01 agosto 2009

As tangerinas de sempre


Tal como o maior sociólogo francês do dia-a-dia é, para mim, o romancista Émile Zola, o maior sociólogo moçambicano do dia-a-dia é o poeta José Craveirinha, com a sua poesia quente, viril, bela, forte de suco gástrico, cheia da nossa vida, da nossa história, dos nossos sonhos e das nossas tristezas, evacuada do fantástico encobridor, das cortinas fingidoras, das palavras melífluas, dos gestos enfáticos e mandarinescos, das colunas dobradas em permanência. As tangerinas de Inhambane têm o selo da revolução. Mas quanto delas, quanto do poema, não se mantém hoje ainda actual? Vá, vamos saborear as tangerinas de sempre:
Serão palmas induvidosas todas as palmas que palmeiam os discursos dos chefes?
Não são aleivosos certos panegíricos excessivos de vivas?
Auscultemos os gritos vociferados nos comícios,
E nas bichas são ou não são bizarros os sigilosos sussurros?
Em suas epopeias de humildade deixam intactos os sonhadores.
Sabotagem é despromover um verdadeiro poeta em funcionário.
Não bastam nos gabinetes os incompetentes?
Ainda mais alcatifas e ares condicionados?
Aos dirigentes máximos poupemos os ardilosos organigramas.
Como são hábeis os relatórios das empresas estatizadas
Prosperamente deficitários ou por causa das secas
ou porque veio no jornal que choveu a mais
ou por causa do sol ou porque falta no tractor um parafuso
ou talvez porque a polícia de trânsito não multou Vasco da Gama

2 comentários:

Anónimo disse...

COCORICOOOO!!!!

VAMOS TODOS VOTAR!

MOCAMBIQUE PARA TODOS!


COCORICOOOO!!!!

VAMOS TODOS VOTAR!

MOCAMBIQUE PARA TODOS!


COCORICOOOO!!!!

VAMOS TODOS VOTAR!

MOCAMBIQUE PARA TODOS!


MZ

Viriato Dias disse...

Tangerinas de Inhambane, laranjas de Manica, maçanicas de Tete, castanhas de Nampula e muito mais, mas no país ainda há gente a morrer de fome. Não consigo perceber isto. Dói-me o coração, meu Santo Deus. E ainda chama aquilo de Ministério de Agricultura!!!

Um abraço