O desenvolvimento é, sempre, uma coisa complexa, uma real face de Janus. Por exemplo, o semanário "Domingo" dedica muito espaço hoje à ponte sobre o Zambeze e ostenta nas centrais o título garrafal "O sofrimento passou para a história" (pp. 20/21). No dia 15 do mês passado reportei a inquietação dos bloguistas do Portal de Sena no tocante ao futuro daqueles que dependiam do desenvolvimento sem ponte, os taxicleteiros, os proprietários de barcos, de restaurantes e de pensões, etc. Ontem, no noticiário das 20 horas, a "STV" deu a conhecer que cerca de 300 famílias em Chimuara e Caia serão afectadas pela ponte, várias senhoras com restaurantes foram entrevistadas.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
3 comentários:
Nestes casos e não precisa ser em países desenvolvidos, mas sim um governo com atitude e responsabilidades perante ao seu povo deve, quanto a mim, subsediar àquela gente afectada pela construção da ponte, este um bem comum para todos os moçambicanos e para o país em geral. Os 7 milhões era uma resposta aquele pessoal.
Serei mais uma vez, na circunstância em que a situação se apresenta, obrigado à recorrer ao pensamento de António Guterres, que frisa " Temos - Governo - de apoiar quem produz e quem trabalha. As políticas económicas não podem ser uma simples lógica financeira. É preciso pôr o dinheiro a trabalhar. No investimento produtivo, na criação de postos de trabalho, nas novas tecnologias, na qualificação das pessoas, e não apenas nas infra-estruturas tradicionais".
Caso contário, se o Governo não olhar para aquela gente, empreendedora, diga-se, embora com algumas excepções, vamos ter nas prateleiras da vida em Moçambique o aumento de prostitutas, desempregados, vadios, enfim, o crime vai aumentar em flecha.
Um abraço
Realmente Viriato
Olha qualquer projecto de desenvolvimento deve ser acompanhado de uma analise de impacto de uma determinada intevencao/
As analises de impactos actuais devem ser diferentes das que se faziam ha anos?
Hoje deveremos perguntar em primeiro lugar? Quais os impactos no geral e so depois poderemos saber. Que impactos estao realmente associados a ponte. Muitos podem questionar como fazer isso se a ponte foi recentemente inaugurada?
Para responder a estes devemos avancar com prognosticos de impacto (elaborarmos hipoteses de impactos)a longo, a curto e a medio prazo.
Asim nao perderemos de vista a zona de atribuicao (impactos que tem a ver com a intervencao) e as lacunas de atribuicao (impactos que nao tem aver com a nossa intervencao). tambem nao perderemos de vista os impactos directos e indirectos e ainda negativos e positivos, so assim poderiamos ter ideias de como nao matar a fonte de vida das pessoas, pois a travessia nao ajudara em nada para aqueles que fazima matabichos nas barracas
viva a ponte
abracos
Rildo Rafael
Caro Rafel,
Aprendi sempre de miúdo que com a fome não se brinca, a fome não se adia. Estamos a falar de uma ou mais centenas de pessoas que terão os "negócios" fechados! Para aqueles empreendedores da boa causa, o Estado, digo, o Governo deve subsediá-los dentro dos 7 milhões de meticais. O impacto, etc, que seja feito enquanto aquela gente tem como assegurar os seus negócios. Não tenhámos dúvidas, vai haver ai grandes prejuízos. É uma questão de ver até que ponto a dor corresponde a plenitude da doença.
Um abraço
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