28 fevereiro 2009

E se Deviz se obama? (2)


Vamos lá, mais um pouco desta série.
O que representa e continua a representar Barack Obama dentro e fora dos Estados Unidos? Uma apologia de crença, de sonho, uma esperança de melhoria de vida, uma aposta diferente dos discursos clássicos de republicanos e democratas, uma espécie de milenarismo moderado para milhões de pessoas assustadas com a perda dos empregos, com o consumismo, com o endividamento, com o individualismo, com as guerras.
Simples, frugal, exprime o exercício da honestidade, defende a austeridade.
É capaz de reconhecer erros, como que coloca o humano na crista do político hábil.
Não é o Obama negro para uns, misto para outros - verruga de tantos discursos racializantes -, que está aqui em causa.
É o Obama de mudança, da novidade, da recauchutagem dos sonhos, do popular, da retemperação da vida e das relações sociais, vírgula entre a recusa do socialismo autoritário e a evicção do capitalismo predador, protótipo de um novo tipo de dirigente político.
Até que ponto Deviz Simango (na imagem, em campanha política o ano passado) pode, a partir das terras do Chiveve, obamar a vida em Moçambique?
Adenda às 21:25: acabo de saber que se deve realizar nos dias 6 e 7 do próximo mês, cidade da Beira, a conferência constitutiva do Movimento Democrático de Moçambique.

14 comentários:

Anónimo disse...

Tanta popularidade estraga.

Carlos Serra disse...

Pode argumentar?

umBhalane disse...

Barak Obama.

Obama.

Nome.

É um homem com um estilo muito diferente do seu antecessor, o mau cowboy, Mr. Bush.

Ainda bem, e para melhor.

Mas devemos dar tempo ao Mr. Obama. O homem ainda nem 100 dias fez, os tais 100 dias da praxe.

Espero, e muito mesmo, que seja um grande presidente, e que alavanque os USA, que voltem a ser uma grande, mesmo maior do que antes, superpotência a vários níveis.

Moral, liderança, económica, enfim dinamizador das economias mundiais, dos direitos humanos, do exemplo, etc, etc,...

É que os USA são os líderes da decadente civilização ocidental, e se tiverem sucesso, todo o decadente ocidente lucrará com isso.

Egoísticamente, espero o melhor, mesmo, de Obama.

Mas também lhe vou dar o tempo que ele precisa.

Porque é no fim das vindimas que se lavam os cestos, e se balanceia a quantidade de vinho produzido.

Mas os indícios, e os inícios, são bons.

Nelson disse...

Deve se ter sempre em conta que Obama entrou num tempo dificil. Qualquer avaliacao que se fizer ao seu desempenho deve ser ter em conta a situacao financeira critica que o mundo enfrenta. Claro que isso nao o inocentara de nenhuma besteira que eventualmente cometesse.

Anónimo disse...

compatriotas o nepotismo e grave no aparelho do nosso estado,para alguem estar numa posicao de direccao deve ser irma ou irmao de um boss da Freli,familiar ou coisa parecida.Em Pemba,no municipio, temos uma vereadora para area de turismo,acabadinha de sair da UCM, sem nenhuma experiencia relevante,mas pq e esposa do CAMARADA deputado Sr.Feliciano Mata foi la colocada,como se diz CAbrito come aonde esta amarrado.E nos outros desgracados temos que ser familiares de quem,amantes de que,irmaos de quem,lambe botas de quem???O mesmo se verifica nos correios de Mocambique/Pemba parece mas uma empresa familiar????????????Porcaria de vida que somos obrigados a levar, calados.

Anónimo disse...

EH..Prof. pra semana vamos assistir ao principio de tudo. Nao pergunte tudo o que, porque tudo eh tudo! Depois do congresso teremos a mega-conferencia de imprensa para publicar o manifesto que versa sobre varias areas que a Frelimo ignorou ou mal soube enderecar nos ultimos anos. Fique atento ao discurso do Daviz durante o Congresso, nao diria que sera o mesmo que o do Obama, mas garanto-lhe que sera uma bomba.

