20 agosto 2009

Mucombeze: agressão grosseira ao meio ambiente

Eis uma carta que recebi de António Ferreira Augusto Serra, de Chimoio, inicialmente endereçada ao meu ning Bricolando o social e a análise:
"Agressão grosseira ao meio ambiente
Contra a vontade do comité de gestão dos recursos naturais local e parte significativa da comunidade, a TCO obteve autorização para explorar pedra em duas montanhas na comunidade de Mucombeze, localidade de Matenga, distrito de Nhamatanda.
Os factos:
1. Uma das duas montanhas é sagrada e é onde a comunidade celebra as suas cerimónias de pedido de chuva, melhores colheitas e outras. Este facto não foi tomado em conta pelas autoridades competentes num acto de desrespeito pelas crenças e cultura local;
2. A comunidade de Mucombeze tem um programa de gestão comunitária do recursos naturais que iniciou em 2001. O próprio governo gastou somas avultadas de dinheiro na organização e legalização do comité local, na obtenção, pela comunidade, do DUAT e em varias secções de treinamento da comunidade e do comité. Em 2007 a comunidade estabeleceu dois viveiros de produção de plântulas de espécies nativas e fruteiras e iniciou um programa de reflorestamento. Até àa ultima campanha 2008/2009 plantaram mais de 100.000 plantas e para a presente campanha cada um dos viveiros vai produzir cerca de 74.000 plântulas. Um dos viveiros está localizado na base de uma das montanhas onde se situa uma lagoa de água permanente. Para além de servir para regar as plântulas esta lagoa é uma das poucas fontes de água durante a época seca. O que está a acontecer é que as máquinas da TCO estão a soterrar a lagoa, o que vai obrigar ao encerramento do viveiro que já tem mais de 10.000 plantas, comprometendo desta forma todo o programa de reflorestamento;
3. As montanhas são dos poucos trechos de floresta de miombo ainda remanescente naquela comunidade. Entretanto, a TCO está a derrubar árvores frondosas nas encostas das montanhas e provavelmente irão queimar. Enormes e seculares sterculias estão a ser criminalmente abatidas sem nenhum critério técnico nem piedade;
4. De acordo com a lei de florestas a derruba de árvores para quaisquer fins deve ser feita mediante uma licença a ser passada pelos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia. Mas pelo que sei, a TCO não a tem;
5. Para além do desrespeito pelos costumes locais, o que está a acontecer é uma autêntica agressão ao ambiente, o que comprometerá a sobrevivência da comunidade de Mucombeze e seus recursos.
Uma intervenção urgente precisa-se, por isso me socorri desta página.
Nota: Vou fazer tudo o que puder no sentido de obter imagens do que está a acontecer.
Bom trabalho
A. Serra"
Adenda: há jornalistas que lêem este diário. Apesar disso, tentarei entrar em contacto com alguns deles.

3 comentários:

AGRY disse...

Tenho um selo para o Diário lá no Navegador solidário http://agrywhite.blogspot.com/2009/08/premio-comprometido-y-mas.html
Abraço

micas disse...

É urgente que se pare de imediato este atentado, como urgentes são as explicações para o que está a acontecer em Mucombeze.

Mais ainda é urgente que se reparem estes danos. Danos ao património natural e às comunidades locais.

Será que mais uma vez a culpa morre solteira? Mais uma vez os os olhos e os ouvidos vão estar cerrados? Sim, que a boca não se cala.Bem haja A.Serra por ter posto a "boca no trombone"!

Carlos Serra disse...

Obriagdo, Agry!