24 março 2010

Produzir

Da crónica de Edwin Hounnou, com o título "Moçambique é improdutivo", inserta no semanário "Magazine Independente" datado de 24/09/2009, p. 7: "Um povo que não produz alimentos para si, não tem que se orgulhar. O orgulho de qualquer povo reside no estômago. Um povo faminto não pode ser soberano. Um governo que não serve bem o povo, de nada vale. Deveríamos saber tão bem produzir alimentos e outros bens assim como sabemos dançar marrabenta, xingombela, marimba, xikwinimbira, makwaia, makwaela, nhau e mapiko". Confira a totalidade do trabalho aqui.

43 comentários:

Viriato Dias disse...

Se esta verdade fosse dita por um indomável, hum, nem sei quantos tiros teria esse indomável recebido.

Hounnou, homem destemido e de fortes convições (dito isto pelo saudoso Dr. David Aloni, em sua casa)escreveu aquilo que ninguém pode negar. De facto estamos na berlinda, ao reboque da África do Sul e dos doadores. Estamos mais "lixados" do que antes, embora em certos aspectos hajam avanços, muito poucos.

Eu para ser não apelidado de catavento político, findo por aqui o meu comentário.

Abdul Karim disse...

Nao sei se donos do "Orgulho Mocambicano" gostaram do que o Edwin Hounnou disse.

umBhalane disse...

Huuuuuuuummmmmmmmmmmmmmm!

Edwin Hounnou só pode ser agente do inimigo, da CIA, Pide/Dgs, do colonialismo, capitalismo, imperialismo,...shiiiiii, como cansa!!!

Ah, esqueci, dos leões indomáveis, e também do racismo (este um bom tempero, a nunca esquecer).

Abaixa, abaixa, abaixa.

V. Dias disse...

Convido ao seu irónico a ser mais objectivo nas suas alocuções e deixar, duma vez por todas, a ironia - se é que me quer e pode ouvir - porque lhe fica mal. Saí-lhe sempre à "chigumbaza" numa dança de siló. Será possível?

Procura situar-se no campo das realidades das questões que se levantam, que se colocam, que, enfim, são aqui postas pelo actor deste Diário, dando palpites, construindo teses ou argumentos e contra-argumentos, enfim, que se situe no campo de debate mas NADA de ironias. Uma má publicidade é aquela que apenas agrada a quem a criou / construiu e não ao grupo alvo que pretende atingir.

O Sr. Edwin Hounnou ficaria feliz, muito feliz, se houvesse debates de ideias em torno da sua tese e não de ironias. Já agora, como acha o senhor acabar com as hecatombes e as fomes no país?

Mas, parece-me que para uns a ironia é mesmo uma arte, depois de perder a batalha, já vão 35 anos, nada mais lhes resta, senão passar à reforma ironizando. Que pena, o comboio está em andamento...

Zicomo

umBhalane disse...

Engano seu.

O combóio desconseguiu, descarrilou faz muito tempo.

Ainda...

"Já agora, como acha o senhor acabar com as hecatombes e as fomes no país?"

Aldeias comunais, comunização das pessoas e bens, primado das ideias/acções colectivas, centralismo "democrático" mais forte, mais firmeza da ditadura dos "libertadores", maior consciencialização revolucionária,...

ricardo disse...

Concordo em 110% com o articulista.

Maior cego e aquele que nao quer ver!

V. Dias disse...

Certa vez alguém disse: a crítica é fácil e a arte é difícil. É muitofácil criticar um bebé que acabou de sair da incubadora há 35 anos do que aqueles que o colocaram na gema 500 anos.

Eu não vou me alongar mais. Se alguma vez amou a pátria que hoje combate de forma diabólica, pode ter a certeza que ela jamais voltará a ser uma província, muito menos os seus serão considerados escravos, sim, escravos seremos sempre da honra da nossa pátria, a pátria de Samora...

Este mesmo Samora que dizia "gato é sempre gato, há-de sempre o rabo estar de fora. Ouviram?" De facto, custou mas apareceu o ódio e não é que tinha mesmo razão aquele homem?

Boa noite

Zicomo

Reflectindo disse...

Caro Viriato,

Fora deste assunto, para acompanhar aquele youtube indicado pelo Ricardo sobre o parlamento sueco, fiz a questão de recordar num comentário no Reflectindo, um texto que em 2007 escrevi sobre a moral sueca.

V. Dias disse...

Caro Reflectindo,

Eu não nego a moral sueca, portuguesa, russa, etc até americana...O problema, creio que me compreenda amigo, não se pode pedir tanto a um país que só tem apenas anos de vida. As medidas do parlamento sueco levaram o seu tempo, anos, séculos, milénios, etc, nós aida estamos na pré-primária. Nem há como seguir o exemplo porque a realidade, o espírito do tempo como lhe chamou o professor Mattoso, é incopátivel com as acções do presente. Até porque, pr incrível que pareça, as coisas boas para uns, lá por onde andei, cria enjoo.

Andei durante meses a sensibilizar as pessoas / dirigentes a aderir as TICs, poupando na comunicação, meu caro amigo Reflectindo, mudar um defeito que para uns era esteira de vida é difícil. Só o tempo pode se encarregar de varrer com à sujeira das ribeirinhas, caso contrário, vai pagar a vista e pares de óculos pregando no deserto. Pode crer.

O parlamento sueco não é Biblia Sagrada nem o único exemplo onde as coisas boas desfilam. E comparar a Suécia com Moçambique é a pior asneira que se pode fazer. As razões são várias que escusso-me de as pronunciar. O tempo, pode ser que falhe, às vezes falha, há-de me dar razão. Não há comparação. A menos que no lugar de 250 deputados substituíssemos por 50. Talvez.

Reflectindo disse...

Caro Viriato

O que estás a dizer não será tratar Mocambique por inferior? Será por conveniência?

