Prometi há dias escrever sobre os substancialistas. Outros dirão integristas ou fundamentalistas.
O filósofo Espinoza tem uma definição de substância que é muito rica para o que desejo dizer de forma breve: "Por substância eu entendo aquilo que é em si mesmo e é concebido através de si mesmo; em outras palavras, aquilo para cuja concepção não precisamos da concepção de nenhuma outra coisa a partir da qual ele tem que ser formado" (Ética, I, Def. III).
É possível considerarmos múltiplos tipos de substancialistas. Vou aqui apenas considerar três tipos: os substancialistas da democracia, os substancialistas da verdade divina e os substancialistas da razão esclarecida.
Em nome da democracia (a sua), os substancialistas ocupam territórios, bombardeiam e matam povos, espezinham diariamente liberdades, imperializam vontades, matam direitos.
Em nome da verdade divina (a sua), os substancialistas queimam hereges, matam inocentes em prol da unidimensionalidade religiosa, reinventam a história à sua maneira.
Em nome da razão esclarecida (a sua), os substancialistas pregam a abstenção, o conforto da crítica pura e da hermenêutica impoluta, a distância, a apoliticidade integral.
4 comentários:
Excelente síntese!
Oi
De facto, Espinosa não deve estar de acordo, lá no seu túmulo, com as ilações que infere da sua definição de "substância", precisamente um dos conceitos mais revolucionários inventado pelo homem. :))
O "Espinas" era um bom rapazinho.
Sim, Sara
Espinosa foi um grande filósofo de ascendência portuguesa.:)))
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