06 fevereiro 2008

Maputo fantasmada hoje

Esta manhã Maputo está ainda sem chapas. E também sem os autocarros dos TPM. Uma senhora do Bairro de Inhagóia disse-me que há muita gente na estrada, mas que não há chapas, embora circulem viaturas. Um jornalista confirmou o facto e acrescentou que alguns chapistas afirmaram que o preço dos combustível tem de baixar. Alguns interprovinciais arrancaram de forma tímida. Enquanto isso, há escolas e lojas encerradas. Ar desolador por todo o lado, com inúmeros contentores de lixo ocupando estradas ou tombados, muito lixo espalhado. O diário "Notícias" não exibe hoje a sua versão online. A cidade está fantasmada.
1.ª adenda às 8:57: tal como afirmei à STV e à BBC, tivemos ontem um sismo social de magnitude eventualmente moderada numa hipotética escala social de Ritcher. Deixem-me propor-vos que fizemos face a tremor social com uma magnitude digamos que entre 5 e 6, algo que provocou muitos danos, mas que não abalou edifícios sociais. Todavia, o sismo revelou uma coisa: a criação de uma área vulcânica definitiva, apontando para futuros sismos sociais caso surjam medidas estatais impopulares. Ontem, o vice-ministro do Interior afirmou que o Estado agiria duramente em caso de perturbação da ordem. Mas uma acção policial musculada em nada vai resolver os problemas dos quais os preços dos chapas e do pão foram e são apenas a ponta do iceberg - tal como afirmei à STV. E temos agora o Estado entalado, refém das suas próprias medidas e a contas com uma impopularidade que importará estudar no futuro: por um lado, correu tardia e receosamente em socorro dos revoltosos (as eleições estão próximas e temos uma Maputo que, a braços com uma urbanização imparável e inúmeros problemas sociais, guarda ainda a memória dorida das explosões de Malhazine) e voltou à estaca anterior no tocante às tarifas dos chapas, quando antes não teve qualquer pejo em autorizar a subida. Por outro, tem agora de fazer face à aparente greve dos chapistas, que não aceitam o retorno às tarifas anteriores. A greve dos chapistas paraliza empresas e funcionalismo público. Enquanto isso, o preço do pão mantém-se.
2.ª adenda às 9:18: falo amanhã, a partir das 7:30, no programa "café da manhã" da Rádio Moçambique, a propósito da revolta popular em Maputo.
3.ª adenda às 9:21: chamei ontem a atenção na STV para o facto de que a revolta popular tinha grandes contingentes de jovens e de mulheres. Tentar atribuir a esses jovens e a essas mulheres o papel de arruaceiros irracionais é ofender quem sofre, é ofender o povo, é defender que o povo é bovino, que é carneiro, que é fácilmente manipulável por "forças externas". Tentar atribuir à revolta popular o selo de uma determinada cor política é uma maneira penosamente pouco inteligente de fugir à realidade dos problemas. Tentar vestir a revolta com cores étnicas não tem qualquer indicador comprovante. Quem se revoltou tinha apenas uma etnia: a do protesto, a da dor, a do sofrimento. Tentar remeter para os preços internacionais do petróleo e da farinha de trigo a razão de ser dos preços internos tem obviamente lógica em cima, mas não tem lógica em baixo, lá ou cá onde vive quem passa dificuldades.
4.ª adenda às 9:34: tal como coloquei como hipótese ontem na STV, a geografia da revolta de ontem estava e está préfigurada nos linchamentos urbanos, na privatização da justiça que eles representam, especialmente em Maputo e Beira. São exercícios de insatisfação, de protesto popular contra um Estado distante ou impopular. Veja-se o caso do Bairro de Inhagóia. Este é um campo que tentarei trabalhar no futuro.
5.ª adenda às 9:41: quais foram os alvos dos descontentes? Tudo aquilo que simbolizava propriedade, poder, símbolo de mal-estar: lojas, bombas de gazolina, padarias, bancas de venda de pão, viaturas, chapas, etc.
6.ª adenda às 9:47: atiram pedras às viaturas na estrada nacional n.º 1, informação que me acaba de ser prestada via celular.
7.ª adenda às 9:59: cenário dantesco, parece que saiu de um filme de guerra, ali na estrada nacional n.º 1, logo a seguir ao Hospital José Macamo para quem vai para a Matola: muitos obstáculos na estrada, sinais de destruição por todos os lados.
8.ª adenda às 10:08: filas enormes na portagem de Maputo, que funciona a meio-gás.
9.ª adenda às 10:27: um assistente meu acaba de me informar por sms que há manifestações intensas na Gare de Mercadorias (para quem vai para o Xiquelene, fazendo fronteira com o Polana Caniço e Xiquelene), o alvo são as padarias, reclama-se o preço do pão.
10.ª adenda às 10:32: faltam muitos trabalhadores, bombas de gazolina não atendem automobilistas. Há indicações de novos problemas da zona do Benfica em direcção à baixa da cidade, há gente a sair da baixa. Parece que há também protestos pela falta de chapas.
11.ª adenda às 11:05: a manchete do "Notícias" de hoje tem o seguinte título a seis colunas: "Subida doa "chapas" gera vandalismo". Eis como começa o primeiro parágrafo: "As cidades de Maputo e Matola viveram ontem momentos de grande turbulência, quando populares e oportunistas se manifestaram de forma violenta contra a subida das tarifas dos transportes semicolectivos de passageiros, que ontem mesmo deveria entrar em vigor".
12.ª adenda às 11:10: acabam de me informar que um carro foi queimado no Bairro do Benfica.