Transparência é possível mesmo que não seja rico. Eu tenho exemplos próprios que partem dos anos 80 (1980 e não 2080).

Saudacões

Reflectindo disse...

Caro Viriato

O que estás a dizer não será tratar Mocambique por inferior? Será por conveniência?

Transparência é possível mesmo que não seja rico. Eu tenho exemplos próprios que partem dos anos 80 (1980 e não 2080).

Saudacões

V. Dias disse...

Chamuale,

O pais precisa de 100 anos para pensar nestas coisas. Se nem Portugal, cuja crise arrebentou as costuras, ainda não acertou os passos, como quer o meu amigo exigir que Moçambique dê passos gigantes?

As passagens automáticas, etc já não basta de exemoplo. Medidas são bem-vindas, aliás, elas estão a ser executada como pode. Acelerar o passo, caro amigo, será um suicídio.

O plano é bom, não recuso, mas é preciso dar o tempo ao tempo.

Zicomo

ricardo disse...

Viriato Dias,

Se todos os africanos pensassem como V.Excia, nao haveria Mauricias, nem Seychelles no plano das nossas resolucoes...

E tudo uma questao de vontade em fazer acontecer e humildade em saber reconhecer o que tem de ser feito.

Comecemos por ai, se quisermos (finalmente) ser adultos.

Chega de berreiro choramingao!

V. Dias disse...

Não vejo em quê é que não somos adultos. Eu bem sei que para uns a adolescência termina aos 30, mas neste caso, o Ricardo está totalmente enganado. O país cresceu e está a dar grandes passos. Só não vê quem não quer.

Por amor de santo Dio, Ricardo, você me obriga a me curvar a exemplos exteriores da Suécia ou outros, isto já custou ao país milhões de dolares gastos. Temos vários exemplos, como por exemplo, a passagem automática, agora o Bolonha, as privatizações, etc. E o que deu? Nada. V mesmo disse há dias que as instituições financeiras dos indomáveis destruiram a normalidade nos combustiveis, ou se esqueceu disso, será do queijo também?

Amigo Ricardo, por mais que você importa mil planos, enquanto a sociedade não estiver preparada para o efeito não vai servir para nada. Vai ser o país cemitério desses planos. Você cita dois casos de países com um historial diferente do nosso. Foi infeliz.

O chamuale Ricardo por acaso não acompanha os exemplos de Portugal, Grécia, Rússia, etc; que mesmo no seio dos indomáveis, entre eles, não conseguem sair da toca, mas exige que seja Moambique a mudar. Por acaso as leis no nosso país não são cumpridas? E nos outros? Hum, amigo, temos que ser sinceros de quando puder reconhecer os esforços do Governo e dos moçambicanos.

Zicomo

ricardo disse...

Caro Viriato,

Antes de olhar para o quintal do lado, eu preocupo-me primeiro com a minha casa. E uma questao principio.

Os projectos de desenvolvimento sao donde se esta e nao donde nascem. Ainda que me diga que para os mesmos estarem onde estao, precisam de nascer em algum lugar fora dali.

Por isso, eu jamais irei justificar a falta de gas na minha cozinha por nao ter a sorte de a achar sempre que vou a mercearia, porque o meu vizinho compra sempre duas garrafas de cada vez, mesmo sendo solteiro inveterado, e nao UMA SO como se lhe impunha o estado civil(porque afinal de contas, se comprasse uma so, sempre restaria sempre uma para eu comprar...)!

Isso nao e maturidade. Ja reparou nos paises do extremo oriente? Por acaso preocupam-lhes os indomaveis? Claro, mas na medida exacta para que os indomaveis se preocupem tambem (e muito) com eles...

Pois que nos lhes sigamos o exemplo!

Linette Olofsson disse...

NÃO DE PODE E NEM SE DEVE COMPRAR.
Moçambique e a Suécia ou Países escandinavos.

Quando começamos a descer para o centro e sul da europa, começamos logo de imediato a notar grandes diferenças.
Vamos ter que levar 200 anos para lá chegar.
Impossível não é!
Preciso ter em consideração muitos aspectos ....
não será tão já! pelo caminho que estamos a levar...levará esses anos

Linette Olofsson disse...

Eddy!
Eu diria:
A satifação a felicidade de um povo...reside no estomago.
Ele bem alimentado, é mais feliz, produz mais, recebe as vitaminas necessárias para seu equilíbrio.

ricardo disse...

Linnete nao estou a comparar Mocambique com a Escandinavia, mas podemo-nos inspirar nela. Nao e proibido.

Agora no tange a comparacoes, bastam-me as mais proximas:

http://en.wikipedia.org/wiki/Mauritius

http://en.wikipedia.org/wiki/Seychelles

Ainda assim, tao longe dos nossos sonhos. Porque Linnete?!

O que faz esses paises africanos serem mais escandinavos do que nos, nao tendo diamantes, petroleo ou gas natural?

Bem gostaria de saber...

Reflectindo disse...

Caro Viriato

"Se esta verdade fosse dita por um indomável, hum, nem sei quantos tiros teria esse indomável recebido." (Viriato Dias)

Só isto basta para entendermos o que Viriato discute.

Eu disse-te que sei que é possível ser transparente, basta que haja vontade e não haja pessoas que encobrem a falta de transparência.


Os teus comentários têm contradicões. Quem fala de Mocambique estar na pré-primária é Viriato.

Juro-te que eu como cidadão mocambicano continuarei a ser muito exigente. Se exijo que Mocambique dê passos muito gigantes. Não há negociacões nisto.

Abracos

Reflectindo disse...

Linette,

Como sabes, é comparando que descobrimos o que anda bem ou mal. Não será?

As Nacões Unidas fazem comparacão entre todos os país membros.

Mas eu entendo que queres dizer que quanto à transparência, em Mocambique estamos mal MESMO. E é isso que está nos relatórios.

Temos que combater as mentalidades favoráveis à falta de transparência. Isso comeca em casa, cimenta-se na escola.

