28 fevereiro 2008

Um país extravagante

"É evidente que por maioria de razão não se pode tolerar que um representante nosso possua meios de produção ou explore o trabalho de outrem" (Samora Machel, 1974)
Depois de citar Samora Machel e tomando em contra a análise feita pelo Tribunal Administrativo à Conta Geral do Estado, o jornalista Jeremias Langa escreveu uma crónica que, claro, chocará o açucarismo analítico politicamente rentável e a psicologia analgésica de alguns querubins. Destaco o seguinte: "O que mais custa entender é assistir à passividade do nosso Estado ao enorme sofrimento do povo, às mãos dos “Chapas”, viajando em desconforto total, quando os nossos dirigentes viajam sozinhos dentro de viaturas topo de gama. O que se gasta em cada Mercedes Benz, para um único dirigente, é suficiente para trazer um autocarro de 35 lugares e amenizar o sofrimento de milhares de pessoas por este país fora. As sumptuosas compras dos nossos governantes são uma prova irrefutável e vergonhosa de que a riqueza continua a distribuir-se de forma desigual e que vão longe os tempos em que se governava para se servir o povo. Depois do que aconteceu a 5 de Fevereiro, a reportagem de capa de “O País” de hoje mostra que entre investir para satisfazer a população e os seus caprichos individuais, a escolha dos nossos dirigentes não deixa margem para dúvidas. Em primeiro lugar pensam neles, em segundo ...neles, em terceiro... neles, outra vez. As proféticas palavras de Samora Machel soam vãs, agora, nos seus companheiros..."

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