13.ª adenda às 11:49: segundo um assistente meu, anda gente e um tractor a removerem as barricadas no Bairro de Inhagóia, designamente troncos de árvores. Mas não circulam chapas. Uma moradora de lá disse-me há momentos o seguinte: "A cidade de Maputo está bonita quando olhamos nos bairros. Vá ver Inhagóia!"
14.ª adenda às 12:06: a situação está calma na cidade da Beira, chapas circulam nornalmente segundo um jornalista da Rádio Moçambique com quem falei há momentos.
16.ª adenda às 12:44: alguma inquietação na cidade do Xai-Xai, onde os chapistas praticam tarifas diversas. Mas não está a ser aplicada a tarifa que devia ter entrado em vigor ontem e que está agora suspensa pelo governo (Rádio Moçambique, noticiário das 12:30).
17.ª adenda às 16:24: Rádio Moçambique disse-me que amanhã já não falarei lá no "café da manhã"; continua a não haver chapas na cidade; muita gente no Museu, mas os chapas não passam.
18.ª adenda às 16:44: ontem, manifestantes partiram os vidros do carro do jurista Custódio Duma, da Liga dos Direitos Humanos.
19.ª adenda às 17:07: o porta-voz do partido Frelimo, Edson Macuácua, afirmou ontem que "O aumento do custo do combustível que se verificou recentemente no país não resulta da vontade do Governo, mas do aumento do mesmo no mercado internacional”, e que "o Executivo não se tem poupado a esforços para reduzir o impacto do negativo do aumento combustível. Condenou qualquer tentativa de aproveitamento ou desinformação da população sobre a situação real e apelou para o aumento da produção e produtividade." Do lado da Renamo, um comunicado afirma que "Apelamos à ordem, à tranquilidade e à busca de soluções que satisfaçam os revoltosos” e que “O petróleo que usamos é importado do grupo OPEP, e é a este nível que se situa a definição dos preços de combustíveis”. O líder do partido Aliança Independente de Moçambique, Khalid Sidat, condenou a violência mas "considerou justa a reivindicação da população porquanto, segundo afirmou, o custo de vida está cada vez mais a aumentar e os se tornar insuportável para o cidadão comum. Acrescentou que enquanto os salários crescem a proporções aritméticas, o custo de vida cresce a proporções geométricas. A população tem toda a razão de se manifestar. Aliás, o direito a manifestação é um direito constitucional.
2o.ª adenda às 17:14: não há ainda resultados das conversações entre o Governo e a Federação Moçambicana dos Transportadores em relação às tarifas a praticar futuramente nos chapas.
21.ª adenda às 17:48: tal como acontece nos linchamentos na periferia de Maputo, o pneu incendiado surgiu com frequência no levantamento popular de ontem. Elemento lúdico da vida das crianças humildes, como exemplarmente mostrou o Gudo, um dos meus estudantes, ele foi, também neste caso, um elemento motor de cartarse. O pneu é onde, em meu entender e por hipótese, se interceptam a geografia do levantamento e a geografia dos linchamentos cíclicos.
22.ª adenda às 17:58: o deputado da Renamo, Manuel Araúdo, escreveu uma carta aberta ao presidente da República, Armando Guebuza, a propósito do levantamento popular em Maputo. Confira aqui.
23.ª adenda às 18:53: Eis o que está escrito no portal do imensis: "Face à falta de trabalhadores e aos bloqueios de estrada, o pão é o primeiro bem de primeira necessidade que começa a faltar na cidade o que, se a situação se prolongar, sem dúvida acontecerá com outros produtos igualmente essenciais - com a rotura das cadeias de produção e distribuição." Confira aqui.
24.ª adenda às 19:00: não se consegue encontrar gazolina à venda na cidade.
25.ª adenda às 19:50: a Rádio Moçambique (RM) dedicou hoje, no seu noticiário das 19.30, destaque aos levantes populares na cidade. Enquanto isso, o secretário-geral do partido Frelimo apelou à calma e à não participação nas manifestações, tendo pedido às estruturas dos bairros que denunciem os agitadores (sic). Por outro lado, o bastonário da Ordem dos Advogados apelou ao respeito pela ordem e ao diálogo, sugerindo que a polícia fosse mais comedida no emprego da força. De acordo com a RM, ainda, no bairro de Malhazine já circulavam esta noite algums chapas.
26.ª adenda às 19.54: o ministro dos Transportes e Comunicações, António Munguambe, afirmou há momentos que amanhã prosseguirão as negociações com a Federação Moçambicana dos Transportadores e que eventualmente, amanhã já, deverá ser conhecido o resultado. E enquanto os transportadores afirmaram que não vão sair à rua amanhã, o ministro pediu-lhes com veemência que saíssem (RM, 19.30).
27.ª adenda às 20:44: confira o que disse a BBC hoje de Maputo.
28.ª adenda às 20:40: três mortos e 268 feridos - eis o rescaldo dos levante popular de ontem, segundo a estação televisiva TVM no seu noticiário das 20. Mas segundo o "O Paísonline", calcula-se em 93 o número de feridos que deram entrada no Hospital central de Maputo, dos quais 25 continuam ainda internados. Confira aqui.
29.ª adenda às 22:21: Bayano Valy critica os órgãos de informação pública pela abstenção que mostraram em relação à revolta popular de ontem. Confira aqui.
30.ª adenda às 22:42: siga o relato em inglês feito por Paula Góes do Global Voices a propósito da revolta popular, da cobertura feita e dos comentários de leitores.

