O trabalho de Rogério Sitoe é exemplar a vários níveis.
É exemplar por ser escorreito, directo, estrangeiro à técnica das perguntas para disfarçar a indigência das respostas, alheio à citação de fontes de autoridade para fazer passar a pobreza analítica, decidido a evitar o discurso moralizador e amanteigado habitual em tantos de nós.
O trabalho de Rogério é também exemplar por apresentar, de forma frontal, uma tentativa de encontrar a causa ou as causas dos sismos sociais que ocorrem no país desde 5 de Fevereiro, causa ou causas que vai, afinal, buscar ao nosso comportamento de estudantes seguidistas, do tipo mata-borrão, face aos professores dos organismos internacionais, às exigências dos financiadores ("A questão é antes cá dentro do que fora", escreveu aticamente Rogério). No interior do argumento rogeriano, está a recuperação de uma linha de pensamento que já tem bastante tempo de vida, mas que - creio - permanece actual: a visão terceiro-mundista, alicerçada nas servidões que os ricos impõem aos pobres, que as instituições financeiras internacionais e os Estados fortes gravosamente impõem aos países e aos povos da periferia do desenvolvimento.
O trabalho de Rogério é também exemplar por apresentar, de forma frontal, uma tentativa de encontrar a causa ou as causas dos sismos sociais que ocorrem no país desde 5 de Fevereiro, causa ou causas que vai, afinal, buscar ao nosso comportamento de estudantes seguidistas, do tipo mata-borrão, face aos professores dos organismos internacionais, às exigências dos financiadores ("A questão é antes cá dentro do que fora", escreveu aticamente Rogério). No interior do argumento rogeriano, está a recuperação de uma linha de pensamento que já tem bastante tempo de vida, mas que - creio - permanece actual: a visão terceiro-mundista, alicerçada nas servidões que os ricos impõem aos pobres, que as instituições financeiras internacionais e os Estados fortes gravosamente impõem aos países e aos povos da periferia do desenvolvimento.
O trabalho de Rogério é ainda exemplar por apresentar algumas consequências urbanas do seguidismo, a meu ver excelentes. Do género: "Nas cidades, onde as novas famílias de imigrantes chegam e se concentram nas periferias, juntam-se a milhares de desempregados que a indústria de caju, as empresas privatizadas e mortas deixaram ao “ deus dará”. É um exército de desempregados que conta ruas, amaldiçoa a governação, revolta-se contra tudo, porque tem fome, pouca esperança sobre o futuro e não têm paciência para esperar mais."
Finalmente: o trabalho de Rogério é ainda modelar por duas outras razões: (1) por aquilo que marginaliza e (2) por aquilo que não diz ou que esconde. Aguardem o número final.
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