno total e o regresso era muito complicado. Talvez os psicólogos expliquem melhor.
Um abraço
3. Moçambicanos na diáspora é um assunto que algumas vezes tentámos debater aqui e noutros fóruns. Posso concordar que eles fazem pouco, mas parece generalizar-se muito e pedir-se mais a cada moçambicano na diáspora que é contribuinte da metade ou mais do OGE Moçambicano. Os moçambicanos no exterior podem de forma directa ou indirecta, com iniciativa própria ou não, estarem a contribuir “muito pouco”, mas contribuem e como podem. Mas eles não exploram o seu povo, nem usam dinheiro para festanças de inaugurações disto e daquilo. Muitos desses moçambicanos nem querem ser fotografados para fazerem publicidades do que fazem. Vou dar um exemplo: um compatriota nosso e arquitecto, vivendo num dos países europeus mobilizou apoios até construir uma escola a partir do zero. Tenho as fotos da escola retratando o historial. O compatriota na diáspora fez muito pessoalmente, incluindo parte do seu salário e assim reduzira os custos pelo que a realização do projecto mais ou menos custou 80 000 euros. Os pais do nosso compatriota vivem numa cabana, ele não comprou carros ou construiu mansões como alguns governantes têm vindo aqui a exibir. Um compatriota burro como me chamaram algumas vezes. Mas o mais feio, até que o compatriota vive com muito desgosto, foi o dinheiro que o governo/ministério de educação disponibilizou para inauguração da escola com pompa e circunstância quando ele ainda tinha que batalhar e usar o seu salário para o acabamento de um dos edifícios. Não estou aqui dizer que todos os moçambicanos na diáspora fazem o mesmo que aquele arquitecto ou qualquer um.
4. O tratamento desigual (discriminação) com base na cor de pele, é exactamente o que questionei se é que os moçambicanos negros em Moçambique não querem ser brancos e indianos para se tornarem VIP, terem bolsas com facilidade, serem servidos primeiro nos restaurantes, terem o melhor emprego, dispensarem o SMO, cursos de professores primários ou enfermeiros, jardineiros, etc? Aqui estamos na discussão sobre o tema acima. Tem ou não algum significado em serEntretanto, recuso-me que seja o branco, amarelo ou mistiço o único responsável disto. Antes pelo contrário parece que muitos negros pensam ainda que os outros de outras cores de pele são extraordinários. Uma vez, fui com dois amigos holandeses para uma discoteca (até eu podia escrever o nome do proprietário) em Nacala-Porto, mas enquanto eles entraram sem pagar fui exigido para pagar. Ali foi a cor da pele determinou quem devia pagar ou não para a entrada. Outros (na realidade poucos), para não manifestarem o seu real complexo, fazem-se passar por ódio ao branco, amarelo, etc, e clamam por uma política de discrimanação contrária. Para mim, a solução passa por uma política igualitária.
P.S: quando eu disse anitos, foi para dizer que o facto de viveres em Portugal por alguns anos, nada te tira a moçambicanidade antes pelo contrário isso pode fortalecê-la. Estou enganado?
Desculpe-me, o texto foi muito longo, mas foi para evitar que fosse interpretado como um ataque, se isso me ajudou.
Um abraço
Reflectindo,
1. Plenamente de acordo, apenas esclarecido no último comentário seu. Mais do que tem feito os moçambicanos na diáspora melhor ainda teria sido feito se a sua ajuda, moral ou materialmente, fosse proporcional aquilo que fazem no estrangeiro. Zenaida levanta aqui uma questão muito importante, por exemplo, Eusébio, Chalana (eterno treinador adjunto do Benfica), Queirós, etc com conhecimentos que tem sobre a sua área do desporto, creio que se esta ajuda estivesse a ser prestada como devia ser, os Mambas teriam tido outra sorte.
2. Muito poucos fazemos nós, reconheço, na diáspora, pelo país. Isto garanto-lhe. Sabe quantos médicos formados com bolsa do Estado moçambicano estão a trabalhar em hospitais portugueses? Muitos. Em Coimbra, em Évora, em Braga, em Faro poderá vê-los, e até há um caso de um dos familiar de um dos elementos de proa do Governo, que depois de terminar o curso de medicina com a bolsa do Governo não quis voltar, quer saber o nome? Digo-lhe em off!!!