38 comentários:

Leonardo Vieira disse...

Bom Dia!
AS escolas Industrial 1º de Maio e 16 de Junho estão em aulas. Dê uma Vista de olhos no meu Blog Coisas de Moçambique. Tentei analisar o fenómeno de uma perpectiva Psicológica. Espero ter ajudado. Vamos analizar em colaboração, para em conjunto tentarmos discortinar.

Abraço

Carlos Serra disse...

Obrigado!

Anónimo disse...

http://uk.youtube.com/watch?v=Us6mahRHR78

Anónimo disse...

Professor, uma pequena correção na palavra gazolina. Acho que queria escrever gasolina.

Anónimo disse...

Caro Professor,
Como sempre sinto-me na obrigação civica de lhe agradecer pela informação aqui oferecida.

Bom trabalho,

Cumprimentos.

Leonardo Vieira disse...

Há informação não confirmada de tiroteios na zona da coop, perto da Praça da OMM.
Pode Verificar??

A.Rosario disse...

Os meus parabéns ao professor Carlos Serra por nos tentar manter sempre informados.

Obrigada

Edrisse Mussá disse...

Carro sendo queimado e as rádios a passarem música.

Anónimo disse...

Professor, eu tenho acompanhado o seu blog de 5 em 5 min....é única fonte que esta nos actualizando com o que ta se passando....
Ta de parabens...e peço que continue nos informando....Obrigado

NB: Ouvi que esta vindo um grupo grande de Matola (não tenho certeza)

Anónimo disse...

Interessante neste levantamento popular: ninguém levou a sério os sms,ninguém do Serviço de Informação de Segurança do Estado detectou uma reunião sequer dos organizadores....curioso não é? Relaxamento?Conivencia?Substimação?

Nelson disse...

"Relaxamento? Conivencia? Substimação?"

Substimação eu penso. Ninguém esperava que moçambicanos que já nos habituaram a "sofrer calado" fizessem oque fizeram.

Anónimo disse...

Boa Tarde,
Agredeço a informação actualizada que nos tem vindo a fornecer. É muito importante.
Deixo somente um comentário:
"ao ritmo que vamos, pelo que vejo o governo não está a envidar esforços para a acabar com a pobreza absoluta, mas sim a acabar com os "pobres". Qualquer dia acordamos, e esta camada social estará em extinção.
É lamentável verificar que o povo tudo faz para ter uma vida condigna, sem se tornar no amigo do alheio e lá vem a elite pouco se marimbando, decretar isto e aquilo, para depois em Abril, verificarmos um aumento do salário mínimo em cerca de 100 Mtn.
Mais, não disse...."