Abraco

V. Dias disse...

Prontos, já percebi tudo. Não vale a pena dizer mais. Está tudo dito. Uma coisa, porém, estou certo: cada vez mais admiro Samora Machel. Ele previu tudo isto. Previu que um ambicioso nunca muda.Previu que um ambicioso até pode vender a pátria. E como gato é sempre gato, o rabo tem de ficar sempre de fora. E é o que se vê, desfile de comentários nítidos contra todo um esforço do Governo.

O dia em que os negativistas do NAO elogiarem uma medida do Governo, Deus me tenha, esse dia vai chover pedras. Até já pede a uma criança de 35 anos que dê passos gigantes a países que tem mais de 1OOO anos de indepenência, alguns dos quaisnunca sequer sofreram à opressão. Enfim, estão aqui a fazer teatro, mas estou certo que à consciência dita outra sentença.

Como podem exigir que Moçambique seja igual a Suécia ou a Dinamarca? Como? O tempo formatou tudo! Formatou a colonização, formatou os 500 de escravatura, formatou....ou fazem-se de esquecidos?

Porquê? Tem medo de perder o visto ou emprego? Eu sou diferente. Bato-me pela justiça, pela lealdade das minhas ideias, já aqui disse, não sou correia de nenhum partido, não sou membro de nenhum partido, não sou simpatizante de nenhum partido político, mas, reconheço, apoio o partido que melhor intenções tiver em prol do povo. Se isso for catavento político, então que se crie uma lei para acabar com Viriato Dias.

Moçambique precisa de tempo. Deixem o comboio andar. As coisas boas que vedes no estranheiro há-de chegar ao seu tempo no país e é por isso que se está a trabalhar.

Zicomo

umBhalane disse...

"Se isso for catavento político, então que se crie uma lei para acabar com Viriato Dias."

Ainda que mal pergunte.

Então! E quando mudar a direcção do vento, como vamos ficar a saber?

Precisamos de um catavento, sim senhor, lol.

Obrigado.

Reflectindo disse...

Viriato

Tu és mais novo do que muitos nós aqui e tens que saber que nunca conheceste o tal Samora Machel de quem falas como nós o fizemos. Antes pelo contrário ele nunca foi a favor do teu discurso de desculpas pela roubalheira ou falta de transparência seja em que for.
Em 1979 quando eu comecei a trabalhar eu defendia transparência como fruto do que eu tinha adquirido na minha formação. E foi por esse merito que eu era promovido. ENTENDES? Nessa altura tu eras o quê? Que idade tinhas?
Em 1984 fui nomeado director duma escola secundária e centro internato para ir combater a corrupcão e falta de transparência e combati com sucesso. Há muitos que se recordam de mim por isso. Queres endereco deles para ouvires sobre a minha postura anos antes de eu ter nunca saido de Moçambique?

Viriato, não gosto de ofensas, por favor. Não tenho vistos condicionados a nada. Eu disse que defendo TRANSPARÊNCIA. Espero que seja a tua última vez que me ofendes.

Agora para entenderes bem o pensamento de Samora que nunca conheceste, pois quando ele morreu ainda eras muito criança, fica aqui um exemplo:

"This is Africa" - and so we should put up with the second, third or tenth rate. We should not get above our station and demand that vehicles on Mozambican roads should be just as safe as those in Europe.
The "Domingo" approach is strikingly different from that of the Frelimo leadership. The calls by President Armando Guebuza for "self-esteem" are not compatible with allowing mobile death traps to continue circulating on Mozambican roads.Perhaps "Domingo" thinks the country's founding president, Samora Machel, had his head in the First World. On a visit to Maputo Port in Paul Fauvet1980, Machel asked the then Transport Minister , Jose Luis Cabaco, how good the port services were. Cabaco replied that Maputo was "better than the port of Dar es Salaam".
Machel's acerbic response was "Is it as good as the port of Rotterdam?"
For Samora Machel, the port was either efficient or it was not. It either met professional standards or it did not. There were no "African standards" separate and different from "European standards".
Similarly with road safety - there is no such thing as "African" or "Third World" safety that is different from "First World" safety. A vehicle is either roadworthy or it is not. And when an unsafe vehicle knocks over an African pedestrian, he bleeds and dies just as easily as a European one. Fonte: allafrica .
aqui

Linette Olofsson disse...

Rikardo!
Nao me referia a ti, a um outro participante...
Claro que sim. Devemos inspirar-nos.
Foi meu sonho quando regresseI!
é quase impossível, pois dá-me a sensação de que estamos a falar chines quando tentamos introduzir certos conceitos e certas dinamicas.
Penso que, com o sistema montado em Moçambique, será muito dificil irmos da teoria a prática.
Quer dentro dos partidos, organizações sociais, e dentro do sistema de governação que praticamente é o mesmo desde 1975.
As mudanças que se operaram; muita coisa vem de pressão externa! (por exemplo o (Parpa)
Penso que, os detentores do Poder, políticos, estão mais preocupadas com seu própio estomago, de resolver as suas vidas primeiro a custa dos benfícios do Estado!

Têm medo da transparencia, do pensamento claro e evidente, da frontalidade, de enfrentar o chefe...(senão, perco o lugar)...

Lá! lutou-se para bem comum, todas as diferenças estiveram unidas para atingirem o que atingiram; uma sociedade de bem estar.
WELFARE SOCIETY!

Como vais conseguir lutar por este ideal, pensando e agindo como nós agimos e pensamos?
Temos que continuar a lutar do zero,investindo na saúde,educação!
Investe-se mais nos SISE, FORÇAS ARMADAS QUE NA SAÚDE EDUCAÇÃO.

UM POVO TEM QUE TER SAÚDE, ALIMENTAR-SE MINIMAENTE PARA PODER INVESTIR NA EDUCAÇÃO.
QUANTOS ESTAMOS PREPARADOS PARA A SOCIEDADE DO CONHECIMENTO?
ENTRETANTO FALAMOS MUITO SOBRE OS TICS ETC ETC.

