04 agosto 2009

Chipande e a riqueza

De acordo com um despacho do noticiário da STV de ontem em seu noticiário das 20 horas, em síntese minha: na cerimónia de apresentação dos novos corpos gerentes do Corredor de Desenvolvimento do Norte, o general na reserva Alberto Chipande (na imagem), presidente da Assembleia Geral, falou do historial dos corredores, da luta armada de libertação nacional, etc. A páginas tantas mostrou-se indignado por se afirmar que os dirigentes da Frelimo são ricos. Ricos de quê? Perguntou. E acrescentou: e se fossem ricos? Qual o mal? Não foram eles que trouxeram a independência de que estais a usufruir?
Nota: segundo apurei, o “O País” de hoje aborda o tema, mas eu ainda não pude comprá-lo.
Adenda às 14:25: na versão online, o "O País" já tem um trabalho alusivo, cuja parte final tem esta intervenção de Chipande: "Queremos capital socialista e não capitalista. A nossa política continua a mesma de há 40 anos”.

9 comentários:

Anónimo disse...

E ainda disse aos jornalistas, agora vao escrever o que eu disse. A STV cumpriu a risca, pena a TVM nao tenha acatada a ordem do chefe.

Anónimo disse...

O problema não é se os dirigentes da Frelimo são ou não ricos. O problema é saber se todos eles conseguirem enriquecer de uma forma.....correcta!

Anónimo disse...

coisas da vida e terra da marrabenta.

onde dancamos e pagamos a independencia.

com sangue conquistada e com fome vivida.

nada nos detem, afinal conquistamos a independencia.

somos livres de viver em fome e morrer doentes.

fomos nos que lutamos e temos esse direito de escolha.

nossa patria amada, nenhum tirano nos governara.

coisas da vida e terra da marrabenta.

Anónimo disse...

E se fossem ricos, qual era o problema? Pergunta bem colocad. A mim nao me repugna ver um mocambicano rico. Seja branco, negro ou de qualquer outra cor. Na verdade atee gosto de saber que ha mocambicanos ricos. Ricos para o nosso contexto, diga-se.

Viriato Dias disse...

Sobre Chipande já falei aqui, neste diário, mais do que uma vez. Tendo já dito que o admiro como um bom estratega militar e o seu papel na luta pela libertação do país do jugo colonial. Isto é um facto. Mas, cientificamente, dá-me dó ouvi-lo falar ou a ler. E não compreendo como é que chegou a ser o "boss" do Corredor de Desenvolvimento do Norte? Como também não compreendo patavina como é que o seu nome foi dado a um magistério primário em Cabo-Delegado, sabendo que o patronomo mal sabe ler e falar? E NÃO ME ADMIRA QUE ESTE MESMO CHIPANDE POSSA VIR A SER REITOR DE UMA UNIVERSIDADE DO PAÍS. É preciso conhecer-se o fruto para ver que raio de ávore temos!!!

Sobre o aludido discurso do visado, recorro-me as palavras do mestre David Aloni (paz à sua alma)e cito "...proferem-se discursos longos e envenenados cujo termo de comparação só se pode encontrar na arenga de quem prega no deserto com efeitos de semente que caiu sobre pedra."

Quanto aos comentário dos anónimos, com excepção do primeiro, por favor, haja sentido de comentário!!!

Um abraço

Anónimo disse...

in www.canalmoz.com

2 - O homem do ‘primeiro tiro’ - Chipande
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As alianças económicas são salientes a vários níveis Uma incursão aos ideais da Frelimo e aos bussiness do clã Chipande (2) “Consolidação contínua da independência nacional, da ordem democrática popular e a construção do socialismo” - Objecto social do Partido Frelimo

(Maputo) O general na reserva, Joaquim Alberto Chipande, que a semelhança dos seus – 11 – “camaradas” do núcleo duro, foi, no dia 19 de Agosto de 1991, celebrar em cartório notarial a Frelimo como partido político à luz da Constituição da República de 1990, também está mergulhando em vastos interesses empresariais.

Na ordem dos subscritores dos Estatutos da Frelimo, onde em primeiro plano aparece Joaquim Chissano – então presidente do partido – Chipande segue a Marcelino dos Santos, figura de quem não encontramos, ainda, empreendimentos no mundo “Capitalista”.