Anónimo disse...

oiço rumores que se está a atacar padarias... alguém pode confirmar? e se sim, aonde?

Leonardo Vieira disse...

Boa tarde!
Estou a voltar agora da rua e:
-As escolas estão encerradas.
-As pastelarias não fizeram pão hoje (a minha doméstica rodou por 3 ou 4 sem sucesso)
-As mercearias estão fechadas desde às 11, por temerem a volta dos Tumultos.

LP Camisasca disse...

Boa tarde.

Sou o Luis Paulo, brasileiro em missão aqui em Maputo.

Escrevi um pouco sobre o acontecido aqui em Maputo para divulgação na imprensa brasileira. No entanto, não tenho nenhuma foto para complementar o material.

Se alguém tiver alguma, peço enviar para lpbrasil@hotmail.com
Obviamente colocarei o devido crédito.

Valeu!
Luis Paulo Camisasca

Anónimo disse...

Parece que é altura de rever uma vez mais Simel, que disse mais ou menos isto. Se toda interação humana é uma forma de sociação, o conflito uma das mais vividas formas de interação é também uma sociação. de certesa este conflito a sair do estado de adormecimento vai obrigar a estreitar mais os laços entre os actores sociais. E também é importante rever Ted Gurr que disse quando os populares estão descontentes amotinam-se quando são as elites cospiram...

Anónimo disse...

Durante dia de ontem houve fortes prebre os dois principais canais de televisao e RM para "moderarem" linguagem, imagenes e directos dos tumultos. Responsaveis dos tres orgaos foram chamados às capelas do poder para serem "sensibilizados" sobre a situacao. As fontes sao de primeira agua.
Como dizia alguuem ... querem tapar o sol com uma peneira ...

Anónimo disse...

Sobre o que escreveu o último "bloguista", tentativas para cercear a informação ao povo. É MAU para a nossa incipiente democracia, são sinais tenebrosos do que nos espera. Primeiro ameaçam jornalistas a seguir prenderão os mais ousados. Se o nível de contestação e de instatisfação popular crescer, começará a caça às bruxas e aí compreenderemos porque determinados departamentos tiveram um reforço no orçamento...

Anónimo disse...

desculpem ... queria dizer fortes pressoes sobre RM, TVM e STV

micas disse...

Alguma explica�o para j� n�o ir ao "Caf� da manh�"? por parte da R�dio Mo�ambique?

micas disse...

Sobre a última adenda só posso deduzir que tenha sido um lamentável equívoco.

Anónimo disse...

É micas...bateu uma curiosidade nem? Porque lhe "cancelaram" professor?

Nelson-Chiveve

micas disse...

Nelson, quer ver que me ponho a advinhar? ...é que o Professor poderia dizer alguma verdade...parece que as verdades andam a incomodar certos Senhores

Carlos Serra disse...

Apenas me disseram que cancelaram e que deverá ficar para a próxima semana.

Anónimo disse...

Sim depois de a " sopa " arrefecer...

Nelson disse...

Deixe-me usar o meu "lado insultuoso"! Qual próxima vez qual nada! Próxima vez que houverem manifestações? Que os chapas o pão, a farinha ou o arroz subirem? Qual próxima vez qual nada! Vamos ver se não haverá café da manhã amanhã. Vamos ver qual será o tema. Vamos ver que será convidado dessa vez.

À Micas:
Se me forçassem a adivinhar eu ia por ti. Já há pouco nos "mandaram calar" a mim a ao Eduardo White usando o seguinte "pensamento da tarde":

"É MELHOR CALAR-SE E DEIXAR QUE AS PESSOAS PENSEM QUE VOCÊ É UM IDIOTA DO QUE QUERER FALAR(escrever) E ACABAR COM A DÚVIDA"
acréscimo entre parenteses é meu.
Nós escolhemos acabar com a dúvida.

Anónimo disse...