O que falta nesse tudo que vai iniciar proxima semana...eh ter a confirmacao de que todos os outros quE querem MOCAMBIQUE deixarao a cobardia de lado e saberao aderir ao chamamento da mudanca.

Mas prof. chamo tambem atencao para o que ira acontecer nos proximos meses. O Daviz sera vitma de muitas cabalas, insultos, e quica se lhe inventarao processos crimes..etc..fique atento!

YESweCAN

Anónimo disse...

Não basta OBAMAR nas ideias. São necessários recursos para atacar os problemas estruturais.

OBAMA facilmente conseguiu dos orgãos competentes do Estado os Milhões de Milhões de dólares para atacar os sectores críticos da economia, o esforço de guerra no Afeganistão, o défice orçamental, etc.

AM.

Professor, convido-o a dar uma olhadela à pág.12 do Domingo para ver os trajes para trabalho de campo que nos são sugeridos pelos nossos Governantes (calçado, mochilas, vestuário)

Reflectindo disse...

Sim, na próxima semana vamos arrancar!

Ntsolo disse...

Compreendo Obamar Mocambque no sentido de Daviz Simango conseguir representar o simbolo de Mudanca, assim como Obama o representa nao so nos EUA, assim como numa boa parte dos quantro cantos do planeta.

Com base nessa minha percepcao de Obamar, comentaria que:

1. Nao ha duvidas que ja ha muito que em Mocambique os cidadaos partilham essa vontade de mudanca. Isso e sentido desde as conversas do corredor, ate aos gabinetes, escritorios e mesmo nos discursos politicos dos dirigentes no poder. So para recordar que a campanha politica do actual presidente do pais (Armando Guebuza), foi dominada por uma linguagem de mudanca: fim do deixa andar, cabritismo, etc.

2. Portanto, Obamar Mocambique tambem pode significar Daviz Simango, nao so ganhar as eleicoes nas urnas, mas como tambem chegar a governar sem que haja um conflito (armado ou nao) e sem que aconteca o que aconteceu no vizinho Zimbabwe. Quanto a esse obamismo, eu tenho receios e o meu receio tende a nao resistir a ideia de que nao havera obamismo em Mocambique. Pode ser uma visao pessimista. Para mim nao basta somente querer a mudanca, mas e preciso votar para essa mudanca e muito mais do que isso, e preciso ser vigilante desta mudanca. Mesmo quando a Renamo era bem acreditava como uma alternativa a governacao, ela nunca ganhou as eleicoes (nao me perguntem porque).

Duvido que a Frelimo nao seria maquiavelica para se manter no poder. Se o poder politico em Mocambique e um caminho ou um meio para acumular poder economico, se o neopatrimonialismo, nepotismo, clientelismo, etc. caracteriza a governacao em Mocambique. Se esfera entre o publico e o privado se confundem, se o estado e o partido se confundem, duvido que os mentores destas desordens politicas, abandonem-a facilmente.

Outro aspecto, e a tendencia de culpar a oposicao pelo estado da democracia mocambicana. 1 das razoes que levou ao sucesso do obamismo (consideremo-lo como um fenomeno politico independente dos EUA) aconteceu nos EUA e porque a cidadania e forte. E suficientemente forte que desencoraja qualquer tipo de tentativa de fraude. Os eleitores denunciam e nao aceitam subornos a favor dum ou doutro partido. Ou se aceitam a sua pratica nao e suficiente para mudar os resultados dos votos expressos. A pergunta e: a cidadania mocambicana e autant forte comme aux Etats-Unis? Je doute!!!!

Bom caro ex-Professor (fui seu estudante na disciplina de metodologias de pesquisa no 3 ano do curso de historia e hoje sou seu colega no departamento de historia da UEM) esses sao os meus comentarios sobre a possibilidade de Daviz Simango obamar Mocambique.