UM POVO SEM SAÚDE, NÃO PODE TRAZER RESULTADOS NA EDUCAÇÃO, FICA A PRIOR MINADO NO CONHECIMENTO.
I IGNORANCIA COM O ACRÉSCIMO DA EXCLUSAO SOCIAL, POLÍTICA E ECONÓMICA, TEM SIDO UM RETROCESSO PARA A MAIORIA.
ESTOU A LEVANTAR QUESTÕES BÁSICAS! QUE PARA ULTRAPASSARMOS,LEVARÁ MAIS DE 50 ANOS E CONCERTEZA COM UMA NOVA GERAÇÃO DE POLÍTICOS!
ENTRETANTO,VAMO-NOS INSPIRANDO RIKARDO, VAMOS SONHANDO ACORDADO, POIS UM DIA TORNAR-SE.A UMA REALIDADE!

MUITOS DIRIGENTES,MOSTRAM-SE UM CERTO MEDO AS MUDANÇAS DE ATITUDE, NOVAS DINAMICAS CORRECTAS DE FAZER, AGIR E ESTAR NA POLÍTICA.
TALVEZ!!! QUEM SABE, LHES CONVÉM MANTER O CIDADÃO NO "MUNDO CINZENTO".

É QUE LÁ.... O COMPROMISSO É O CIDADÃO DEPOIS NÓS, OS NOSSOS INTERESSES PESSOAIS.

A ESTE PROPOSITO, QUERO FAZER RECORDAR A RESPOSTA QUE EX ESTADISTA MOÇAMBICANO JOAQUIM CHISSANO DISSE A STV A SAÍDA DA MESA DE VOTAÇÃO.
AO SER QUESTIONADO RESPONDEU:
VOTEI EM NOME DA MINHA FAMÍLIA, MEUS AMIGOS,NOSSOS INTERESSES E...DEPOIS FALOU DO POVO.
A STV TEM ESSA PEÇA.
O QUE ESPERAS MAIS?

LINETTE OLOFSSON

V. Dias disse...

Chamuale Reflectindo,

Não te queimes com água morna, disse Fijamo. Você está a fazer-se de vítima sem nenhuma necessidade. Aqueles que para quem eu direccionei a mensagem, calaram-se ou responderam fora do penico. Mas o chamuale não fez isso, correu para me ameaçar, tentando destruir a charneira que construimos hùa 1 ano qaui neste Diário. Há-de ser da idade, da tensão alta e baixa ou do reumatismo?

Eu sou aspirante a historiador (para não dizer mais) e uma das ferramentas com que um historiador trabalha são as fontes. Eu faço autópsia das fontes. Claro, teria tido mais êxito se conhecesse melhor Samora de perto, mas isso não me impede que eu veja nos seus discursos, nas suas acções e no espírito da época aquilo que marcaram os 11 anos da sua governação.

Por isso, chamuale Reflectindo, sei muito bem dos erros que Samora cometeu, das cambalhotas que deu, etc., mas também fez coisas boas das quais nos orgulhámos hoje. Reflectindo não estaria em condições de deixar o seu emprego e família para lutar contra os indomáveis, isso em 1960, ou estaria? E onde é que está, agora? Bem, tem as suas razões.

Caro chamuale, o problema aqui é simples: se se pretende que as nossas intervenções sejam contra o governo tomando à camisola de NEGACAO como actuação, então, passarei a me abster de intervir contra as suas, mas se a intenção é combater aquilo que vai mal no governo, sem prejuízo de ser catalogado de catavento, estamos juntos. Sim, porque parece-me que há uma grande confusão em confudir as coisas.

Sabe, chamuale, quando não se quer, até o mel torna-se azedo. Muita das intervenções aqui ditas são plausíveis, mas pecam quando deixam-se vencer pelo ódio fidagal. O caso de umbHalane é apenas um exemplo.

Para terminar, chamuale, V. não conheceu Hitler, mas ousa falar dele. A idade em história não é relevante. As fontes é que são as estradas para uma boa investigação. Samora morreu defendendo muitas coisas, entre outras, esteve contra os vendendores da pátria - não é pessoal - aqueles que vivia combatendo suas ideias, os saudosistas. Mais não digo.

Zicomo

Linette Olofsson disse...

Não se ataquem!
Vamos discutir o que de mal a pior vai...na nossa sociedade-
Porque não criticar governantes que cometeram graves erros durante o seu mandato?
A Independencia! todos desejamos.
o que não desejamos foi os excessos cometidos pelos que ainda governam em nome da democracia!
Perdoar não é esquecer!

V. Dias disse...

Não há - neste vale de lágrimas - quem esteja impune de erro. "Que atire a primeira pedra, quem não tem pecado." Ou seja, ir cavar os ensinamentos de Texeira de Pacoaes "esta vida não há plateia, nem camarotes, todos nós agimos, duma ou doutra maneira, para o mal.

Eu sou a favor das críticas quando elas sejam construtivas. Não pode ser campanha neste Diário, nem foi para isso que o proprietário criou, para atacar o Governo. Vamos criticar, mas também haja tempo para louvar. A Linette não se preocupe, o meu chamuale Reflectindo é uma pessoa do bem e acho que vai se conter.

Sou não concordei com os pontos de vista dele.

Zicomo

Reflectindo disse...

Caro Viriato

1. Como deves ter notado, eu não gosto de ofender a outrem e tenho dito que nao gosto usar espaços, blogs, dos outros para nem responder à mesma medida qualquer ofensa que alguém me dirigir. Se eu me sentir obrigado a ir para uma ofensiva, posso fazer no meu blog.

2. Postei aqui uma citação sobre Samora para saberes mais. Samora era pela transparência que não ia à medida africana como tu pensas. Notei que não leste a citacão. Para Samora, o Porto de Maputo tinha que ser comparado ao de Rotterdam na Holanda e não dizer que era melhor que o de Dar-Es-Salam por ser africano. Samora Machel nunca admitia desculpas do teu tipo.

