11 janeiro 2009

Leituras sobre o Incêndio no CMB


Depois do "Notícias" de ontem, o semanário "Domingo" aborda também o incêndio anteontem deflagrado no edifício do Conselho Municipal da Beira (CMB), tal como o cabeçalho acima exemplifica. O primeiro e longo parágrafo da peça (não assinada) é totalmente dedicado a estabelecer uma possível relação entre o incêndio e as investigações que a Brigada Anti-Corrupção está a fazer em relação "a supostos desvios de fundos do erário público no Conselho Municipal da Beira (...), autarquia chefiada pelo engenheiro Daviz Simango, que nos últimos meses do ano passado não escapou das acusações segundo as quais teria supostamente feito uso indevido de fundos do Estado". O jornal afirma ainda que o incêndio foi "supostamente provocado por um curto circuito". Depois, seguem-se as afirmações de um funcionário do CMB e dos bombeiros, ambos dizendo que se tratou, afinal, de um curto-circuito. Finalmente, é reportado que a polícia investiga o caso (p. 20).
Ontem, mostrei como o "Notícias" descreveu quatro incêndios, com o jornal explorando no último, justamente o do CMB, a mesma associação feita e ampliada pelo "Domingo", mas sem fazer uso do nome de Deviz Simango. E sem usar a palavra "escândalo".
Recorde-se que Deviz Simango esteve debaixo de duras e sistemáticas críticas da Renamo e da Frelimo na campanha e nas eleições autárquicas de 19 de Novembro do ano passado, tendo vencido claramente quer o candidato da Renamo quer o da Frelimo nas presidenciais para o município da Beira. Este diário tem uma ampla cobertura descritiva e analítica disso tudo.
Adenda às 16:44: pedi ao Eng.° Deviz Simango que comentasse a informação em epígrafe. Eis o seu comentário: "É interessante essa interpretação, porque não temos conhecimento dessa investigação. Apesar de estar fora e de férias, os meus colaboradores bem como os técnicos do departamento de electricidade, comunicaram que tudo partiu dum quadro eléctrico plástico com base de madeira no segundo andar, próximo do gabinete de endereçamento, que ardeu por completo, tendo criado reacção nos fusíveis portáteis do rés-do-chão. Neste momento os técnicos já repuseram o quadro do segundo andar, substituíram o do primeiro que já era da época da construção do edifício e substituíram os fusíveis do quadro principal, tendo gasto 64.500 meticais em materiais. Amanhã aguardam que as EDM possa repôr a energia para fazerem os devidos testes, e naturalmente no segundo andar haverá fios que sofreram. É de lembrar que o trabalho dos bombeiros não levou 10 minutos. Portanto, o nosso executivo não tem nada por esconder, pelo contrário fomos um modelo de gestão e de organização financeira autárquica para adoptar e ensinar. Portanto, são incidentes que geralmente acontecem pela sobrecarga e agravados pela idade do material aplicado, de certo modo nos chama para a revisão geral, o que os técnicos inciaram a fazer e com os testes de amanhã darão espaço para mais descobertas. Estamos tranquilos e gostaria de lembrar que já perdemos um camião de lixo pelo fogo, uma caldeira pelo fogo, mas estamos animados e galvanizados ao serviço dos munícipes."

4 comentários:

Anónimo disse...

Pois é pois é...

Xiluva/SARA disse...

Porquê não foram ouvidos os dirigentes do Conselho Municipal?

Carlos Serra disse...

Não me compete responder a essa pergunta.

Anónimo disse...

É claro que na Beira não pode se ter tratado de queima de arquivos. Lá são todos tão santinhos. E esses jornais comunistas deveriam ter ouvido os dirigentes municipais.

Agora, quando se trata de um mesmo fenómenos num departamento gerido pelos comunistas, aí não há nenhuma dúvida de que é queima de arquivos sempre. E em minha opinião, Carlos Serra e muitos comentadores do blog fazem bem em difundir essa verdade. Nem é preciso ouvir os dirigentes comunistas. Nesses casos devemos apenas acusar.

Creio que o procedimento do blog é bastante pedagógico. Deveria ser seguido por todos os fazedores de opinião. Avante Professor Catedrático. Assim é que se faz sociologia.

Viriato Tembe