Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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6 comentários:
Totalmente de acordo!
Jonas
Acho preocupante o racismo institucionalizado (não sei se este seria o termo certo); o que transcende e antecede o “meu” e o “seu” racismo; racismo através do qual a “sociedade” chega a formar o seu auto-retrato, transformando-o, inclusive, em instrumento de controle social. A situação vivida por um amigo num bairro e prédio de classe média brasileira, parece emblemática:
- Hei, você aí! Aonde você vai?
- Eu? Eu morro aqui!!!
- Você não mora aqui... e essa chave? Você só pode ter roubado...
Houve pequeno tumulto, mas tudo se resolveu. Soube-se depois, pelo síndico do prédio, que o individuo que fez a interpelação nem morava lá. Isso é que parece interessante: embora de lá não fosse morador, não se furtou a prestar aquilo que para ele seria uma espécie de dever patriótico cuidar do que é, ainda para ele, dos seus iguais, valendo-se, para a sua tomada de decisão, da cor da pele e do significado a ela atribuído. Ou seja, mais uma vez, o corpo foi o principal elemento de “objectivação e julgamento”, como diria Milton Santos.
Enfim, o que parece haver é que cada manifestação particular desse tipo de atitude reproduz aquilo que já foi produzido ou pelo menos elaborado em conjunto (e que é representado pela “geopolítica” dos bairros) e que institui uma cultura de subversão da lógica, isto é, chaves roubadas até prova em contrário, etc. Nesse caso, a desonestidade presumida leva a “ataques preventivos” que, por sua vez, geram um mal estar por parte do atacado; situação que, por sua vez e com o tempo, gera uma série de comportamentos, cada um deles reflexo do conservado e manifestado pela outra parte e assim sucessivamente, institucionalizando o racismo que influenciará, em maior ou menor grau, o “meu/seu” racismo.
O Mangue coloca questões cruciais. O desconhecido rapidamente racializado por quem interpelou o seu amigo possui toda uma base primária das relações Nós/Eles. Entretanto, sugiro-lhe que leia as páginas capitais dedicadas ao racismo por Marx Weber e Roger Bastide (este último com base na experiência brasileira, que ele aprendeu, durante anos, a conhecer). Abraço sociológico!
Mangue, mais uma coisa: deverei regressar neste diário ao tema do racismo, mas ainda não sei quando.Há uma entrada minha sobre isso, relativamente extensa, mais abaixo.
Mangue: afinal hoje mesmo decidi regressar ao racismo...
Por acaso o Batisde já o tinha lido em religiões. Obrigado pelas sugestões.
Obrigado pelo toque, irei lá ver. Abraços
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