17 fevereiro 2008

Viciação de listas de reassentados em Mopeia

O jornalista José Rungo tem hoje na página 6 do semanário "Domingo" um excelente, mas também preocupante trabalho, sobre o que intitulou "O apogeu da desordem" no reassentamento das vítimas das cheias em Mopeia, vítimas que vivem em condições deploráveis em pequenas cabanas que lembram galinheiros, sem latrinas e sem aceitarem construir novas casas ou ocupar as parcelas que os governo lhes está a conceder. Ele escreveu haver viciação do número de vítimas. Assim, de uma semana para outra, a administração do distrito (que parece conhecer mal o que se passa no terreno) deixou de exibir oito mil vítimas para exibir 30 mil, quase um terço da população do distrito, justamente quando o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades se preparava para prestar ajuda. Estão por agora detidos três muenes (líderes comunitários), acusados de viciação das listas. Tudo isso obriga a cuidado extremo e ao processamento de novo recenseamento das vítimas.

6 comentários:

Anónimo disse...

Esta questão da viciação do número de reassentados, faz-me recordar que os valores morais deste nosso povo estão completamente adulterados. Um povo em particular o rural que sempre teve como princípio que mal acordasse deveria varrer o seu quintal, depois ía para a machamba, cultivava o respeito pelos velhos, etc.... e que de forma geral tinha (tem) o culto do morto, a falta de respeito que se assiste hoje nos cemitérios (em particular o de Lhanguene e o São Francisco Xavier) deixa-me completamente sem palavras. Não tenho dúvidas que a questão da guerra terá eventualmente contribuido muito para esta mudança, mas com toda a certeza terão que existir outras razões. A situação económica, etc.... .
Prezado Professor, não seria esta uma boa matéria para estudo?
Abraço.

Carlos Serra disse...

Sim, um excelente tema. Neste caso, haveria que estudar como se processa o desvio do auxílio, quem desvia,como e quanto rende, etc.

Anónimo disse...

No citado artigo do jornal domingo, também me consternou o relato da imundice protagonizada pelos reassentados. Para a construção de latrinas que lhes iriam servir foi um problema! Só a custa de promessa de comida é que as construíram, e mesmo assim, debaixo de exigencias absurdas. De facto para onde foi a moral? os hábitos e costumes tão salutares dos camponeses? Entrementes, os políticos vão-se aproveitando da situação tendo em vista as eleições...

Carlos Serra disse...

Falta, naturalmente, compreender as razões por que as vítimas das cheias recusam sistematicamente a construção de latrinas. Se eu tivesse podido estar no local, teria tentado explorar o tema.

olharatento disse...

Mopeia nos ulimos anos esta sendo polemico. No ambito das cheias, segundo conta o MAGAZINE INDEPENDENTE numas das suas edicoes, as populacoes reassentadas comeram farinha de milho contaminada com diesel. Coisas deste pais. E recentemente, o governador da Zambezia, esteve la dizendo que estava visitar as vitimas. Vejam so que a respectiva administradora nao conseguiu dar numeros exactos dos afectados.
Andou ai a gaguejar tanto e o assunto ficou por ser invertigado.
lamentavel.

Carlos Serra disse...

Tem razão, algo de pouco normal se passa lá.