3. O que está em causa, é o facto deste pequeno detalhe estar a tornar-se um vício, e preocupante. Samora bem tinha dito que moçambicanos nos últimos tempos trocariam a sua nacionalidade por dinheiro. COSTUMA-SE DIZER QUE QUEM NÃO TEM DINHEIRO, NÃO TEM VÍCIOS. Meia palavra, para um bom entendedor.
Meu amigo, PAZ e abraços.
Amigo Viriato
Estamos a tornar muito útil a nossa discussão. Pena é muitos só querem ler uma discussão Viriato/Reflectindo.´
Quero continuar a colocar as minhas reflexões, pelo que amanhã posto mais um texto.
Mas antes, consideremos que debater sobre Mocambique é uma das formas de contribuir para o país. Viriato, meu amigo, apesar de tanta ocupação com os estudos, no teu intervalo corres logo para a net. Sabes, o que fazem os possíveis críticos do Viriato (Viriato está a curtir Portugal)? Eles estão nas barracas a perseguirem cervejas e o resto. Não falo aqui de gente que não sabe ler nem escrever, mas talvez a maioria dos nossos bacharelados ou licenciados e quem lá sabe mestrados e doutorados em Mocambique. Claro, esse tipo de moçambicanos pode estar também no exterior.
Quanto ao discurso de Samora Machel, prefiro ser muito atencioso. O primeiro falhado em relação à capitalização dos quadros moçambicanos (recurso humano) foi Samora Machel em conluio com Mário Soares, logo em Lusaka. A verdade tem que ser dita. Em Lusaka tratou-se de tudo mesmo a questão do capital humano. Aliás este problema já vinha desde a luta armada, já que a ala Machel/Marcelino dos Santos não quis escutar a Mateus Pinho Gwengere – o futurista. Gwengere falava da questão da administração/governação de um Moçambique independente e a ele chamou-se elitista, reaccionário e eis a razão pela qual ele morreu.
No post relativo ao questionamento de Adelino Timóteo, escrevi sobre uma maioria de negros intelectuais que foram executados, Miguel Murupa, Ribeiro Casal, são alguns exemplos. E os não negros foram poupados mesmo que não concordassem com a ideologia estalinista? A resposta é não, apenas eles tiveram que sair de Moçambique para transportarem para toda a vida a rotução saudosistas sem eu negar que existem os que são realmente saudosistas. Também me lembro, embora sem referência, de qualquer coisa que Samora Machel fez entre 1976/77 e que tenha originado um êxoto de muitos moçambicanos que possuiam passaporte ou cartão de identidade português. A demais, embora eu me lembre vagamente desse episódio, Machel fez um discurso de zombaria à vida daqueles concidadãos. Dizia ele, os portugueses foram para Portugal e dormem nos caixotes.
Continuo depois.....
“O que eu sei e vejo é que Eusébio só não é completamente português porque as suas origens não o deixam mentir...”
“Parabéns Zenaida
Grande intervenção a sua.”
“Pois é, amigo Reflectindo, sabia que Eusébio S. Ferreira, a discípula da Amália Rodrigues, a Marisa, José Rodrigues dos Santos, Carlos Queiroz, General Otelo de Carvalho, mister Chalana, do Benfica, Eng.º Azambuja, entre outros, incluindo o melhor cirurgião de Portugal, são moçambicanos? Ou pelos menos nasceram em Moçambique.
O que é que eles fazem pela pátria? Muito pouco.”
Estou em pouco baralhado.
O meu raciocínio parece um fio de pesca ensarilhado num dia de muito vento (sou pescador amador, e no caso, corto o fio e deito fora).
Então posso rematar da seguinte maneira, concluir:
Marisa, José Rodrigues dos Santos, Carlos Queiroz, …, mister Chalana, do Benfica, Eng.º Azambuja, entre outros, incluindo o melhor cirurgião de Portugal, só não são completamente moçambicanos porque as suas origens não os deixam mentir.
Que nem eu que nasci em Moçambique, e vivi 31 anos consecutivos sem nunca me ter ausentado para quaisquer lados, incluindo a “metrópole”, mas as minhas origens pioraram a situação!!!
As origens continuam a ser um problema em Moçambique.
Fazer o quê?
Notas:
Não poderei comentar tão breve, porque vou de férias para África (Reflectindo);
O Otelo, podem ficar com ele, inteiro;
TODOS os outros fazem-nos muita falta.
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