Do editorial do "Notícias" de hoje: "Enquanto isso, fazemos eco às palavras de Obama. Cada um tem que fazer a sua parte. Acrescentamos: África tem que caminhar mais para uma introspecção, responsabilizar mais as suas lideranças e culpar menos os outros sobre as suas desgraças. As guerras inter-Estados, os golpes de Estado e a resistência à democracia não impõem respeito ao mundo. Antes e pelo contrário estimulam o paternalismo que negamos." (imagem reproduzida daqui)
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
6 comentários:
O Obama disse uma coisa muito certa que é mais ou menos assim: "...os vossos povos vos julgarão mais por aquilo que construiteis que por aquilo que destruisteis..." Sábias palavras... Há que construir mais e destruir menos...
Bom dia Professor!
Esse é que é o nosso desafio, infelizmente os que acham que estam sendo apontados o dedo quando na verdade são responsabilizados não passam por aqui se não iria reduzir o nível de censura da imprensa pública. eu pergunto como responsabilizar então se o eco da minha voz é barrado pelas amuralhas erguidas conscientemente?
abraço e bom final de semana
Obama é realmente um fenómeno. Até consegue inspirar, nesta longínqua Paróquia do Índico, o Editor do “Notícias” a sair à rua para apelar à mudança de atitude e postura? É obra!
Mais um pouco e o Notícias virava a revolucionário. É certo que escrever não custa; principalmente quando o escriba tem dom para a prosa e agradável retórica. Mas vir defender que a América não deve tratar os países africanos com paternalismo, que as guerras inter-Estados, os golpes de Estado e a resistência à democracia não impõem respeito ao mundo, apenas estimulam o paternalismo que negamos... é de esquerda. Só mesmo Obama. Até consegue que o Notícias o aceite como negro. Também a esposa de um anterior candidato presidencial americano, se o esposo tivesse ganho, certamente teria sido reconsiderada moçambicana. Se Obama é negro eu sou mulato ou amarelo. Afinal, de quantas cores se compõe o preto? O misto/mulato faz parte do preto ou do branco, ou de nenhum? Estamos a caminhar para o dilema da zebra: um animal preto com riscas brancas, ou um anima branco com riscas pretas?
Obama não vai mudar o mundo, mas por este caminho irá alterar a amplitude das tonalidades da cor preta. Também já conseguiu inspirar o Notícias a tirar um estilo atrevido e quasi-crítico. Ou não é atrevimento defender-se, nesta bela Paróquia do Índico, que África tem que caminhar mais para uma introspecção, responsabilizar mais suas lideranças e culpar menos os outros sobre as suas desgraças?
Se não fosse reduzir-se a um parágrafo, uma espécie de nota de roda pé no Editorial, diria que o Notícias presenteou-nos com um ensaio de declaração revolucionária. Imagine-se! Nesta época! Só mesmo Obama para inspirar coisas destas. Um ensaio de declaração revolucionária, num país que há vários anos trocou o radicalismo esquerdista pelo protofascismo conservador.
Ah, Grande Obama! Fantástico!
Sempre a cor!
De que cor serão então os pensamentos, as citações, as palavras de Obama?
Estou curioso.
Por enquanto, têm sido mais incolores ou mistos, do que negros.
E se não perseguir uma direcção multiracial, ao mesmo tempo que ajude os recalcados as curarem-se dos pros e contras de uns e de outros, depressa desencantará.
Ja ha muito se disse por ai que tinha que se parar de culpar o ocidente plea desgraca do Zimbambwe algue se lembra?
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