Tal como prometi em postagem anterior, eis, a propósito da ponte AEG, o debate entre Carlos Nuno Castel-Branco e António Nametil Mogovolas de Muatua (pseudónimo), aqui. Parte do material de Mogovolas surge no Wamphula Fax de hoje e uma das suas cartas assinada com um nome diferente, confira aqui. Obrigado aos dois autores pela autorização que me deram para usar a sua correspondência e ao Eleutério Fenita pelo envio do jornal (mande-mo mais regularmente, por favor...).
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
25 comentários:
Em linguagem futebolística, diria que Nametil goleou Castel.
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Caro anónimo, neste tipo de debate, que não é de rua, não há vencedores nem vencidos, apenas uma coisa: há ilações por tirar.
Um abraço
o que sera que o Nametil quiz dizer com "talvez para reforcar a lideranca, o CM tenha proposto o nome de AEG"?
tambem nao sabia que somos Republica Socialista Democratica!
afinal nao somos Capitalistas mesmo?
ja agora, a tal da ponte vai ter portagem?
Isto prova que o anónimo não lê com atenção as postagens, apenas limita-se a comentar. Terá sim, 80 para carros ligeiros, 800 para camiões. Vide mais detalhes na postagem afim. Quanto ao resto é uma força de linguagem que deve ser vista num prima em que foram ditas.
Abraços
Eu ainda quero acreditar que as reflexões de Gramsci sobre a revolução passiva, a função dos intelectuais e a questão meridional são fecundas para examinar os processos sócio-políticos por que passa Moçambique.
Ainda estamos a viver a modernidade atrasada, embora alguns de nós queiram estar na hipermodernidade.
O caso da Ponte é apenas o reflexo de uma práxis política levada a cabo por alguns líderes, tais como Luis XIV (1638- 1715), e uma boa turma do Século XX, de cujos exemplos nos inspiramos quando do centralismo democrático.
O meu amigo anônimo admira-se perguntando que não sabia que éramos uma República Democrática. penso que não perde tempo em ler os documentos orientadores do seu partido. Reproduzo aqui, com a permissão do professor Serra, um trecho da minha extensa tese de Doutorado (384pgs) recentemente defendida (25.06.09) :
"Não obstante começasse a ficar clara a reversão do projeto político da FRELIMO, que passava a se encaminhar no sentido de afirmar o capitalismo no país, até a realização do Quinto Congresso (1989), a Frente ainda enfatizava a importância do marxismo-leninismo, como princípio do socialismo que pretendia construir em Moçambique. De acordo com os Estatutos e Programas do Partido após o Quinto Congresso, em que a FRELIMO, em definitivo, abandona o “marxismo-leninismo” (Mazula, 1995, passa a afirmar que pretende criar uma sociedade democrática, de bem-estar geral, de justiça social, progresso e liberdade (FRELIMO, 1989A, p. 1, art. 3).
Mesmo assim, após o referido congresso, continua a fazer referência ao socialismo, como fica explícito, nos projetos de teses do V congresso e nos estatutos do partido. No projeto das teses, por exemplo, é afirmado que o partido admitia como membros todos aqueles que aceitassem lutar pela construção [...] de uma sociedade socialista (FRELIMO, 1988, p.5). Nos estatutos já referidos, o partido sustenta que tem como propósito construir o socialismo, embora agora destituído do adjetivo “marxista-leninista” (FRELIMO, 1989, art.4).
Em substituição aos “princípios universais” do “marxismo-leninismo”, a Frelimo passa a defender que é a sociedade democrática que agora pretende construir, e que a mesma sociedade será orientada pelos princípios universais do socialismo (Idem, art.1). Embora não admitindo o marxismo, a Frelimo definia-se, a altura da realização do seu V congresso, como partido de Vanguarda (FRELIMO, 1989B, p.3), que passa considerar os interesses do povo e não os de classe ou camada social (FRELIMO, 1988, p.3). Ou seja, a Frelimo abandona a luta de classes e também a representação da classe trabalhadora, de cujas aspirações, segundo o relatório do Comitê Central ao III Congresso, ela era portadora em favor da luta pelos interesses do povo. Terminava a luta de classes, ela que serviu de mote para o deflagrar da revolução e da adoção da modernidade socialista e revolucionária, segundo a teoria das duas linhas.
