Prossigamos esta série, discutamos o tema.
Escrevi no número anterior que a raça não preexiste à sua criação social. Ela é uma criação definitivamente social. Tudo isso parece ou banal ou aberrante, não é? Pergunta lógica e clássica: então se eu sou negro (por exemplo), como posso ser uma criação social? Sou imediatemente negro e não esse bizarro social do Sr. Carlos Serra.
Sem dúvida que o meu interlocutor imaginário tem razão na sua lógica percepcional. Mas o problema é que essa lógica não nos chega pelos genes, numa jangada ADN viajando em nosso sangue primordial. Não nascemos a classificar os outros em raças superiores e inferiores, em raças nobres e vis, em raças mais inteligentes e menos inteligentes. Aprendemos a classificar, a atribuir pesos, a hierarquizar. Mas em função de quê? Vamos lá caminhar um pouco pelo início da resposta.
Numa obra clássica, o sociólogo alemão Max Weber escreveu um dia o seguinte: "O poor white trash pobre, os Brancos que não possuíam nada e que levavam muitas vezes uma vida miserável quando faltavam as ocasiões de trabalho livre, eram na época da escravatura os verdadeiros portadores da antipatia racial - totalmente estrangeira aos plantadores - porque a sua "honra" social dependia directamente da desclassificação dos Negros" (Economia e Sociedade/2, edição francesa da Plon/Agora/Pocket, 1995, vol. 2, p. 133).
Pausa. Prosseguirei.
Nota: já agora, um vez que Obama é o pretexto desta série, saiba dos dez desafios que ele vai ter de enfrentar, aqui. Obrigado ao Ricardo, meu correspondente em Paris, pelo envio da referência.
1 comentário:
Nem a pobreza absoluta nem a luta contra o HIV/SIDA no mundo constam dos grandes desafios!
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