Anónimo disse...

Caro Reflectindo,

Como melhor do que eu sabes, o sucesso de qualquer projecto – político, económico ou social – passa por, previamente, se assegurarem os RECURSOS, humanos e financeiros que suportem as diferentes fases, incluindo eventuais imponderáveis.

Na fase de campanha, OBAMA recorreu, com enorme sucesso, ao financiamento popular, via pequenas contribuições através da Internet. Aqui não existe a mesma possibilidade; as realidades são bem diferentes.

Menosprezar esta componente é como partir lesionado para uma Maratona: o partido FRELIMO tem os meios do Estado, os seus próprios meios e os dos agentes económicos com ele comprometido.

Parece haver um "núcleo duro" de gente bem esclarecida à volta do Projecto Deviz: certamente, reflectiram sobre tudo isto. Sucessos!

AM

Reflectindo disse...

Caro AM

Obrigado pelas dicas. Pessoalmente, tenho sugerido que qualquer contribuicão (em mandioca, feijão, palavras) é válida e é preciso valorizar se queremos ir mais para frente, sobretudo para que não usa cofres do Estado para auto-promocão. É também importante para mim que claramente digamos a todos compatriotas que só eles são os principais actores da democracia.

Caro Tsolo

Gostei muito das tuas dicas. Tenho que ingerí-las, mas também digo que é mesmo importante que toda a gente entenda isso. Um dos problemas que temos em Mocambique, é de que discutimos tão bem sobre os nossos problemas, mas chegado ao dia de eleicões preferimos mais as barracas que as urnas. Desculpem-me se isto não for a realidade. Mas é difícil entender que em Maputo, por exemplo, se registe mais abstencão que nas zonas rurais.

Portanto, concordo que mundancas só serão possíveis se nós mesmos formos actores e não simples observadores. A cidadania participativa precisa-se.

Quem quiser lancar mais dicas para o projecto é bem vindo e querendo pode me alertar por: askwaria@gmail.com

Joaqum Macanguisse disse...

Quanto ao que o Reivly disse ,eu acho que a popularidade nunca estragou ,o que nos estraga é a forma como retribuimos a populatridade .Com humildade nada se estraga,e espero que o Deviz seja assim.

o que o Deviz deve evitar é ter pessoas que vão a procurar de beneficios pessoas no partido ,que se entregam com a mente de ser deputado , pessoas que ja giraram entre 10 a 20 partidos , pessoas que ambicionam posicoes previlegiadas.

Nelson disse...

"o que o Deviz deve evitar é ter pessoas que vão a procurar de beneficios pessoas no partido ,que se entregam com a mente de ser deputado , pessoas que ja giraram entre 10 a 20 partidos , pessoas que ambicionam posicoes previlegiadas"

Esse 'e igualmente o meu medo. pior ainda que tenho certeza que entre os bem intencionados existirao os ambiciosos.

Reflectindo disse...

Reivly, popularidade não é problema antes pelo contrário é o maior meio para um partido se torne uma das principais forcas políticas mocambicanas. O Kimmanel esclarece bem em parte, mas é uma matéria muito extensa. Há coisas a evitar, mas essa não se chama muita popularidade.

Kimmanel e Nelson, os vossos receios têm razão de ser porque a nossa sociedade está cheia de oportunistas. Basta vendo que quadros como professores e outros funcionários públicos a quem deviam-se confiar a administracão do processo eleitoral preferem sujar o seu cabelo para invalidarem votos de quem mais acreditam na democracia. E depois é natural que o partido vai ter pessoas com diferentes pontos de vista e diferentes interesses, metas e prazos. Mas eu quero acreditar que a experiência que já todos nós temos, incluindo dos nossos próprios erros, poderá ser a melhor lanterna. Talvez acreditando nisto evitamos ao que Robert K. Merton chamou de "self-fulfilling prophecy".