O caráter socialista, mas não marxista da Frelimo, também é referido no projeto de revisão dos estatutos e programas do Partido por ocasião do seu VI congresso (1992), realizado após a promulgação da Constituição de 1990. No referido projeto, é sublinhado que a Frelimo preocupa-se em construir o seu projeto nacional de sociedade moçambicana com base nos princípios universais do socialismo democrático (FRELIMO, 1992 A, p.3). Talvez, buscando estar em consonância com o novo contexto pós-guerra, no anteprojeto de revisão dos programas, a Frelimo sustentou que deixava de ser um partido de vanguarda, e passava a constituir-se em um partido da paz, da reconciliação nacional (FRELIMO, 1992B, p.11) e da transformação (FRELIMO, 1992 A, p.3). A Paz, segundo o documento da Frelimo, era considerada a condição fundamental para a concretização dos grandes ideais de liberdade, de igualdade e solidariedade (FRELIMO, 1992B, p.11). Qual Socialismo a Frente defendia no contexto de completa liberalização do país?"
Sobre os intelectuais e a questão meridional, nas próxmas intervenções poderei esclarecer.
Abraços
Para o primeiro anónimo
Então é fácil ser árbitro?!?!?!?
Obrigado Jornadas Educacionais pelas respostas esclarecedoras,
mas nao sabia mesmo que somos Republica Socialista Democratica,so vejo discursos socialistas e ATITUDES capitalistas, talvez pela minha pouca "andanca" politica, ou ate minha ignorancia.
a unica razao pela qual interfiro na POLITICA 'e o facto de tentar compreender a realidade de modo a poder gerar solucoes para os projectos socias que financio.
Nao me agrada, ser prejudicado,perder-se a possibelidade de contribuir para desenvolvimento HUMANO, por nao ter opcao politica partidaria, e sendo forcado a te-la, optei pelo MDM que nao me forcou a NADA, parece-me um projecto SUSTENTAVEL ate como OPOSICAO, pois acredito que contribui para melhoria do PAIS.
Eu nao sou da FRELIMO, mas, cantei a minha infancia KANIMAMBO FRELIMO,comi repolho, e acima de tudo ACREDITEI na FRELIMO, estou a tentar compreender porque que me forcam a ter opcao PARTIDARIA FRELIMISTA, e caso nao tenha, tenho todos os processos dificultados, prejuisos financeiros por fazer o que a FRELIMO ontem ensinou-me a fazer: Trabalhar para o meu PAIS, MEU POVO!
Desculpem se os ofendi em algum momento.
Cumprimentos
Abdul Karim
Mogovolas escreveu um texto que, confesso com inveja, gostaria de ter sido eu e escreve-lo. Texto liso, conciso, de paz, baseado na argumentação sólida e não na agressão e má educação.
Olá Refletindo e Abdul Karim
Apenas tentei partilhar o conhecimento produzido e que termina ficando aqui nas Bibliotecas das Universidades de outros países. Já que tem sido dificil publicar sob forma de livro lá em Moçambique, as estantes e a poeira vão se encarregar de passar para a história o que foi produzido.
A propósito do primeiro anônimo, penso que ainda vale o questionamento de Gramsci, o qual também reproduzo com a permissão do Professor Serra:
"vale a pena [...] pensar criticamente, isto é, ser sujeito da história, participar ativamente na produção da história do mundo, sendo guia de si mesmo o que implica a elaboração da própria concepção de mundo de forma crítica e consciente, ou pensar e participar acriticamente da concepção de mundo imposta mecanicamente pelo ambiente exterior - pelos vários grupos sociais? (GRAMSCI, 1995, p 12).
É um desafio que nos cerca diariamente.
Abraços
Nao tenho nenhuma duvida que o cavalheiro lá atras tem mesmo inveja. Escovar os sapatos dos outros da paz e premios.
JHC
Para a anónimo JHC, não tenho dúvida de que Castelo Branco se sentiu valorizado pela forma como Mogovolas o interpelou. Tivesse este último partido para o insulto e para a agressão estes dois moçambicanos não teriam debatido.
Ainda estou para perceber as causas de muitas pessoas pensarem que o protesto, a oposição e o desacordo devem ser expressos com a má educação. Ainda estou para perceber porquê a boa educação e a polidez são considerados sinónimos de engraxar e lamber botas. O anónimo JHC parece perfilhar esta crença.
Não sei se isso é ser lambe botas ou não, mas eu gostei do tom de Mogovolas. Advinha-se um gentleman à distância. E gostaria de possuir a sua arte e a sua placidez para poder discordar de pessoas como V.Excia como ele o fez com Castelo Branco.
Ainda com caro anónimo
A questão que coloquei e talvez outros colocam a tua forma de arbitragem. Bastou que alinhasses com Namitil então ele é o vencedor. Achas meu caro, que se houvesse referendo para o nome da ponte venceriam os pró-Ponte AEG?
