"Ao observarmos as pessoas em plena actividade, ficamos com a impressão de estarem em plena actividade de colheita ou de sementeira" (Chefo, Carlos, Diário de campo da lixeira de Hulene. Maputo: Agosto de 2001)
Durante alguns anos, a partir de 1999, eu e alguns assistentes (João Carlos Colaço, Helena Monteiro, Victor Matsinhe, Carlos Chefo, Rogério Batine, entre outros) estudámos a vida na lixeira do Hulene - periferia da cidade de Maputo -, vários trabalhos foram feitos e publicados. Recorde por exemplo, neste diário, aqui. Por isso não me surpreende o trabalho de Alexandre Chaúque, publicado pelo jornal @verdade, que começa desta maneira: "Estamos na lixeira do Hulene - nos arredores da cidade de Maputo - onde o tempo, para aqueles que vivem na gandaia (acto de revolver lixo), não conta. É um território estranho, desumano, repugnante e, até certo ponto, cruel. Vivem ali - dos detritos que são despejados diariamente - homens de todas as idades, incluindo velhos e crianças, que nos vão dizer, sem qualquer remorso, que “nós comemos carne todos os dias”. Mas essa carne de onde é que vem?! E eles sabem perfeitamente de onde é que vem essa carne! “Vem nos camiões da Neoquímica”. A Neoquímica é uma empresa que tem camiões cuja vocação principal é recolher para a lixeira restos de comida que já não servirão para o consumo humano, mas que tem comensais especiais: os sobreviventes da gandaia."
4 comentários:
...já nos tempos do presidente Artur Canana, falou-se na possível remoção da licheira do hulene e nunca mais se falou no assunto. Tendo em conta que a cidade se expandiu a já longos anos, aquele local se tornou uma verdadeira bomba relógio para um possível surto de doenças. Penso que a esta altura seria oportuno que o CMCM se pronuncia-se com relação ao encerramento daquele aterro sanitário...
Sempre que se fala da lixeira do Hulene, vem me a memoria o projecto FUTESCOLA.
Tiramos "talentos" dali, ainda hoje alguns jogam no mocambola.
FOI UMA EQUIPE DE SONHO. UMA EQUIPE VENCEDORA.
Cumprimentos
Abdul Karim
Cuidado com a tendencia de sempre de identificar "o problema" com a "solucao do problema"... latouche ensenha no seu "Planeta dos naufragos" que dos restos de um economia insustentavel poderia nascer um novo modelo. O que nao e' digno aos nossos olhos nao significa que este' errado
Nelson Buque
No Sabado passado tive a oportunidade de percorrer a Lixeira de Hulene e seu arredores, tendo em conta que o conceito de lixo eh relativo, vi que ha rios de dinheiro, oportunidades de emprego, etc, abandonados naquele espaco.
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