Todos aqueles leitores que tiverem coisas a dizer sobre outrem e cujo conteúdo é muito delicado, muito grave, solicito que o façam identificando-se plenamente, peço que tenham a coragem de se apresentarem de frente. Caso contrário não publico.
Adenda às 18:33: o 37.° estratagema do que Schopenhauer chamava dialéctica erística (arte de disputar para se ter sempre razão mesmo que e especialmente sem ela) consiste no seguinte: quando sentimos que o adversário é superior, que os seus argumentos são fortes, enveredamos então pelo pessoalismo, pelo comentário grosseiro, tornamos a questão pessoal, é o argumentum ad personam (in A arte de ter sempre razão. Lisboa: Frenesi, 2006, pp. 59-61). Recorde aqui e aqui.
9 comentários:
Caro Prof.,
Saudacoes!
Faco votos que desta vez vai ajudar e inspirar os comentadores a deixarem de ter "medo-receio-fantasma" quando opinam sobre situacoes que interessam os mocambicanos.
Nao creio que quando algumas liderancas politicas dao-se tempo para visitar esse blog estejam preocupados e identificar "inimigos para abater". Pelo contrario, aprendem alguma coisa que seus respectivos assessores nao providenciam.
Sera desta vez que os comentadores vao-se identifcar? Me parece que a "cultura de anonimato" tem raizes profundas no pais. Todo mundo lamenta, mas ninguem quer dar a cara.
Se aqueles que estudaram, blogam, discutem politica nao sao "cidadaos", como se pode esperar dos outros "povo" a "estar" como "cidadaos", com plenas faculdades de exercicio de liberdade no quadro constitucional nacional?
Prof. Explique melhor! Nao se pode mais comentar em anonimato ou nao se pode mais falar dos outros em anonimato?
Zenaida, esta não é a primeira vez que me refiro ao tema. Não estou a impedir comentários anónimos, mas impedirei os comentários anónimos que abordam outrem de forma muito delicada, muito pessoal, ostensivamente visando denegri-la. Isto por agora, pois devo ser franco: aborrecem-me cada vez os comentários anónimos.
Professor, gostaria de dizer que alguns não são anonimos por iniciativa propria, mas sim por conta de algumas dificuldades informaticas em fazer aparecer o seu nome no topo assim como aparace o nome da Zenaida, ja agora uma pergunta se no topo do comentario aparecer anonimo e no fim do mesmo aparecer assinado considera-se esse comentário anonimo.
Caro professor,
A exclusão generalizada dos leitores anónimos mostra, que as liberdades de livre expressão diminuem também aqui. Não quero suportar a divulgação de informações ofensivas ou de falsas denúncias. Mas quem expulsa parte do público, pratica auto-censura na blogosfera. No Arábia Saudita, Mianmar, China, Coreia do Norte, Cuba, Egipto, Irão, Uzbequistão, Síria, Tunísia, Turquemenistão e Vietnãm, bloggers estão na prisão por ter criticado as políticas do Governo, de acordo com os Repórteres sem Fronteiras (RSF). A exclusão generalizada de mensagens de leitores anónimos (na óptica de alguns órgãos de informação, conteúdo inadequado, perigoso ou subversivo) suporta a pratica censura dos regimes repressivos e põe em risco o princípio da protecção das fontes anónimas. Se jornalistas são autorizados a não revelar as suas fontes, porque não os criadores de blogs com seus leitores anónimos? Quem decide onde começa e onde termina a liberdade de expressão? Precisamos de uma lei penal pelos leitores anónimos? Ou já basta uma certificação do professor?
Um forte abraço e adeus
do leitor indesejável
Oxalá não
Pode o o anonimo explicar por que escreve anonimamente?
A calúnia deixa marcas para toda a vida. E um comentário anónimo a denunciar casos de corrupção, ou seja lá qual for, contra o outrem, jamais será reparado. E o peso destes comentários pesam, naturalmente, ao autor do blogue. Era bom que percebessem as coisas assim. Este blogue para além de ser o que é, é também um documento, uma fonte rainha de consulta. O que é que a pessoa tem de mais revelar o seu nome? O que é que esconde? "Todo mundo lamenta, mas ninguem quer dar a cara". Disse alguém lá em cima!
bem, acho que as 2 versoes tem argumentos fortes.
cabera sempre ao professor como o dono do blog defenir os criterios para paticipacao na discucao ou comentario.
se por um lado se ganha,sem anonimos, pelo facto do blog tornar-se bastante mais forte como forum de discussao e possivel "think tank", vai com certeza perder um pouco por fechar essa "janela" que ja foi, e continua sendo, para anonimos que por diversas razoes, veem no blog uma "saida" credivel de registar, ou ate documentar,de forma segura, o que doutro modo seria impossivel.
bem, ja arranjei uma maneira de o meu nome aparecer ai em cima. nas calmas, aqui no blog, agente vai sempre evoluindo.
Caro professor,
Diariamente centenas de militantes dos Direitos Humanos e liberdades civis na Africa são ameaçados, perseguidos, sequestrados, torturados, e assassinados por órgãos do Estado ou membros do partido no poder, porque alegadamente cometeram o "crime" de contestar o sistema politica com o direito de livre expressão. Houve a tendência de perseguição jurídica e criminalização das activistas sócias e outras pessoas também na praça, com a intenção clara de calar a massa critica da sociedade civil. Houve violência estatal e Justiça selectiva e repressiva no país. Advogados, músicos, “politicamente incorrectos”, “revoltosos” trabalhadores, grevistas e jornalistas foram ameaçados. Não falo de Anna Politkovskaya, que criticou os abusos na Tchechênia, não falo da activista dos direitos humanos Jestina Mukoko, mas sim falo sobre gente como Jeremias Langa, Luís Nhachote, Azagaia, Bernardo Inácio Carlos, Virgílio Uamade, Albano Bila e duzentos de trabalhadores moçambicanos que foram mortalmente baleados durante greves ou manifestações pacificas. Quem denuncia essas injustiças, corre o risco de ameaça física e ameaça de morte. Recebi repetidamente ameaças por telefone, mensagens como: “Você deve abandonar a cidade e sair deste pais dentro de 24 horas, caso contrário você será assassinado”. Quem são estes cobardes? Não vão me silenciar, pensou. Optou pela resistência. Procurei ajuda jurídica. Contratou um serviço de segurança privada armada. Mas as ameaças prosseguiram. Foi uma fase difícil para mim e para a minha família. Por isso decidimos deixar este país para sempre. Acho, que na luz desta experiência o tema dos leitores anónimos é um tema bastante sensível. Por isso, eu vou junto com activistas de direitos humanos, jornalistas, advogados, sindicalistas e outros membros da sociedade civil, continuar lutar para que os direitos e liberdades civis são respeitados. Não tenho medo de ser calado (muito menos de um blog). Mas tenho respeito pela vida da minha família. Acho, em um mundo onde tudo está interligado, motivo suficiente. Outros não devem sofrer devidos os comentários críticos que eu escrevo.
Um forte abraço e adeus
do leitor indesejável
Oxalá não
Enviar um comentário