Então, o que se passou no Zimbabwe (processo amplamente descrito e analisado neste diário) mostra claramente que um golpe de Estado pode ser produzido pela elite que controla o Estado, pode perfeitamente ser produzido de dentro para fora quando está em causa a reprodução dessa elite.
Confrontada com a perda de legimitidade (sempre é o povo quem a confere) demonstrada pelos resultados das parlamentares e da primeira volta da eleição presidencial de 29 de Março - umas e outra favoráveis à oposição - , a elite castrense da ZANU-PF transformou a segunda volta da eleição presidencial de 27 de Junho numa dupla operação: militar no terreno e fraudulenta nas urnas. A violência, a intimidação e a fraude foram a base da vitória rápida de Robert Mugabe (recorde aqui e aqui).
Em sua ilegitimidade e em sua ilegalidade, o golpe de Estado interno tem apenas uma vocação: a de reassegurar o controlo do Estado por parte de um elite que perdeu a legitimidade popular, que perdeu a hegemonia directiva, que assenta unicamente na "virtude reguladora das armas", como diria Gramsci, que assenta unicamente na arbitrariedade.
O que se passou no Zimbabwe não é caso isolado, mas é exemplar em sua nudez.
O que se passou no Zimbabwe não é caso isolado, mas é exemplar em sua nudez.
(continua)
1 comentário:
Mugabe só pode ter um nome - ditador sanguinário. Já deveria ter sido julgado, mas penso ke pouco tempo lhe faltará para sê-lo.
Os zimbabweanos não podem agunetar mais o ke esse ditador lhes está a fazer. É uma vergonha a cumplicidade da maioria dos paíeses da SADC, Moçambique inlcuido. Protegem-se uns aos outros.
Enviar um comentário