Eu tenho impressão que não, pelo menos em todos os fóruns de discussão, mesmos muitos frelimistas assumidos, são contra.
Não estou aqui a dizer que não manifestes o teu pro-Ponte AEG, mas não vais aceitar que muitos são contra esse nome?
Para mim, os teimosos com o nome mostram quão não respeitam a opinião da maioria o que não podia acontecer numa sociedade democrática.
Caro Castelo Branco
Desculpe-me caro compatriota, intrometo-me nisto, mas reconhecendo as suas qualidades de investigador, diria que está tendo uma boa preocupacão ao dizer: Ainda estou para perceber as causas de muitas pessoas pensarem que o protesto, a oposição e o desacordo devem ser expressos com a má educação.
Não quero o responder ainda que é um granda investigador, embora seja em questões económicas. Ah, mas mesmo aí o meu compatriota investiga, por exemplo de como fazer oposicão aos critérios dos sete milhões e pior ainda se a pessoa não atinge a sua altura?
Eu por exemplo, pergunto do que valeu que a maioria, pelo menos, nos fóruns se oposesse ao nome da ponte sobre o Zambeze se apenas dois ou três neste Diário vêem válida a sua posicão?
Bom há muitas formas de oposicão que são estranhas, mas penso (não respondo nada) que só regras democráticas podem evitá-la.
O JHC sabe bem que os anti-escovadores são "mal-criados", pois pois ó Excia mogovolas.
Caros
Pensei que no Comentário Castelo Branco fosse assinatura do Dr. Castel-Branco. Minhas desculpas ao Dr Castel-Branco, porém o texto continua válido ao anónimo em referência
Caro Reflectindo,
Quando me referi no 1º comentário à goleada de Nametil sobre Castel-Branco, fi-lo em função da argumentação de Nametil.
Nametil evidenciou que não está preocupado com o nome da ponte (eu, sinceramente, também não estou);
Nametil está, sim, preocupado com a forma como se vai rentabilizar aquela importante infra-estrutura, ou seja:
> que políticas económicas o governo criou para estimular o desenvolvimento na região que agora ficou melhor servida em termos de aprovisionamento de factores de produção e escoamento da produção?
Nametil, tem os pés na terra, está preocupado com o essencial: melhoria do bem-estar da população camponesa.
Um abraço.
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Analise conteúdos e deixe a graxa na rua anónimo excelencia. E digo mais: a graxa nao alimenta camponeses
JHCanda
Caro Anômimo 1
Crei que seja importante recordar-lhe haver diferença entre a intenção proferida e a intenção pretendida, dentro do que Habermas chamaria de racionalidade estratégica e não comunicativa.
Você argumenta que o Nametil preocupou-se mais com as políticas econômicas criadas pelo governo para estimular do desenvolvimento naquela região central do país decorrente da Ponte sobre o Zambeze.
De que governo você fala? Estado ou Governo?
Insisto sempre em afirmar que o governo-Estado de que você fala é mais demissionário que interventivo. Deveria ler o PARPA I (pena que o texto onde escrevo sobre educação e pobreza tenha desaparecido do meu conputador), onde mesmo governo apostava na força do mercado como motora do desenvolvimento na área Rural. O resultado não tardou a aparecer em Moçambique: os nossos camponeses não tem condições de competir neste mercado global que o governo-Estado aposta como motor do desenolvimento.
Voltando à questão da Ponte: a grande preocupação não é com o nome em si, mas, se a linguagem me permita, é com a guebuzização de Moçambique, levando a que as maiorias nada mais pensem que em Guebuza.
É dessa intoxicação que alguns intelectuais, no sentido gramsciano do termo, estão "lutando" contra. Subjacente à intoxicação, está também a justificativa apresentada para a atribuição do nome. E ainda o fato de o patrono estar exercendo a função pública: o que agrava.
Então, mesmo que não fosse atribuído o nome de AEG, creio que poderia haver discussão em outro sentido: se o nome escolhido corresponde à homenagem. Não é que AEG não seja merecido. Portanto, estamos diante de dois problemas.
Não se me tornei claro.
Abraços
Banthu Ciprix
...) O culto da personalidade é um fenómeno negativo que comporta inevitavelmente pesadas consequências no partido em que se verifique.
(...) É a prática da direcção individual e da sobreposição da opinião individual (mesmo que errada) à do colectivo. É a aceitação sistemática, cega, sem reflexão crítica, das opiniões e decisões do dirigente.