A distancia que vai entre a data em que também assumiu a Frelimo na “construção do socialismo”, e os negócios que implantou, pode se concluir que o general Chipande não perdeu a boleia do “Capitalismo” outrora combatido por aquele partido.

O refrão “Somos soldados do povo marchando em frente/ na luta contra a burguesia/ Sempre avante unidos venceremos/ Socialismo triunfará “, outrora professado como dogma, parece ter sido atirado para o cacifo das gargalhadas dos “camaradas”.

O “capitalismo triunfou”.
O homem do “primeiro tiro”
Joaquim Alberto Chipande, sócio ideológico dos seus pares, e parente de alguns em negócios de fazer inveja a qualquer empresário, é tido pela história oficial como a figura que deu o “histórico” “primeiro tiro” às 21 horas do dia 25 de Setembro de 1964, no posto de Chai, Cabo Delgado, dando inicio a insurreição armada contra o colono invasor e “capitalista” português.

Testemunha do «Massacre de Mueda», segundo relatos pungentes do próprio que abundam em manuais escolares, foi conterrâneo do “reaccionário” Lazáro Nkavandame, a quem também chamavam “Mzee”, o mesmo que mais velho.

Nkavandame, que viria a ter sorte de contemporâneos seus decidirem pelo seu fuzilamento, é descrito – nos manuais escolares do ensino primário em uso, (os mesmos que dizem que Eduardo Mondlane morreu na sede dos escritórios da Frelimo em Dar-Es-Salam, quando na verdade foi em casa de praia da americana Betty king) (ver Sffv canal Nº1) – como defensor da propriedade privada, ao contrário daquilo que a Frelimo apregoava: Tudo do povo e para o povo.

Isso foi naquele tempo.

E o “capitalista” “Mzee”, por ter tido sonhos descontextualizados, além do epíteto de “reaccionário” ou “contra-revolucionário” foi fuzilado, pelo que consta, na mesma leva do reverendo Uria Simango, Padre Mateus Gwengere, Joana Simião, entre outros. Muitos.

Para conforto de Chipande, o “primeiro tiro” lhe pertence, ainda.
Os bussiness dos Chipande
Tal como Joaquim Chissano, Alberto Chipande além de “sócios” na Frelimo, também esta, com este e outros, envolvido no «Programa de Promoção de Veteranos de Moçambique», uma associação que se dedica na “inserção na vida civil de antigos combatentes, incluindo os que estiveram activamente no exército entre 07 de Setembro de 1974 a 04 de Outubro de 1992″.

Bonifácio Gruveta Massamba, João Américo Mpfumo e Hélder Muteia são outros sócios de Chipande nesta associação, aparentemente de carácter humanitário.

Quatro anos após assumir em publicação oficial do Estado Moçambicano – Boletim da República (BR) – “a construção do socialismo”, em 1995, o general na reserva entra pela porta grande no então estranho, e proibido mundo de um «monstro» que chamavam de “Capitalismo” tido como produto do “Imperialismo”.

(Luís Nhachote)
Continua

Anónimo disse...

Bonifácio Gruveta Massamba, João Américo Mpfumo e Hélder Muteia são outros sócios de Chipande nesta associação, aparentemente de carácter humanitário.

Quatro anos após assumir em publicação oficial do Estado Moçambicano – Boletim da República (BR) – “a construção do socialismo”, em 1995, o general na reserva entra pela porta grande no então estranho, e proibido mundo de um «monstro» que chamavam de “Capitalismo” tido como produto do “Imperialismo”.

No dia 03 de Agosto desse ano, associava-se a «Newpalm Internacional, limitada» e constituiriam as «Madeiras Rovuma, Limitada» com um capital inicial de 10.000.000, 00 MT, actuais 10.000,00 MTn.

O objecto social da «Madeiras Rovuma» é, entre outros o “comercio geral, compreendendo a importação, exportação, comissões e consignações…”.