3. O lado bom de Samora Machel não era o discurso que defendes, pois esse era sinónimo de não aceitar quem pensasse o contrário. Essa cultura que tu assumes. O lado bom do Machel era a defesa pelo bem comum, pela transparência rígida, pela luta contra o obscurantismo. É ISSO QUE DEVIAMOS RESGATAR DE SAMORA MACHEL. É AQUI ONDE EU VENERO MACHEL. Como historiador que és, procure saber os abaixos de Samora Machel, por exemplo corrupcão, nepotismo que fazia tremer todo o aparelho (rádio xirico). Machel não parava com ofensivas precisamente porque defendia transparência. Como historiador, estuda lá bem os objectivos de todas as ofensivas.

4. Não aceito que me JULGUES pelo que eu próprio nao sei o que havia de ser ou fazer. Em 1960 foi o ano em que nasci e eu podia fazer o quê? O que faz um bebé? Esta é mais uma ofensa à minha pessoa. Perguntes as pessoas mais próximas de ti e que tinham uma boa idade nessa altura, mas optaram pela vida boa no regime colonial. Em 1973, ainda pequeno, eu já sabia em que lado estava, pelo menos graças aos padres combonianos. Espero que como historiador, alguma vez tenhas estudado a acção.

5. Quando falo de Hitler, não falo do que desejo falar que ele fizesse contra outros, mas dos factos e, sobretudo, do que devemos evitar que aconteça. Infelizmente, pelo que tenho lido, tu Viriato fazes o contrário, parece-me que achas que das acções do Hitler um folclore... e, fiquei ... ao ler que apoiava... Será que...?

6. Por natureza, tenho um hábito que em princípio é mau. Quando a chatice atinge o seu apogeu para mim, desligo os fios. Deixo de reagir comentários de um interlocutor a quem mentalmente considero não existir.

Linette Olofsson disse...

Para mim, Samora foi um ditador!

Defendeu, dirigiu um regime cruel, esquizofrenico e patológico na nossa Repbublica.
Um regime que destruiu a vida de muitos Moçambicanos, exilou, separou muitas familias.
O grande exemplo é da parte da nossa, e da geração a seguir que se teve que refugiar em Portugal.

A este propósito, recordo-me de há uns anos ter visto na RTP Africa em Portugal um reportagem muito interessante acerca dessas famílias e seus filhos que saíram daqui como adolescentes...
Se a memória não me trai, eram passados 25 anos.
Nesses adolecentes, já existia algumas mágoas do regime, e eles citavam exemplos que todos nós conhecemos, de uma forma franca os "amargos" da nossa historia.

Perdemos um grande potencial de Moçambicanos de várias raças, etnias, enfim filhos desta Pátria que muito bem poderiam ter continuado a viver e reconstruir o País.
Interessante é que eles expressavam , um grande afecto pela terra onde nasceram....
Nada tinha a haver com o colonialismo etc etc como se costuma dizer!
Estoua a me referi a Moçambicanos!
Interessante também foi saber como é que essas Munlheres Moçambicanas, jovens Mâes tiveram que enfrentar a força um País europeu, as dificuldades que tiveram que ultrapassar para criar os seus filhos, por-lhes um prato de sopa a mesa, assumirem trabalhos que jamais não o assumiriam na sua propia terra.

A Frelimo, um dia! tem que pedir desculpas pelas muitas atrocidades cometidas durante o regime que instaurou depois da Independencia!
Muitos de nós escapamos! eu fui uma delas! nem por isso sinto ódio ou rancor.Penso que para todos nós o Amor por Moçambique é superior a qualquer regime que possa aparecer!
Moçambique é Moçambique!
Muitas das almas neste País ainda não limpas desses males, estamos a viver e queremos ir em frente! é por isso que, neste espaço e em outros espaços, discutimos os assuntos que dizem respeito a Nação e ao dos nossos concidadãos.
Devemos faze-lo sem ofenças...já somos um povo ofendido e das mais diversas formas...

Eu ainda estou a espera que um Excelentíssmo Historiador escreva um livro sobre os acontecimentos Historicos passados neste País durante o sistema monopartidário.

(Eu já vi uma reportagem feita por uma Televisao independente Russa, sobre acontecimentos trágicos, passados na ex União Sovietica;olhem muita coisa igual se passou aqui; a título de exemplo,como o SNASP levava as pessoas e as fazia desaparecer).
Deixando a guerra de lado.
Essa é outra questão que também nerece atenção!

Gostei de ter ouvido a abordagem do Lima sobre esta questão do Livro que iria ser lançado pela Lucia Vand Berg, dizia ele:
que muitos dos acontecimentos horríveis sucedidos durante a guerra, não se deve culpar apenas a Renamo, foi mais longe, dando exemplos.
Gostei muito quando o Viriato aqui disse algo e registei:
"Uma das ferramentas com que um Historiador trabalha são as fontes!
As fontes são um bom caminho para uma boa investigação".

As fontes estão lá! onde se passaram os factos...
Mas ainda não vi nada escrito.

Nas zonas da Renamo,as chamadas zonas libertadas ou de dupla estruturas adminstrativas, há acontecimentos extraordinários que se passaram durante o tempo da guerra que nunca vi publicado.
Isto para dizer que, não devemos exagerar, rotular, nem sermos ortodoxos, extremistas...
Isto vinha apropósito do Samora Machel.
Concordo contigo relfectindo; ele era um dirigente presente na transparencia,era um dirigente honesto, não concordava com a corrupção, cujos os males são hoje o Pão de cada dia.
Mas pecou em dirigir Moçambique como da Ex União Sovietica se tratasse...

Ps. tendo em consideração a guerra fria e os blocos...

ricardo disse...

