30 junho 2008

Golpe de Estado e jogo político (1)

A segunda volta da eleição presidencial no Zimbabwe levou-me a interrogar-me sobre a natureza do golpe de Estado. E ao fazer isso interroguei-me e interrogo-me, também, sobre a modernidade do cenário político africano.
O que é um golpe de Estado? Um golpe de Estado é a tomada do poder pela força, à margem da lei. Digamos que a figura clássica do golpe de Estado consiste no derrube de um governo através de uma acção militar. A Wikipedia oferece o seguinte quadro: “Um Golpe de Estado costuma acontecer quando um grupo político renega as vias institucionais para chegar ao poder e apela para métodos de coação, coerção, chantagem, pressão ou mesmo emprego direto da violência para desalojar um governo. No modelo mais comum de golpes (principalmente em países do Terceiro Mundo), as forças rebeladas (civis ou militares) cercam ou tomam de assalto a sede do governo (que pode ser um palácio presidencial ou real, o prédio dos ministérios ou o parlamento), às vezes expulsando, prendendo ou até mesmo executando os membros do governo deposto.”
Portanto, um golpe de Estado tem, na sua morfologia geral, dois aspectos clássicos: (1) é um acto violento de natureza castrense e (2) é um acto executado de fora (por um grupo grupo rebelde) para dentro (contra o grupo gestor do Estado). Portanto, num golpe de Estado a figura subversiva reside no grupo que exteriormente põe em causa o poder central constituído.
Mas pode um golpe de Estado ser efectuado por quem já está no poder, por quem o controla? Ser efectuado de dentro para fora? Estar contra a lei parecendo estar dentro dela?

4 comentários:

Anónimo disse...

Acho muito correcto esta análise. Só falta saber o que pensa Presidente Guebuza.

Carlos Serra disse...

Sem dúvida.

Reflectindo disse...

Seja como for chamei à postura como a de Mugabe como Golpe de Estado porque afinal é um método de tomar à forca o poder que já nao tem. Comecei do Babangida e estou no Ratsiraka, passarei pelo Kibaki e pararei no Mugabe... Será o fim?

Concordo plenamente com Noé Nhantumbo.

Carlos Serra disse...

Isso, prossigamos a reflexão!