Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
11 comentários:
isto pode ser explicado por uma reportagem em uns dos maiores portais do Brasil:
http://www.uol.com.br/
http://estilo.uol.com.br/saude/ultnot/2006/05/25/ult2067u625.jhtm
link correto
http://estilo.uol.com.br/saude/
ultnot/2006/05/25/ult2067u625.jhtm
Oi. sou antropóloga e recebi de uma colega a reportagem por email. estou justamente escrevendo um texto sobre representações sobre o corpo brasileiro veiculadas na moda brasileira (e eis que um dos casos exemplares são os jeans). Nem sabia da existência das tchuna babes. Infelizmente não há muita referência no google, teu blog é uma das 5 páginas que aparece, talvez por isso todo mundo te visite depois da difusão da reportagem internet a fora. Mas eu adoraria ver uma foto dessas calças. Será que se parecem com o que? Com as nossas "célebres" calças da gang? um abraço. Débora
São as Jeans de Colo baixo!
Muito obrigado, vejam a entrada mais recente sobre as tchunas...
Obrigado, Mangue!
Infelizmente, algumas ideias mais confundem do que ajudam e prestam um
desserviço as politicas publicas e aos direitos humanos. Nessa linha de pensamento, alguns jornais brasileiros associaram a violencia do PCC em SP ao "alta" fecundidade da mulheres pobres no Brasil. Infelizmente, agora as mulheres sao culpadas por terem o dom de dar a vida e de gerar o numero de filhos que lhes é desejado.
Voltando a Moçambique, concordo que o problema nao está nas calças, mas talvez na perda
dos valores morais, na baixa escolaridade, na pobreza ou na vulnerabilidade social q leva essas garotas a venderem o seu corpo por uma jeans. Enfim,os milhoes de dolares para o combate ao SIDA/HIV sao gastos em programas mal desenhados,mal administrados,mal monitorados e ineficientes.
Os programas devem procurar mecanismos de serem efetivos e nao inventar modismos,novos problemas e fugir do foco. Deve-se respeitar a escolha e o direito das pessoas vestirem-se as calças que bem entenderem. Parece que a velha guarda está com saudade da
ditadura, onde a venda dessas calças ja teria sido proibida e possivelmente as jovens seriam lacradas para nao transarem e assim teriamos sucesso na redução da incidencia do HIV/AIDS.
Acredito que ha algo de positivo nesta campanha.
É sabido por todos q em Mocambique existe o sexo intergeracional, tanto q se repararem para os dados de prevalência do HIV, as meninas entre 15 - 19 anos tem altos índices de infecção em relação a rapazes da mesma idade. E nos homens verifica-se o contrário. As taxas são altas entre as idades 35 - 50.
Outra ainda, reflitamos: Tchuna-babe nao é marca alguma. Designa-se a um certo tipo de calças e não a uma marca específica. É como quem diz “boca-de-cino” ou “Mpsinhana” - calças justas. Mas também, quem diz tchuna-bebes diz “four-by-four” (4×4), jóias ou qualquer outro objecto que sirva de “moeda” de troca.
Muitas meninas na idade vulgarmente conhecida por "catorzinha" têm um “tio” que eh um patrocinador, um vizinho quebra-galho e um namorado. As tchuna-babes viraram uma febre entre elas que preferem arranjar um tio que lhes compre umas.
Eu penso q a propaganda é muito forte embora muitos a critiquem negativamente. O engraçado é o q a maioria dos criticos diz: os "menos letrados"-na zona rural, podem perceber de forma equivocada. Esquecem ou nao sabem que a FDC, a instituicao por detras da campanha, leva em paralelo um roadshow de teatro, com o mesmo tema, para a periferia e comunidades rurais, segundo o lider do grupo teatral q esta a fazer o trabalho em parceria com a FDC. Tive a oportunidade de ver uma apresentação deles num dos mercados de Maputo. Portanto, as comunidades rurais vão sair inequivocadas desta campanha.
Nao sou sociologo, como deve ser obvio, mas acredito q propaganda nao muda comportamentos. Ela abre espacos para q se questione esteriótipos e atitudes, criando oportunidades para debate.
A FDC pode aproveitar esta onda "tchuna-beibal" e criar foruns de discussão sobre isso. Esta propaganda como nenhuma outra, q eu tenha visto, favorece.
Outro ponto, que já me tinha referido noutro ocasião neste mesmo blog, é o que eu considero falta de ética profissional da parte da EFE: distorcer a frase usada na campanha para “Quem te dá uma ‘tchuna babes’ também te dá o HIV” e “Com a ‘tchuna babes’ você também pode ser portadora do HIV”. - como se le no texto-noticia.
A frase q eu tenho visto na TV e pelos anúncios de jornal é: “Com as tchuna-babes do tiozão também podes levar o HIV”.
É bem diferente! Na frase original percebe-se que não se trata de quaisquer tchuna-babes, mas as do “tiozao”. Isto foi omitido pela EFE. Aconselharia a FDC a buscar reposição da verdade junto da EFE.
Bem, todos somos livres de opinar, então vamos exercer este direito.
Da minha parte, Parabens a FDC!
Obrigado, Malate, pelo esforço em tentar esclarecer certas coisas. Volte sempre!