Salazar tambem era assim. Ao que consta, quando morreu, deixou como heranca apenas uma pequena casa no Vimieiro...

Onde alias foi sepultado num cemiterio comum e nao num mausoleu.

V. Dias disse...

Reflectindo,

Gostaria de lhe convidar a dizer onde é que pequei! Onde é que se sente afondido?

Estive a fazer uma introspecção dos meus comentários nesta postagem específica, mas devo lhe confessar que não achei um único erro, a menos que V. me indique.

Em momento algum, nesta postagem, lhe apodei do que quer que seja. Mas é V. que vem com o arsenal dos mais bélicos para, entre outras coisas, me ameaçar ou intimidar.

Desligar fios, V. pode fazer quando quiser e entender, ainda bem que não se veste luto quando "perdemos" um amigo! V. tende a vitimizar-se, o que lamento.

Eu tenho outra visão do Samora Machel. Este homem, se o chamuale quer saber, prendeu o meu pai meses a fio, numa masmorra em Tete.

Não é por isso que deixo de o venerar. Um dos maiores problemas nosso é de não analisar a conjuntura do tempo, interna e externamente, o espírito da época, as vicissitudes e as manifestações do dia, enfim, estas medidas de Samora foram e devem ser compreendidas neste âmbito.

A História é assim, não é estática, muito menos é imparcial, nunca foi. Mas não se deve condenar Samora como tendo sido este o único responsável pelas actrocidades da época.

Se assim fosse, levaríamos a Europa ao tribunal para pagar às vidas humanas (haverá algo neste mundo que pague às vidas humanas?)e toda a destruição dos territórios colonias que há 40 anos eram seus quintais! Nenhum povo está impune à colonização, ou seja, todos os povos na prática colonizaram-se uns aos outros.

Mas como já me sentenciou, desligando o fio, supostamente por ter discordado de si, espero que o tempo, sendo este o maior professor e mestre, julgará melhor.

Linette,

Há dias estive com José Mattoso. Queria saber a razão da ausência de encontros, à semelhança de outras áreas, entre os historiadores africanos e europeus, cuja resposta retive na memória: "Estive em Timor-Leste durante cerca de 7 anos. A história portuguesa têm uma nódoa que envergonha os portugueses, esta nódoa faz com que os portugueses não amem o seu país."

Perguntei-lhe que qual é essa nódoa?

Disse-me "a colonização não foi fácil. Em Timor-Leste como em outros cantos onde os portugueses colonizaram, houve horror, tragédia, etc., tudo isto é dor. Dor, meu filho!" E a pergunta que eu faço é esta: será que se esqueceram disso? Será que o tempo apagou a tudo isto em 40 anos?

Tudo isto aconteceu. Está vivo. Se a RTP têm os arquivos das actrocidades cometidas por Samora, há-de haver tantos contra os povos dos PALOPs. Mas tudo isto deve ficar para a história, sem rancores, PORQUE NÃO HÁ PROCESSOS HISTÓRICOS SEM VÍTIMAS.

Zicomo

Anónimo disse...

Concordo na integra com o comentário da Linette e com o do Reflectindo.
Essa parte da historia de Moçambique que ambos retratam ainda é bem viva na minha memoria e alma. Espero ainda que a verdadeira historia de Moçambique seja escrita um dia. Convem que as geracoes mais jovens saibam o que verdadeiramente se passou, e que possam comparar o que lhes é ensinado com a verdade, nua e crua.
Digo isto sem rancores ou odios, mas para aprendermos com os erros cometidos e nao permitirmos que os mesmos se voltem a repetir.
Nao concordo com a forma como o Sr. Viriato Dias ataca o Sr. Reflectindo, afinal estamos aqui para debater ideias, nao para julgarmos alguem, baseando-nos na sua idade ou estado de saude - que desejo ser bom.
Tambem deparo que o mesmo se contradiz no que diz, e existe uma certa incoerencia nos seus comentarios.
Um aspirante a historiador tem de verificar todas as suas fontes, nao so as que lhe convem, isto e, tem de ser 100% imparcial, e prefiro parar por aqui.
Maria Helena

V. Dias disse...

Maria Helena

Respeito a sua balança. Não estou a contradizer-me. Fará um grande favor para mim se me indicar essas contradições.

Sabe, verdade seja dita, os que detestam Samora Machel não é o "povo real". São todos aqueles que no regime colonial tínham uma vida folgada e gorda. São todos aqueles que na sua maioria não se conformou com a realidade, com o espírito do época.

Atacam-no, esquecendo a independência trazida por esse mesmo Samora, uma independência que causou dor, sangue, luto, tragédia. É curioso como os indomáveis reconhecem, contrariamente a outros, tudo fazem para levar à figura de Samora ao julgamento do povo, este recusa-o a fazer.

E Samora bem dia no tempo colonial que "eram os negros sipaios que mais castigavam aos outros negros do que os próprios indomáveis colonialistas."

Meias palavras basta, para um BOM entendendor.

Desafio a todos a pensar nisso. Se Samora fez tanto mal assim, pois é, fê-lo em 10 anos, e quem pega os 500? Respeito todas as fontes, mas não concordo como certas pessoas tentam "matar" já morto a figura de Machel. Eu que fui vítima do seu regime, porém, não é por isso que o tenho contra.

V. Dias disse...

Um pequeno problema técnico no meu computador invertia até então o que escrevia. Por isso, sem subterfúgio, agradeço o esforço adicional na leitura do escrito que antecede a este.

Zicomo

Reflectindo disse...

Caro Viriato,

1. Chamar-me de um vende-pátria é para mim uma ofensa. Trabalhei e trabalho muito e na medida que posso para o meu país e isso incondicionalmente.
Dizer que defendo transparência e moral do tipo da Suécia para proteger o meu visto e trabalho é uma grande ofensa à minha pessoa. a) porque o meu visto é incondicional, não tendo absolutamente nada a ver com os meus pontos de vista. b) porque o meu trabalho não é um favor, mas fruto de um trabalho árduo que durou 10 anos. Viriato, quando eu falo muitas vezes do estudo do malogrado Prof. John Ogbu, é porque provei.