(Álvaro Cunhal - O partido com paredes de vidro)
http://wapedia.mobi/pt/Culto_da_personalidade
Caro anónimo
Penso que as coisas estão ficando aqui muito claras. O Jornadas Educacionais nos seus textos tentou clarificar porquê se resiste à guebuzacão de Mocambique.
Meu caro, todo e qualquer que não seja ingénuo, sabe que a guebuzacão de Mocambique não é gratuita, é um processo muito caro para cada mocambicano. Por acaso Egídio Vaz fez referência disto. Basta ver os 4 helicópteros que voam regularmente e a esposa que tornou-se rainha sete milhões distribuidos sem regras são meios para hipnotizacão. Eu cá dúvido se a ponte da Ilha de Mocambique, do Lúrio, se as construcões das cidades Maputo, Beira, Nampula, Nacala, Pemba, Tete, etc, etc, entre as coisas que estamos a ver e usufruir foram feitas a moda Guebuziana???? O que estamos a assistir é o estilo Coreia do Norte e eu duvido que o meu caro anónimo não esteja a ver.
Se o nome da ponte não fosse importante Guebuza teria o recusado se é que tenha sido proposta do Conselho de Ministros. Entretanto, o nome é importante tanto para ele que quer nos HIPNOTIZAR e para nós que resistimos contra essa HIPNOTIZACÃO.
hipotese, pensamento, o campo de todas as possibelidades.
as duas frentes de combate avancam, os flancos estao a sufocar, e a FRELIMO falta descernimento.
a FRELIMO encontra-se numa pressao politica democratica a que nunca antes esteve exposta,e nao tem argumentos a altura. comeca a falhar, fica nervosa, tenta aparentar calma, mas...
a pressao sente-se. e ela, FRELIMO, falha, e falha.
ainda falta a retaguarda, desguarnecida, esta podera levar a FRELIMO a extremos nunca antes vistos, democraticamente ela devera comecar a estalar, raxar,quebrar.
novas tomadas de posicoes deverao acontecer nas proximas horas.
a ideologia, a crenca, ja nao estao la.
a retaguarda desguarnecida.
agora, agora, agora, podera ser agora que tomba, antes das eleicoes.
hipotese, pensamento, o campo de todas possibelidades.
1. Caro JHCanda
devolvo-lhe a sua graxa, e a excelência, pois enganou-se no destinatário, e ser-lhe-á certamente útil para utilizar em quem costuma lustrar, ou da forma que melhor entender!
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2. Caro Jornadas Educacionais:
Vejamos o essencial do que pretendi evidenciar:
Defendo que os investimentos públicos em infra-estruturas novas ou na manutenção e conservação das existentes, devem estar associados a políticas económicas específicas que atraiam investidores para essas regiões, ou seja: defendo que esses empreendimentos constituam, de facto, Activos do Estado potenciadores de geração de riqueza, fundamentalmente, por via do crescimento económico que podem induzir na zona.
Tenho percorrido o país e vejo um enorme progresso na manutenção e conservação de vias de acesso, mesmo rurais: porém, a circulação de pessoas e bens é, na maior parte dos casos insignificante, donde, os impostos resultantes da actividade económica da zona de influência dessas infra-estruturas, não chegam, seguramente, para pagar a sua manutenção, ou seja: na prática, as estradas não são Activos do Estado (criadores de riqueza) mas sim Passivos (geradores de custos /pobreza), por falta de uma política realista de incentivos à actividade económica nessas regiões.
Foi esta perspectiva que encontrei nas cartas de Nametil e com a qual me identifico: mais do que o debate teórico sobre o nome da ponte (o que não quer dizer que com ele concorde) importa, essencialmente, maximizar o potencial efeito indutor da mesma no crescimento económico da região e, consequentemente, na melhoria do bem-estar das suas gentes.
De que governo falo? Do único que temos! Quer queiramos, quer não, foi legitimamente eleito ao abrigo da CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA (multipartidária e aberta às forças de mercado/ CAPITALISTA) que o próprio Estado, Soberano, “criou”, e aceitou, democraticamente, respeitar. Falo do executivo, de quem tem a responsabilidade de por em prática as políticas e se sujeita periodicamente à vontade dos eleitores.
> É evidente que um Governo com maioria absoluta e com gente da sua confiança à cabeça de todos os poderes previstos na Constituição, se confunde com o próprio Estado. Mas isso, são, no meu entender, assuntos para outros debates.
