A propósito das explosões de Malhazine em Março do ano passado, o semanário "Domingo apresentou o seguinte quadro a 25 desse mês: "O Presidente da República, em visita ao Hospital Psiquiátrico do Infulene, sob a emoção da catástrofe, desabafou: foi uma guerra e infelizmente fomos nós quem a desencadeou" (semanário "Domingo" de hoje, p. 8).
Na mesma edição e como que em sintonia com o presidente Guebuza, o semanário tomou uma posição firme e escreveu em título: "Não vale desculparmo-nos com o calor. No banco dos réus devem ser os homens a tomar assento". de facto, o semanário disse as coisas claramente: desmazelo governamental fez o povo sofrer (não vou agora referir o facto de o governo não ter tomado qualquer tipo de medida contra si próprio, consulte as postagens de Março para o efeito).
Agora, embora de forma bem mais suave, bem mais almofadada, mas contra o pistoleirismo verbal do seu colega de empresa, o "Notícias", o semanário colocou o dedo numa dos factores da revolta popular (deixou completamente ignorados outros factores da revolta): o da ausência de uma política de transportes públicos, o da outorga aos chapistas e à sua busca de lucros da sorte dos transportes para o nosso povo, um pouco na esteira do que já tinha escrito o semanário "Savana". E observou: "Estamos em crer que este terramoto social (outra expressão minha, a primeira foi "sismo social"), embora de dimensões não tamanhas, foi um aviso ao Governo, que não pode, de forma alguma, deixar de aproveitar e tirar daí as suas conclusões, tendo de começar por elaborar uma política de transportes, o mais rapidamente possível, servondo-se de técnicos abalizados na matéria".
Pois é: "o mais demoradamente possível", só no dia 7 é que o governo decidiu colocar na rua, já ao fim da tarde, alguns dos seus autocarros de luxo, destinados ao sector turístico e ao interprovincial, para reduzir o protesto popular.
Finalmente: parabéns à equipa do director editorial Jorge Matine.
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