É lamentável e louvável ao mesmo tempo o facto de este ser o único espaço em que podemos acompanhar a informação cronológicamente organizada e completa...é impressionante e vergonhoso como os canais de informação passam música e programas de entretenimento enquanto lá fora as pessoas se apedrejavam,os carros destruídos, os estabelecimentos comerciais atacados, entre outros acontecimentos que marcaram a onda de insegurança, revolta, egoísmo e destruição desde ontem...pobre é o governo e as suas ideias...autênticos farrapos humanos...é triste!
Metam a mão no bolso e devolvam o imposto suado do nosso povo...
Moçambique é um país rico e com potencialidades para ser auto suficiente, em gás, petróleo e outros recursos naturais...porém explorado desmedidamente, pela boa vontade dos seus governantes em parceria com entidades estrangeiras que cada vez mais sugam o que um dia podia ter sido nosso...

Anónimo disse...

A "mensagem oficial" de desvalorização daquilo que se passou ontem em Maputo, vai custar muito caro a este país. E não é necessário ser profeta para adivinhar a breve prazo dias muitos complicados.

Por essa razão deveriamos centrar os nossos esforços na tentativa de persuadir quem manda, a entender o fenómeno á luz daquilo que lhe deu origem, e a sua genuina aceitação entre práticamente toda as classes de renda média e baixa de Moçambique.

Para saber colocar pneus a arder na estrada e arremessar pedras certeiras ás viaturas que passam, não é necessário ser-se um terrorista treinado. Basta ter sido criança e crescido num dos nossos bairros mesmo na zona do cimento.

Ou... em alternativa, ter filhos com fome em casa.

Anónimo disse...

Professor,

deixava aqui o endereço do site da presidência da república, que permite contactarmos com a aludida instituição.
Propunha que enviassemos uma mensagem ao Presidente Guebuza a chamar a atenção do mesmo para não subestimar os tumultos de ontem, sob pena de se estar a deixar crescer um monstro que depois de tornará difícil de controlar.
E chamar a atenção para que esta nossa elite política comece a prestar mais atenção ao povo que lhes elegeu.
O problema é que estes nossos políticos esquecem-se das suas origens e de que as pessoas que passam estas dificuldades são seus primos, tios e incluvive irmãos.
Os nossos novos ricos só pensam em encher os seus bolsos, custe o que custar. E que se lixe o Zé Povinho.
enfim... Fica o link, depois basta clicar em "contacte-nos" e deixar a mensagem.

http://www.presidencia.gov.mz/

Anónimo disse...

Apenas para esclarecimento, a falta de gasolina deve-se ao atraso do Tanker em Maputo, conforme informado pela Total aos seus clientes já no dia 31 de Janeiro. Da minha análise, tal atraso, juntamente com os tumultos, que levaram ao encerramento de várias bombas, provocou uma falta de gasolina que não se deve, contudo, aos tumultos mas sim a atrasos já previstos, que não foram comunicados publicamente para evitar uma situação de "corrida à gasolina", e cuja falta foi potenciada pelo encerramento das bombas.

Carlos Serra disse...

Muito obrigado pelo esclarecimento.

Anónimo disse...

Devo concordar com a opinião de um predecessor neste blog. De facto o governo não deve nem pode minimizar a manifestação de ontem. O pronunciamento de muitos cidadãos, particularmente mulheres,que tivemos oportunidade de ver pela televisão,manifestam ira, desilusão,falta de perespectivas de vida, em suma tudo ao contrário do discurso triunfalista do governo( então o estado da nação não é bom?) Espero que desçam do pedestal de arrogância e vejam o povo mais de perto. Ontem foi greve dos chapas, hoje do pão, amanhã do carapau...
Por outro lado, considero despropositado o pedido do Sr. Paunde para os secretários do Bairro(na verdade, orgãos de base do Partido Frelimo) denunciarem os agitadores. Vai começar a caça as bruxas...como algém já referiu neste blog.

Anónimo disse...

A STV mostra as mesmas imagens desde a manha de 3a feira....As mesmas durante 48 horas!!!

TVM , RM , Noticias e agora STV...
A censura já comecou meu caros...
So sobe na carreira quem tem cartao do partido...
Agora me digam, PIDE e SISE, ha alguam diferenca?
É que já ha informacoes que estao a ser presas varias pessoas nos bairros... A miramar tem dado imagens incriveis, inclusive de pessoas presas arbitrariamente...

Sinceramente, os 3 dias que o governo pediu nao passam de tempo para eles prenderem o maximo de gente possivel, instalarem o panico e o medo , e assim acabarem com a confusao. Só que os IDIOTAS nao aprendem com a historia e a REPRESSAO só origina mais revolta...E esquecem-se que a FRELIMO foi originada pela repressao....Mas enfim, a historia se repete mesmo...