2. Ninguém aqui tem dito que Samora Machel não lutou pela independência, antes pelo contrário, nisso ele é honrado. Mas lutar pela independência não lhe desculpa nos erros cometidos durante a sua governação. Um dos grandes erros de Samora Machel, foi de considerar vende-pátria a todo aquele que pensasse contrariamente a ele ou à linha política da Frelimo na altura. Consequentemente houve prisões, execuções extra-judiciais, expatriações, separação de famílias, entre todos os males que constituiam violação dos direitos humanos. Tristemente, é isso que achas de positivo até exaltas. Eu, sublinho, respeito muito Samora Machel pela visão que tinha em relação à coisa pública, à transparência. Tenho plena certeza que Machel nunca diria que transparência é coisa de países independentes há centenas de anos. Repito, quando exaltamos Samora Machel, temos que falar do que foi positivo. Se reparares, muitos moçambicanos ao falarem do Machel recordam da transparência, da sua exigência ao respeito da coisa pública. Samora não fingia que estava a exigir como se nota agora. De RECORDAR QUE É DE TRANSPARÊNCIA QUE ESTAMOS A FALAR.

3. A Linette diz bem e claramente, a falta de transparência na governação, nos partidos políticos moçambicanos é o que adia, destroi o nosso SONHO. A falta de transparência é o nosso grande inimigo, temos que combatê-la SEM TRÉQUA.

V. Dias disse...

Reflectindo,

Vou ser claro: eu chamei e chamo de vende-pátria todos aqueles que promovem atitudes para desacreditar o país. Convivo aqui com alguns bloguistas do NÃO, vivem e respiram o NÃO, que não são capazes de dizer também sim, ora, estas pessoas para mim são nitidamente os vende-pátrias.

Muitas vezes condenei à Renamo por votar contra o OGE na AR, sem mais nem menos, porque entendiam alguns deles que fazer democracia era dizer NÃO. Aqui acontece a mesma coisa, pessoas que deixam seus comentários para dizer mal do Governo. Não fazem outra coisa, tdo não. O mais engraçado quando se pergunta porquê, dizem porque a Frelimo (Samora) me expulsou, matou meu pai, perdi minha casa, etc. Incrível. Nada para eles está correcto. Se não respeitam no mínimo o esforço do governo então estamos perante o quê? Vende-pátrias!

Deve me compreender que não o acusei a si, mas sim a todos que tem esta filosofia de estar, e não são poucos. Se o chamuale Reflectindo achou que se enquadra neste grupo, não sendo culpa minha, sinto muito. Devo, porém, pedir-lhe desculpas na mesma.

Enfim, eu continuo a exaltar a figura de Samora. Os erros que este estadista moçambicano cometeu guardo-os no passado e faço das coisas boas uma licção de vida.

O que mais me irrita é ver pessoas a ignorar que a doença do país tem a sua origem principal na colonização. Isto intriga-me quando vejo que este facto é ignorado. Estamos a falar de 40 anos de indepedência, fora da guerra que teve a mão de alguns dos indomáveis, mas ninguém fala disso. Porquê? Porquê será Volta e meia dizem que o país está mal.

Zicomo

PS: Maria Helena, gostei do seu comentário sobre o Zimbabwe, pois permitiu-me tirar conclusões sobre si.

ricardo disse...

"Arre, estou farto de semideuses!
Onde e que ha gente no mundo? (...)
Nao deixem de ler(...), pois nunca se perde
tempo ouvindo com os olhos" (Fernando Pessoa)

Admitindo que a tese, que vamos lendo aqui, sobre a Colonizacao e a pedra-roseta de todos os problemas que enfrentamos em Africa, entao, a culpa so podera ser:

1. Dos ex-colonos, porque deixaram um sistema opressivo que perpetua as diferencas sociais;
2. Dos actuais governantes, porque adoptaram o mesmo sistema de governacao, quando concluiram que o "novo sistema socialista- chegava a ser pior que o anterior;
3. Em suma, que os novos lideres independentistas, foram-no (sao-no) em qualquer dos casos, apenas de fachada. Porque assinavam com nome africano, mas pensavam sempre europeu;
4. Ate Nyerere, teria sido eclipsado pelos acontecimentos, quando se apercebeu que ujamaa era uma imitacao minimalista do socialismo cubano. Este tambem, uma versao light do sovietico (europeu);
5. E nessa linha de pensamento, POUCOS SAO OS LIDERES AFRICANOS que nao tem na sua marca genetica, a voz de comando do seu Senhor...

Bem, esta seria a minha interpretacao do colonialismo como CAUSA dos problemas de Africa, a luz do que eu tenho estado a ler neste blog.

Eu ja perguntei aqui tambem: as Mauricias sao menos africanas ou nao? Tera sido o seu colonialismo INGLES mais generoso que em outros paises da Commonwealth, como a RSA, a Nigeria, o Egipto? Outros paises onde a independencia politica foi alcancada sem luta armada?

Cada caso parece-me ser cada caso. Nao ha formula resolvente para determinar a CAUSA dos problemas de Africa. Sao muitas causas, e elas radicam no passado colonial, no pos-colonial, no presente e (se este pensamento redutor e minimalista se frutificar na intelectualidade local) ate no futuro.

Como diria Mo Ibrahim "...os dirigentes africanos sao os maiores consumidores de tudo quanto o Ocidente tem para oferecer, mas quando se fala de direitos humanos eles dizem que e coisa do Ocidente. E hiprocrisia.".

E tempo de crescermos e atingirmos a maturidade. Chega de berreiro choramingao!

V. Dias disse...

É simples Ricardo,

Duas coisas: primeira, permita que os africanos colonizem por 500 anos os países europeus que exploraram a África.