Caro Malate
A sua intervençao é mto pertinente. Entretanto, a minha atençao fixou-se nos dados estatisticos do HIV, que transcreveu a saber que “as meninas entre 15 - 19 anos têm altos índices de infecção em relação a rapazes da mesma idade.” Em principio, eu nao deveria comentar estes resultados, pois nao conheço os indicadores utilizados. Mas, como no seu comentario, faz a correlaçao entre os altos niveis de HIV das "catorzinha" (suponho sejam as tais “meninas entre 15 - 19 anos)e o seu patrocinador. Isto é, para ser mais clara, voce diz que as meninas recebem as “tchuna-babes” em troca de relaçoes sexuais. Se me permite, a meu ver, isto sao relaçoes consentidas, houve um acordo prévio entre duas pessoas. Se quisermos ir mais longe, pode ter havido uma negociaçao em torno de uma prestaçao de serviços – serviços sexuais. Repito as relaçoes neste caso sao relaçoes consentidas e mesmo negociadas. Do mesmo modo que por exemplo jovens entre os 20 e 30 anos podem receber um “four by four” em troca dos mesmos serviços. Assim sendo, pergunto sera que o indice de HIV é menor entre as jovens “20 e 30 anos” é menor porque elas negoceiam os seus serviços em torno dos “four by four”? Noutros termos serà que o indice de HIV é menor entre as jovens “20 e 30 anos” porque elas nao usam “tchuna-babes”? Ou sera, justamente que o indice é menor porque elas usam “tchuna-babes e tëm um “four by four”?
Com todo o respeito pela sua analise, que considero pertinente, apoiando-me sobre os diversos artigos publicados neste blog gostaria de chamar a sua atençao para os casos em que as relaçoes sexuais nao sao consentidas, isto é para a violaçao sexual que tambem pode ser um dos factores de elevado indice de HIV, entre os jovens. Estas violaçoes sexuais, podem ser consequencia de vulnerabilades sociais e institucionais, que nao têm como epicentro as “tchuna –babes”, exemplo:
1) Vendedeiras, polícias municipais e crianças na cidade da Beira
(Extracto do diário de campo de Inácio do Rosário, um dos meus investigadores na cidade da Beira investigando precariedade socia (2001)
Neste texto pode-se depreender que, por vezes as mulheres sao violadas por policias, supostos, manter a ordem publica.
2) Traficada para a África do Sul, (Entrevista conduzida por Mabel Serra,)
Neste texto a jovem de 17 anos “além de ser também agredida, era levada todas as noites por ela para casa de um homem onde era sexualmente usada”.
3) Trabalho infantil em Moçambique
Segundo um relatório do Ministério do Trabalho com dados para 1999/2000, as piores formas de trabalho infantil em Moçambique são o trabalho doméstico, a prostituição infantil e o trabalho em farmas. (1)
4) Modernidade tradicionalizada (mês de Abril)
“Tomemos em conta o mais modesto dumba-nengue da cidade de Maputo. Muitos de nós terão tendência em ver nele, plasmado, o sentido da tradição ou, se quiserdes, das tradições: o do comércio, o do vestuário das mamanas, o dos hábitos rurais, etc”.
Permita-me Professor C. Serra, fazer um pequeno exercicio em torno deste seu ultimo artigo atendendo ao crescente indice do exodo rural, suponhamos que algumas meninas que vendem nos “dumba-nengue” sao camponesas. Permito-me, nao discutir aqui a noçao de campones, mas apenas darei o exemplo dos “camponeses sem terra” no Brasil, i.é pessoas despojadas de suas terras e que continuam a ser camponesas. Ha ainda um outro caso camponesas que continuando a viver no campo se deslocam de quando em vez aos mercados para comercializarem o resultado de suas colheitas. Estas pessoas tambem podem fazer parte do grupo “das jovens dos 20 – a 30 anos”, ou podem ainda fazer parte do grupo “entre 15 - 19 anos” que “têm altos índices de infecção”, mas sem nunca terem usado tchuna-babes e hipoteticamente nunca terem conhecido o “tiozao”, simplesmente podem ter sido violadas! Violadas por alguém que nao usava presevatio e portador de SIDA! E fico-me por aqui...
Note-se nao estou a legitimar nem a julgar a existencia de relaçoes sexuais consentidas enquanto prestaçoes de serviços. Nem tao pouco quero dizer que sao estas relaçoes que fazem aumentar o indice de HIV. Apenas quero salientar o papel das violaçoes sexuais no indice de HIV, pois parece-me que ainda nao vi,este facto,referido neste blog.
Certo, é de louvar todo o esforço que têm feito nesta campanha, entretanto tenho outra duvida os roadshow de teatro, sao os mesmos , para a periferia, comunidades rurais e para os mercados? Noutos termos é o mesmo espetaculo para os diferentes grupos alvo?
Cordialmente,
Iolanda Aguiar
Caro(a) anónimo
Hoje estou com o meu tempo vendido a outras tarefas, por isso não vou alongar o comentário. Numa outra ocasião prometo dedicar uma parte do tempo para este fórum que julgo merecê-lo.
Não acredito que a FDC não saiba que é preciso adequar as mensagens a cada público-alvo. O o que dizer, como e onde depende do quem receberá o quê e como?
O "longo" historial da sua (FDC) intervenção no mundo da comunicação social nos media através das campanhas educativas revela a sua idoneidade neste campo.
Ou não??
Até breve!
Enviar um comentário