16 janeiro 2009

O rochedo de Dhlakama (3)

Mais um pouco da série, ensaiando tornar o quadro mais complexo com algumas ideias provocadoras, fertilmente maquiavélicas.
Primeira ideia: a Renamo é um partido herdeiro de uma frente guerrilheira que não eliminou ainda algumas das características do aguilhão. Quem habitou a guerrilha manteve o aguilhão da ordem. Receber ordens e obedecer sem protestar. A guerra desapareceu,
mas o aguilhão perdurou.
Segunda ideia: Afonso Dhlakama
é o chefe. Neste país há muita gente ainda que acredita nesse chefe. Ele é um chefe-carisma.
Terceira ideia: a Renamo é Afonso Dhlakama. Sem ele, a Renamo desaparece. Nenhuma hipótese de êxito político na criação de uma Renamo alternativa com Deviz Simango ou outro qualquer na presidência.
Quarta ideia: o ideal de muitos é, justamente, que ele desapareça e, se possível, antes das eleições deste ano. Se ele desaparece, a Renamo desaparece. Acho que foi Georg Simmel quem um dia escreveu o seguinte: se queres destruir a oposição, dá-lhe um chefe. 
Quinta ideia: se desaparece a Renamo, estando os outros pequenos partidos ditos da oposição acomodados, desaparece a única oposição que ainda existe, que é ela.
(continua)

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