12 fevereiro 2008

Dois municípios, dois cemitérios

Creio que jamais aconteceu o que hoje acontece no jornal "Notícias": a dupla notícia de que dois municípios estão a contas com a construção de novos cemitérios, o de Maputo e o de Mocuba.
Lembrei-me, então, por mera e irónica associação de ideias, de uma das primeiras telenovelas que correu em Maputo, quando delas começou aqui a febre: o Bem-Amado, primeira telenovela brasileira a cores. Nela, o prefeito Odorico Paraguaçu tem como ponto central da sua agenda política construir um cemitério na cidade de Sucupira, litoral baiano.

3 comentários:

Anónimo disse...

Sobre a "instrumentalização" de crianças nas revoltas populares.

Não concordo com a tese Governamental segundo a qual as crianças que seguiam nas caravanas das populações que se revoltavam contra a alta da tarifa dos transportes foram instrumentalizadas.
1. Quem os instrumentalizou? Com que fins? Para provar o quê a quem?
2. Concordo com a necessidade de se estudar as condições em que vivem tais crianças lá nos bairros periféricos. E, pela experiência, avanço algumas:
Nos bairros periféricos, as crianças brincam normalmente na rua, nos pátios de escolas, mercados, nos campos (onde ainda existem). E fazem-no porque dentro da residência não têm muitas opções de entretenimento (exceptuo a televisão, ou seja, as novelas). Na rua, mercado, campo, as crianças estão expostas e vivem o mundo fora de casa, acompanham o desenrolar do quotidiano,as pequenas brigas,as actividades de rotina, o trânsito de pessoas(estudantes, trabalhadores, etc), aprendeem e aprendem as formas de sobrevivência. Estão expostas e disponíveis a fazer quase tudo. Uma pequena confusão é motivo de agitação, todos querem ver de perto para melhor contar.
As crianças passam mais tempo na rua, escola, e muito pouco tempo em casa com os pais.Não por falta de atenção, logo pela manhã o pai vai trabalhar ou garantir a sobrivivência e volta tyarde, a mãe vai desenrascar no mercado para garantir a refeição de dia, os irmãos uns estão na escola, outros a trabalhar, outros a dar voltas porque desempregados (há um grande contigente de jovens decimados e décima segundados que vagueam na periferia por falta de vagas na 11ª e/ou nas universidades, ou mesmo ocupação).Os pais estão pouco tempo com filhos, normalmente no jantar na hora da novela nocturna. E aí não conversa, a audiência é para o pequeno ecrã, esse escape que acalenta o povo.
Ninguém instrumentalizou as crianças para revoltarem-se, porque os pais não estavam em casa. As crianças seguiram as caravanas, movidas pela curiosidade, pelo espectáculo que lhes fazia recordar os filmes que tanto andam por aí, as crianças queriam ver o fim, o desenrolar das coisas.Muitas crianças sentem-se emocionadas quando contam aos pais como tudo correu localmente. O contexto em que elas vivem, crescem, apreendem o mundo é que os instrumentalizou. É preciso combater o contexto, exortar o contexto e não as crianças ou pais.

Anónimo disse...

Saudacoes! Eu queria comentar esta coisa de cemiterio, um para Maputo outro para Mocuba. Acho que a cidade de Mocuba, se 'e que bem conheco, tem outras prioridades, na digo que cemiterio nao 'e ideal, so que onde 'e que vao erguer este novo cemiterio? Quelimane, por exemplo, tem um cemiterio que dista a 5km da cidade e nem sequer um carro da agencia funeraria existe e com o fim do mandato do edil, a preocupacao 'e menos. Por isso Mocubenses pensem noutra coisa.
Antonio Zefanias

Anónimo disse...

... no caso de Sucupira, o Edil acabou por inaugurar o cemitério ...