Uma vez mais, no ano seguinte, associado a «Newpalm Internacional, Limitada» e a um “camarada” seu, Mateus Kathupa, constituem a «CADELMAR-Mármores de Cabo Delagado, Limitada», empresa que curiosamente, tal como a «Madeiras Rovuma», tem também como objecto social, “comercio geral, compreendendo a importação, exportação, comissões…”. O capital social, também foi o mesmo que o da empresa anterior: 10.000,000 MT, actuais 10.000, 00 MTn.

No dia 06 de Maio do ano de 1996, o general na reserva Joaquim Chipande constitui com Raimundo Maico Diomba (actual governador de Manica) e Isabel Maria Verde a «ROMOCA – Rovuma Madeiras de Cabo Delgado, limitada».

60.000.000,00 MT (actuais 60.000,00 MTn) foi o capital inicial da «ROMACA» que tem como objecto social, o “abate e transformação de madeira com vista à comercialização nos mercados externo e interno”.

Como informação adicional publicitada nesse BR de 14 de Agosto de 1996, na introdução também aparecem como sócios os cidadãos José Carlos Verde Bráz e Guilhermino Gouzalez Teixeira.

Ainda em 1996, Chipande se junta a «Moçambique Holdings, Limitada» e formam a «Agro-Indústria de Cabo Delgado, Limitada». Para a época o capital social é de deixar boquiaberto a qualquer um: Apenas 3.000.000.000,00 MT, ou seja, actuais 3.000.000,00 MTn).

O objecto social desta empresa é, entre outros, o “Desenvolvimento da indústria de exploração do capim, comercialização e desenvolvimento da cultura do caju”.

(Luís Nhachote) - Continua

Reflectindo disse...

1. O que é capital socialista? Será aquele que tira dos cofres do Estado, dos bancos (Matando a galinha dos ovos de ouro para tornar burgueses-socialistas a generais de reserva? É o que (capital socialista) justifica a política imediatamente à independência a qual teve a consequência com a paralizacão da Socaju, CICOMO, em Nacala-Porto por exemplo?

2. O general Chipande fala de que a política é a mesma de há 40 anos, será isso verdade? Ou quer ele dizer que está-se tentar resgatar a política da Frelimo sob lideranca de Mondlane e Simango, mas agora mal aplicada, por em vez de ser de mercado livre é de capitalismo selvagem?

3. Porque razão o governo em que Alberto Chipande pertenceu executou nzee Lázaro Nkavandame sob acusacão de ser defensor do capitalismo?

4. São ricos porque trouxeram a independência (sabemos que estamos a vos pagar por isso e nem era preciso que o general nos lembrasse) porquê é que os antigos combatentes entre eles Nkavanga, o conhecido homem de morteiro, durante a luta de libertacão nacional, que vivem em Mpaco (Nacala-Porto) não se tornam também ricos? Será isso que preconizavam os estatutos da Frente de Libertacão Nacional?

5. Qual é a funcão concreta e a mais valia do general Chipande no Corredor de Nacala, se não for para mais um salário chorudo que somados talvez permitam a manutencão da Mecula? Aos meus olhos, o Corredor de Nacala não está nem a metade do que era em até 1977 e quem lá sabe as verdadeiras razões??? Não será o facto de encher-se de gente que nada faz que sugar?

Unknown disse...

AS duas grandes questoes para mim já foram abordadas: (i) a questao não e ser ou nao rico (o que é que isso´, ser rico, quer dizer) mas como é que se fica rico; e (ii) qual é a relação entre uns serem ricos e outros, a maioria, ser pobre (isto é, qual é a relação entre a acumulação de riqueza e a geração de pobreza). Claro que o General Chipande não pode responder a nenhuma delas.

Outro ponto muito interessante na entrevista é a explicação dlee sobre a lógica do socialismo. "Não tinham capital, por isso não podiam ser capitalistas". O socialismo, ou antes, o modleo soviético de socialismo de Estado permitiu por nas mãos do Estado nacional a propriedade dos principais meios de produção. A partir daí, a luta pelo controlo do Esatdo, que provavelmente explica, pelo menso parcialmente, o assassinato de Samora, era a luta pelo controlo do capital.

Isso do capital socialismo é só areia nos olhos e muita, mas muita, ignorância.

Carlos Nuno