Claro que, lamentavelmente, é evidente o crescente culto de personalidade na era Guebuza, aliás, uma vez mais, bem evidenciado na própria cerimónia de inauguração: (i) na tribuna de Sua Excelência, como em todas as tribunas dos comícios que Guebuza faz, mesmo nos mais recônditos lugares, nas presidências abertas e noutras ocasiões, lá estava, bem visível e encaixilhada, a fotografia oficial do Presidente da Republica (para que todos pudessem confirmar tratar-se do próprio);(ii) um dos grupos de canto e dança de tufo, de Nampula, que actuou na cerimónia, chamava-se nada mais nada menos que “AGUEBAS” (A de Armando e GUEBAS, diminutivo de Guebuza) e foi evidente a satisfação, o extâse com que Guebuza seguiu a actuação; (iii) ao intervir, o Ministro da Construção começou por, de punho no ar, e à boa maneira de Samora, “mandar” uns vivas ao Presidente AEG, à Ponte, etc., etc.; perante a fraca resposta dos presentes, “disparou” mais ou menos isto: “héé, você ai, não levanta o braço, porquê ? está contra?” e voltou aos vivas, para enlevo de todos.
MAS, (i) entre priorizar a discussão sobre um facto consumado, o nome da ponte, que o Conselho de Ministros deliberou ser decisão irreversível (com “receio” que Guebuza, que não esteve presente nessa sessão, viesse a anular tão importante deliberação) e,
(ii) chamar à atenção do executivo para a necessidade de encontrar formas de rentabilizar essa mesma ponte - como alertou Nametil - inclino-me fortemente para esta segunda hipótese: sem desmerecer os malefícios da gueburização.
Um abraço
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COCORICOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!
VAMOS TODOS VOTAR!
MOCAMBIQUE PARA TODOS!
COCORICOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!
VAMOS TODOS VOTAR!
MOCAMBIQUE PARA TODOS!
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VAMOS TODOS VOTAR!
MOCAMBIQUE PARA TODOS!
MZ
Meu caro Anônimo
Agradeço o debate de ideias que está proporcionando, sem ataques pessoais. Vejo que concordamos em alguns aspetos e, certamente, discordaremos em outros. Ao final de contas somos, e acredito que sejamos, dois intelectuais, no sentido gramsciano do termo, pertecentes a bloco históricos diferentes.
Não sou economista, mas sim um razoável aprendiz da história da Filosofia e também educador. A minha intervenção deve ser examinada nessas duas perspectivas. Vamos ao debate:
1. Você defende que as Infra-estruturas, como passivos do Estado, poderão potenciar o desenvolvimento/crescimento econômico, desde que haja políticas econômicas que atraiam investimentos para esses locais.
2. Em parte concordo com o teu argumento. A minha discordância está na defesa do economicismo subjacente ao teu argumento. No campo das políticas de educação, que é a minha área de atuação, temos defendido que o grau de escolarização da população de um país constitui um dos melhores atrativos de investimentos.
Isto porque os investidores, antes de aplicarem o seu dinheiro em algum país, por mais que haja políticas econômicas atrativas (como benefícios fiscais), olham primeiro para os índices educacionais. É nessa perspectiva que eu vejo ser dificil a ponte, por si própria, poder potenciar o crescimento/desenvolvimento econômico da região de que você fala. O Estado moçambicano, por diversas razões a que tenho chamado atenção nos meus escritos sobre o direito à educação, é mais demissionário do que interventivo, oferecendo a educação em doses homeopáticas.
Alias, o jornal notícias publicou uma reportagem há 3 semanas na qual a Diretora Distrital de Educação de Caia reclamava das condições de trabalho e da falta de escolas na região. Conforme a Diretora, algumas milhares de crianças corriam o risco de não concluirem o ensino básico cuja obrigatoriedade, conforme a Lei 6/92 de 6 de Maio de 1992, é progressiva de acordo com o nível do desenvolvimento do país. No PARPA I e II é afirmado que os moçambicanos são pobres porque tem falta de educação e não tem educação porque são pobres.
Veja, além de circular, o argumento responsabiliza o indivíduo pela pobreza e pela falta de educação e esta está atrelada ao desenvolvimento do país que, na sua ótica, será potenciado, por exemplo, pela ponte recém construída. Será mesmo?
Temo que daqui há 10 anos tenhamos de olhar para trás e vermos que ao final de contas a nossa previsão tornou-se o passado de uma ilusão. O buraco, conforme me parece, está mais em baixo. No lugar de culto à personalidade para entrar forçosamente na história, porque não buscar tirar os moçambicanos da marginalidade cultural, condição para que cada um assuma-se como sujeito da sua própria história e, coletivamente, da história do país?
Abraços
AC
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