Estudante alemão de antropologia social, Thomas Thadewaldt escreveu-me hoje um email e alertou-me para um documentário de 8'20" feito nos Camarões por Francesco Uboldi. Palavras de Thomas: "O filme documenta os últimos minutos da vida de Jean Paul. Jean Paul é considerado 'maluco', 'possesso'. Por causa de um arrombamento, as pessoas amarram Jean no mato para o deixar morrer. As invocações de Jean, misturadas com as explicações 'racionais' e 'indiferentes' do guarda e dos outros camponeses criam uma imagem perturbante (não sei se esta palavra existe) dum evento absurdo. O filme mostra numa pequena, dorida distância, a situação absurda que se desembrulha quando um ser humano sem defesa (todos contra um) deve morrer em nome de um colectivo que se considera justo. O filme oferece muito para a reflexão não só em termos do assunto, mas em termos dos colaborantes passivos com o cineasta ou o antropólogo também."
Com imagens chocantes, veja o filme na íntegra aqui.
2 comentários:
Meu caríssimo Reflectindo,
Eu não posso seguir as suas regras mentais, embora o admire muito pela forma como expõe os assuntos.
A questão de África é bem complicada e não vamos aqui, nem tentar esconder a cabeça no areal (como a avestruz) nem pescar em águas turvas, o Ocidente é o principal responsável pela actual situação económica e social de África. Não vamos aqui "lamber feridas" nem "desenterrar machado de guerra", para lhe puxar à memória de casos de expropriações, mortes, pilhagem, etc.
Hoje grandes Estados como a Itália, a França, a Inglaterra só para citar alguns exemplos ostentam boa parte do que possuem graças a riqueza africana. E não se iluda, nenhum império, com execepção de Portugal à Moçambique, é que devolveu por completo as suas colónias. A França ainda decide no Gabão, a Inglaterra ainda decide na RAS, Portugal ainda decide em Cabo-Verde. Mesmo que colonizassem 10 anos e não 500 não deixa de ser uma colonização o que é coisa má.
Jamais os lideres africanos teriam capacidade para reagir ou levarem o barco a um bom porto porque, convenhámo-nos, quem escolhe a música é aquele que paga a orquestra e mais nada. Estamos à reboque do Ocidente. Dependemos sempre de Bruxelas e isso vai levar uns 100 ou mais anos de dependência. Pessoalmente tive conversas amigável com alguns funcionários do Parlamento Europeu, em Bruxelas, e fiquei desiludido pela tamanha dívida dos países africanos com aquele organismo que se faz represantar pelos seus respectivos países.
Se todos os lideres africanos fossem como Al-Bchir, Samora Machel, Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Mugabe só para citar esta África teria tido outro rumo e não a subserviência. Pena é que em nossas maternidades africanas já não nascem lideres assim!!! Não defendo Mugabe por acaso, porque reconheço-lhe aquilo que poucos lideres africanos são capazes de fazer.
É que não pode haver um processo histórico sem vítimas e nem há processos históricos perfeitos. Repare para o caso de Cuba, hoje o embargo está a ser reduzido significativamente, mas antes era inpensável tal acto. Para si quem é o culpado, os EUA ou a Cuba? É que cada país organiza-se como quiser e segundo o seu modelo de vida e princípios, não tem que aparecer um a apunhalar o outro como se fosse seu dono.
Se querem o desenvolvimento de Cuba ou do Zimbábuè não é com sanções ou embarbos económicos que vão conseguir, pelo contrário, é com atitudes correctas de diálogo e mais nada. O contrário é uma guerra de imposição que eu apoio!!!
Um abraço amigo
É interessante que, quando chega à hora dos ditadores estes não queiram ser julgados pelas suas regras, mas sim pelas regras democráticas!
Esses ditadores querem que não se usem sanções que se resolvem os problemas deles, mas eles não hesitam em usar as mais severas e agressivas formas de sancionar os seus opositores...
Mapulango
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