Vamos lá, mais um texto da série.
O que vai passar-se amanhã? O que vai passar-se amanhã é que Robert Mugabe vai ganhar e, depois, vai ser solenemente proclamado presidente da República. Tudo com muita euforia. A ZANU-PF vai mostrar que quem rege os destinos do país é ela e mais ninguém. Líderes africanos protestaram? ONU protestou? Pediu-se o adiamento das eleições? Homens como Tutu e Mandela criticaram o governo e a violência estatal, deixaram de ser silenciosos e passaram a fazer ruído, recusam ser as mãos africanas de Pilatos? Isso não conta, eles nada sabem do que realmente se passa no Zimbabwe, alguns estão influenciados, directa ou indirectamente, pelo inimigo, pelos doadores, especialmente o presidente da Zâmbia.
O Sr. Tsvangirai não vai participar? Fosse ou não, isso não teria nem tem relevo, pois ele é simples e pequena marioneta do inimigo, que ainda por cima não fez a luta armada. Acresce que os computadores estão agora, certamente, bem mais atentos.
Mas, afinal, o que é verdadeiramente importante para a elite gestora do país, descrita no número anterior desta série? A simples contabilidade de votos?
O mais importante é, será a presença imponente de povo nas mesas de voto, daquele que resta, que não emigrou. É aqui onde está o real voto aguardado pelo partido ZANU-PF, o voto da presença massiva, da confiança, com a imprensa a documentar. É aqui onde habita o problema. A abstenção é a grande inimiga. Quanto mais povo votar, mais forte será o argumento de que, afinal, o país é bem dirigido, é bem governado.
Por isso partido e Estado têm andado numa cerrada campanha de distribuição de bens de consumo e de assistência social. Enquanto isso, em meio a um grande aparato militar e policial, dia após dia têm feito apelo ao passado, à luta de libertação, aos mortos na guerra, têem recordado a colonizacão branca, têm tentado promover o ódio aos farmeiros brancos que ainda restam, o ódio ao imperialismo ango-americano. Mas, especialmente, ódio contra Morgan Tsvangirai e o MDC, considerados como simples emanações do inimigo, dos Ingleses, dos Americanos, do imperialismo. Não há qualquer hipótese de a oposição existir fora desse labelo. O pensar diferente será sempre obra do inimigo. Gente da terra não tem cabeça: a cabeça está fora, vem de fora, é branca, é mão estrangeira, terceira força.
E a conclusão tem sido sempre a mesma: o que se está a passar no Zimbabwe nada tem a ver com a ZANU e com o Estado, mas com o passado colonial e com o imperialismo. Se não fossem passado que quer voltar e imperialismo sempre omnipresente, o povo teria tudo e seria feliz. O país está calmo? Sempre esteve, ao contrário do que tem proclamado o imperialismo. Mas existem algumas bolsas de violência? Sim, algumas, provocadas pela oposição, mas bolsas controladas.
O que vai passar-se amanhã? O que vai passar-se amanhã é que Robert Mugabe vai ganhar e, depois, vai ser solenemente proclamado presidente da República. Tudo com muita euforia. A ZANU-PF vai mostrar que quem rege os destinos do país é ela e mais ninguém. Líderes africanos protestaram? ONU protestou? Pediu-se o adiamento das eleições? Homens como Tutu e Mandela criticaram o governo e a violência estatal, deixaram de ser silenciosos e passaram a fazer ruído, recusam ser as mãos africanas de Pilatos? Isso não conta, eles nada sabem do que realmente se passa no Zimbabwe, alguns estão influenciados, directa ou indirectamente, pelo inimigo, pelos doadores, especialmente o presidente da Zâmbia.
O Sr. Tsvangirai não vai participar? Fosse ou não, isso não teria nem tem relevo, pois ele é simples e pequena marioneta do inimigo, que ainda por cima não fez a luta armada. Acresce que os computadores estão agora, certamente, bem mais atentos.
Mas, afinal, o que é verdadeiramente importante para a elite gestora do país, descrita no número anterior desta série? A simples contabilidade de votos?
O mais importante é, será a presença imponente de povo nas mesas de voto, daquele que resta, que não emigrou. É aqui onde está o real voto aguardado pelo partido ZANU-PF, o voto da presença massiva, da confiança, com a imprensa a documentar. É aqui onde habita o problema. A abstenção é a grande inimiga. Quanto mais povo votar, mais forte será o argumento de que, afinal, o país é bem dirigido, é bem governado.
Por isso partido e Estado têm andado numa cerrada campanha de distribuição de bens de consumo e de assistência social. Enquanto isso, em meio a um grande aparato militar e policial, dia após dia têm feito apelo ao passado, à luta de libertação, aos mortos na guerra, têem recordado a colonizacão branca, têm tentado promover o ódio aos farmeiros brancos que ainda restam, o ódio ao imperialismo ango-americano. Mas, especialmente, ódio contra Morgan Tsvangirai e o MDC, considerados como simples emanações do inimigo, dos Ingleses, dos Americanos, do imperialismo. Não há qualquer hipótese de a oposição existir fora desse labelo. O pensar diferente será sempre obra do inimigo. Gente da terra não tem cabeça: a cabeça está fora, vem de fora, é branca, é mão estrangeira, terceira força.
E a conclusão tem sido sempre a mesma: o que se está a passar no Zimbabwe nada tem a ver com a ZANU e com o Estado, mas com o passado colonial e com o imperialismo. Se não fossem passado que quer voltar e imperialismo sempre omnipresente, o povo teria tudo e seria feliz. O país está calmo? Sempre esteve, ao contrário do que tem proclamado o imperialismo. Mas existem algumas bolsas de violência? Sim, algumas, provocadas pela oposição, mas bolsas controladas.
Mas, afinal, o inimigo inexiste, é bonzinho, menino bem-comportado? Não. Ele existe e igualmente comete o pecado da absolutização, coisa que tentarei mostrar na continuidade.
4 comentários:
eu penso que africa tem de deixa de culpar o passado por tudo e investir no futuro
A mania de sempre achar um culpado de preferencia bem longe da gente esta enraizada.
Obrigado Carlos, leitura interessante e relevante. Agora só falta um texto analisando o papel da Frelimo e do Presidente Guebuza neste drama.
um abraço
Lá tentarei chegar, mais tarde, logo que tiver tempo...
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