18 novembro 2008

Eleições em Moçambique: 15 perguntas de 5 estudantes brasileiros de jornalismo (5)


Estudantes: de acordo com o seu ponto de vista que tipo de candidato e suas propostas atenderiam de forma mais eficaz as necessidades do povo de Moçambique?
Carlos Serra: tenho para mim que é essa é uma pergunta ao mesmo tempo universal (pode e deve ser feita também no Brasil, por exemplo) e local. Localmente, a resposta depende muito da perspectiva em que nos situarmos: cidade, campo, cada cidade, cada campo, sectores urbanos e rurais, etc. Precisaria pesquisar isso.
Estudantes: Brasil e Moçambique têm em comum a colonização portuguesa e a língua mãe. Em que mais se assemelham essas duas nações?
Carlos Serra: em muitas e variadas coisas, quase são um jogo mútuo de espelhos. No ser, no dar, no portuguesar, na civilização calórica, no ser-e-abrir-se da rua, na comunicação viva e instintiva que eu senti em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Pelotas, por exemplo. Nada do que se pareça com aquela frieza, aquela incomunicabilidade, aquele culto do individualismo que encontro em Paris, por exemplo, nada daquela civilização da ordem e do recato que sinto em Oslo.
Estudantes: sabendo da recente independência de Moçambique e do domínio quase que total da Frelimo enquanto partido político, é possível destacar motivos para esta dominação, em razão da posição política do partido?
Carlos Serra: a Frelimo é um partido bem organizado desde que se formou, enquanto frente de libertação, em 1962. O controlo total que opera no Estado dá-lhe a possibilidade de uma gestão quase panóptica da vida do país.
(continua)

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