É triste o rumo que o nosso páis está a tomar...Parabens Guebuza!

PENSEM NISSO

PS - há dias a Al JAzeera falou do POL POT...descobri que em 3 anos de governacao ele conseguio arruinar o pais e matar 1/4 da populacao!! 3 anos!!!!!!!

Robert Mugabe nao anda muito longe disso....e Guebuza ? Nao caminhara para la ?

Anónimo disse...

O probema não é o aumento dos chapas e do pão. O problema são os salários miseráveis da maioria dos moçambicanos. O problema são os rendimentos fabulosos da elite chegada ao poder em Moçambique.
Em Moçambique não há uma classe média que sustente o Estado politica e financeiramente ou seja não há uma redistruibuição equitativa da riqueza. Há os que vivem de um lado e do outro, os que sobrevivem e foram estes últimos que estão a fazer sentir a sua voz. Em 32 anos de independência a grande maioria da população não obteve nada de substancial, antes pelo contrário pois se fizermos projecções de desenvolvimento a partir de 1973 verificariamos que o nosso nível de desenvolvimento social e humano seria muito maior. Só não vê quem não quer.
O que se passou foi só o prenúncio do que está a minar e abalar a sociedade moçambicana, um pequeno abalo sísmico (como diria o prf Serra) que poderá despoletar um verdadeiro tsunami com graves consequências sociais, económicas e políticas que poderão, em último caso, acabar com as fronteiras coloniais impostas e com a identidade moçambicana também imposta pelo colonialismo e termos não um mas vários países agrupados mais pelas etnias do que pela unidade do "Rovuma ao Maputo". Falta ao país um verdadeiro líder com o carisma de S. Machel que se identificava e aproximava do que na verdade faz um país: o seu povo.
Tudo isto serviu para o povo perceber que pode ir mais longe e que estas acções serviram de "treino" para o futuro se entretanto nada for feito para de facto, aumentar o poder aquisitivo da população.
Lembrem-se que no oceano as grandes ondas, destruidoras, começam sempre numa ppequena ondinha.

Anónimo disse...

Niassa,

clap, clap, clap.

Bato palmas à análise que fizeste desta situação e do estado actual do país.

É como dizes, por agora parece que foi só um "treino".

Todavia, temo que nem assim a FRELIMO acorde para a realidade e, aí sim, correremos o risco de vermos um dia o tal tsunami a chegar.

Uma coisa é certa. As eleições do próximo ano vão ser decisivas para os próximos 15/20 anos deste país.

Na minha modesta análise "futurológica", prevejo 2 cenários possíveis: a RENAMO ganha e a "vechia signora" FRELIMO cai do pedestal. Ou a FRELIMO faz uso de trambiquices e fraudes que lhe reconduzem ao poder, com o previsível despertar de reacções imprevisíveis por parte do povo e RENAMO.

Os 2 cenários hipoteticamente descritos são bastante delicados, pelo que aguardo com expectativa as eleições de 2009.

Anónimo disse...

No meio do sentimento expresso por inumero cidadaos aqui e em varios outros canais e incrivel como a teoria da "mao externa" e o apelo a calma e denuncia aos agitadores a unica resposta que se obtem de quem manda. Mas ainda nao vi qualquer explicacao ao facto de o governo ter acordado com os transportadores um aumento de 33% e 50% nas duas tarifas. Ou foi somente um acordo para por mais MT 2.5 em cada uma das tarifas? E que, se bem me recordo, nunca houve incrementos salariais por valor, mas sempre por percentagem. Entao, qual e a justificacao para um aumento de 33% e 50% no custo dos chapas? Acho que uma explicacao seria suficiente para calar os arruaceiros, agitadores e prevaricadores da mao externa!! ou melhor as mamanas agitadoras e arruaceiras que comecaram com tudo la pra as bandas do Benfica, Inhagoia, Malhazine,CMC,...

Anónimo disse...

Nao estaria na hora de uma CARTA/MANIFESTACAO de repudio contra a TVM e RM ???

Desculpem-me mas é revoltante o que está a acontecer e nao deveriamos deixar assim em branco!!

É muito triste e até assustador o caminho que A.E.G. escolheu para nós...

Pensem Nisso

Anónimo disse...

Concordo! Os orgãos de comunicação social públicos vivem a custa dos nossos impostos e o dever deles é de manter o povo devidamente informado . Faça-se a carta de repúdio à censura e de direito a informação. O quarto poder não pode ser silenciado!