Multiplicam-se preocupações, reuniões e medidas para fazer face ao que parece ser um pico sismológico da sinistralidade rodoviária no país. Hoje, por exemplo, estava difícil chegar à Matola devido a um aparatoso acidente envolvendo primeiro um autocarro e uma viatura creio que ligeira e, depois, choques em cadeia.
Alguém me telefonou hoje pedindo-me que tentasse explicar o que se está a passar.
Creio que aqui e acolá já surgiu a crença de que algo de sistemático, de programado, de traçado pelo destino, de extra-humano, está à retaguarda causal dos muitos acidentes que têm acontecido. Acaso? Não, nem pensar, dirão muitos, como um dia disse o matemático Émile Borel: o acaso é apenas o nome dado à nossa ignorância.
Mas - vamos lá fazer intervir o bom senso -, os acidentes que têm acontecido e que se tornaram, de repente, a manchete da nossa imprensa (suplantando a coqueluche do "conflito" homem/fauna bravia), não serão mero produto do acaso ou de mero cruzamento de séries causais independentes?
Ou será que - excluindo a acção premeditada dos maus espíritos e de algum incumprimento de rituais propiciatórios -, atrás daquilo que é a absoluta individualidade, irredutibilidade de um determinado acidente, existe um conjunto, eventualmente pequeno, de situações causais, socialmente determinadas? E que a quantidade de acidentes registados é como que a consequência lógica e ampliada dessas situações causais?
(continua)
3 comentários:
Como ja comentei noutro post, um acidente resulta sempre de uma combinacao de varios factores (em proporcao distinta e variavel, para cada caso) que devem ser devidamente investigados, registados e corrigidos.
E verdade que em mais de 90% dos casos o factor que mais tem contribuido e o factor humano (nas suas mais distintas variantes).
Mas chegados a este ponto e preciso discutir devidamente o que chamamos factor humano - quando falamos de acidentes de viacao que estao ceifando vidas nas nossas estradas.
Quais sao os factores humanos determinates no caso de Mocambimque? E essa pergunta que tem de ser respondida, antes de tudo.
Acredito que depois de responder essa pergunta podemos discutir possiveis solucoes/medidas correctivas.
Agora, correr no sentido de apresentar solucoes paliativas como agravar as penalizacoes (por si so), nao sei se resolve o problema. A menos que alguem esteja sugerindo que este o factor que mais tem contribuido para o comportamento dos actuais actores.
O acidente que ocorreu ontem (menos de 24horas apos o concorrido workshop) mostra bem que o assunto exige uma accao muito mais cuidada do que o simples acto de colocar numa sala varias cabecas a ouvir discursos "bem elaborados".
A seriedade do assunto exige outras abordagens...esta muito para alem da pura abordagem politica.
ja escrevi muito...
Inacio Chire
Prof.
Secundando o Chire(que saudades dos debates na antiga TVM), quero acrescentar alguns pontos:
1. Polícia de transito profissional;
2.Patrões de chapa e camiões a contratarem motoristas com qualidade e acima de tudo mais de 40 anos a conduzir os camiões (reparem que sempre que há um acidente o motorista que bateu foge),chapas e quejandos.
3.INAV fazer inspecções nos autocarros e retirar da circulação os que não estão em condições.
4.Escolas de condução serem vistoriadas há muitas escolas falsas.
sem mais.
Rico mundo de sugestões e possibilidades aqui deixam, vamos a ver a continuidade da série. Obrigado.
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