Segundo: permita que o seu vizinho tome conta da sua casa por 5 dias. O fim destes períodos V. terá a solução. V. não sabe o que diz. Sabe quantos mortos os indomáveis causaram para conquistar Ceuta. Goa? Moçambique? Mas porque esta MANIA de querer apagar a história?

Estou a ficar decepcionado consigo. Juro. 40 anos de governação dos líderes africanos mais parecem 400 no vosso entender. Só 40. Neste período V. está numa boinha, comer bifes...porque não lhe afectou.

Zicomo

JOSÉ disse...

O texto do Edwin Hounnou espelha de forma soberba a realidade moçambicana, bem diferente do discurso triunfalista que nos querem impingir. A verdade é que já se fez alguma coisa mas falta ainda muita coisa por fazer devido à falta de políticas exequíveis. Tentar escamotear estas falhas com desculpas é uma tentativa de branqueamento da incompetencia, desleixo e corrupção. Muitos países sem recursos e com um passado recente de colonialismo, ditaduras e guerras, conseguiram ultrapassar os condicionalismos, sendo um exemplo para Moçambique.
A nossa escolha é muito simples: continuamos com o complexo de avestruz, sentados à sombra da bananeira culpando tudo e todos, ou mudamos de atitude, arregaçando as mangas e tomando conta do nosso destino? Eu já há muito tempo que fiz a minha escolha: eu exijo competencia, transparencia e democracia no meu País Agora, não daqui a cem anos.

Este blog é um dos poucos espaços onde tem havido debate sério. Por isso, aproveito para deixar a minha indignação para com "iluminados" que querem impor a sua verdade, usando insinuações ofensivas contra os que ousam discordar. Esse tipo de comportamento é simplesmente inaceitável, sendo uma falta de respeito para o blog, o seu autor e os visitantes.

Kanimambo!

ricardo disse...

Viriato Dias...

Nao se desvie para o palheiro. Diga-me apenas se as minhas 5 hipoteses estao em linha com as V. contra-teses...

O resto e paisagem.

Linette Olofsson disse...

V,Dias!

Não disse que a RTP Africa tinha testemunhos das atrocidades do Samora Machel....

Disse que a RTP Afrika tinha feito junto as familias Moçambicanas refugiadas em Portugal, uma interessante reportagem após os 25 da de Independencia Nacional....
Também, não seria atrocidades cometidas pelo Samora, mas sim pelo regime que ele dirigia.
Em todas as revoluções ha vítmas como não só....

ps. É verdade senhor Jose, o artigo do Edwin, mexeu com muitos participantes aqui e foi ultrapassou as fronteiras da discussão

V.Dias disse...

Ricardo,

Eu sei que o chamuale está vencido. Eu sei que o chamuale não era capaz de abrir as portas da sua casa. Nem seria capaz de assumir que os indomáveis se deixasse colonizar pelos africanos.

No entanto, não leva em consideração estes aspectos, os aspectos da colonização, mas facilmente ataca violentamente a governação no país. Volta meia vai para lá passar férias. Curte os progressos, aprecia tudo de belo, ah, a colónia foi-se, agora ficou o país. Eu sei que dói, mas deve me perdoar, porque os tempos mudaram.

"O caos é a regra n°1 vigente neste nosso universo desde sempre. Como o dizem os cientistas, é a existência do desequilibrio perpetual que permite que existam as coisas que conhecemos, como a vida por exemplo; se nao fosse do caos e do desequilibrio, o mundo nao existia, porque um universo estavel é um universo morto. E mesmo na Africa, achas que a situaçao no teu pais, com todos os transtornos que enfrenta, esta pior que aquilo que foi entre 1964 e 1992 (28 anos de guerra quase sem interrupçao)" ACABEI DE RECEBER VIA MAIL.

Zicomo

ricardo disse...

Viriato Dias...

Voce e sinuoso, fugidio como as enguias. Mas desta vez, voce e que foi apanhado!

A sua contra-tese nacional-africanista, assenta exactamente nos pontos que avancei. Como tal, custa-lhe admitir que eu tenho piamente razao. O que e compreensivel, porque ninguem gosta de ser desnudado publicamente, nem seja apenas nas ideias.

Agora, quanto a essa parabola de abrir portas, a resposta e muito simples. O poder conquista-se. E conquista-se com luta e inteligencia.

Voce afirma coisas de tal jaez, como se os africanos dos primordios da colonizacao, fossem uns parolos que nao sabiam que estavam a ser explorados. Sabiam. Mas a sua baixa auto-estima (para nao dizer coisa pior) levou-os a cacar os seus proprios irmaos negros para encher os navios negreiros.

Pensavam - ingenuamente - que os brancos os iriam deixar viver em paz. Estao assim documentadas, as campanhas Kwata-Kwata em Angola. As guerras dos Ajauas em Mocambique, contra os povos das suas redondezas e por ai em diante. Mas quando o reservatorio negreiro secou, foi a vez deles de embarcarem nos navios, ou irem para o Xibalo.

Se a 500 anos o Europeu conquistou Africa com missangas e preces jesuitas, hoje em dia, Africa coloniza a Europa com "Kuduro" e natalidade alta. E a mesma questao vem a tona: Sera um processo de luta inteligente? Quem e que aceita melhor a miscegenizacao e a assimilacao cultural? O Africano ou o Europeu? Pense.

Porque no final da historia, o que vai contar mesmo e o Progresso, Evolucao e Bem-Estar. Coisas que qualquer afro-descendente nascido na Europa, nao ira questionar a sua cidadania "de facto" em nome de um sebastianista e revanchista "complexo do gene B", cujo proposito jamais entendera.

E muito confortavel estar-se sempre na pele de vitima:

http://maisdemimemmim.blogspot.com/2010/03/incompreensao-e-um-lugar-totalmente.html

Permite que sempre se atribua aos outros a responsabilidade de fazerem o que deveria ser feito por nos proprios.