Prossigo a série, sempre explorando hipóteses.
Quando queremos pensar e teorizar a xenofobia na África do Sul, temos de ter em conta um quadro com pelo menos duas situações:
1. As condições de vida nos bairros da lata, tomando como epicentro os situados na periferia de Joanesburgo.
2. A imigração massiva, com cidadãos estrangeiros fixando-se nos bairros, justamente lá onde os sul-africanos têm um ponto de interrogação diário nas suas vidas.
A primeira situação pode não gerar imediatamente as condições subjectivas, digamos que mentais, de produção do Outro como inimigo a abater, se ela de alguma maneira se alimentar de si própria e se for, por exemplo, canalizada para situações criminais clássicas.
Mas se a segunda situação reagir forte e persistentemente sobre a primeira, a sensação de crise perfila-se de forma intensa e o Outro (sentido como estrangeiro, diferente, perigoso, importuno, oportunista, usurpador) pode tornar-se num inimigo a abater, pode ser convertido no responsável imediato, total, dos problemas de sobrevivência social localmente sentidos. A transferência para esse Outro da responsabilidade pelos problemas internos é um mecanismo clássico. Surge então a catarse, o sacrifício do Outro e a expulsão vitimária. O ataque ao e o linchamento do Outro constituem-se como mecanismos subjectivamente sentidos como regulando e expulsando a crise.
1. As condições de vida nos bairros da lata, tomando como epicentro os situados na periferia de Joanesburgo.
2. A imigração massiva, com cidadãos estrangeiros fixando-se nos bairros, justamente lá onde os sul-africanos têm um ponto de interrogação diário nas suas vidas.
A primeira situação pode não gerar imediatamente as condições subjectivas, digamos que mentais, de produção do Outro como inimigo a abater, se ela de alguma maneira se alimentar de si própria e se for, por exemplo, canalizada para situações criminais clássicas.
Mas se a segunda situação reagir forte e persistentemente sobre a primeira, a sensação de crise perfila-se de forma intensa e o Outro (sentido como estrangeiro, diferente, perigoso, importuno, oportunista, usurpador) pode tornar-se num inimigo a abater, pode ser convertido no responsável imediato, total, dos problemas de sobrevivência social localmente sentidos. A transferência para esse Outro da responsabilidade pelos problemas internos é um mecanismo clássico. Surge então a catarse, o sacrifício do Outro e a expulsão vitimária. O ataque ao e o linchamento do Outro constituem-se como mecanismos subjectivamente sentidos como regulando e expulsando a crise.
2 comentários:
...pois é caro professor, modéstia à parte , vejo a pouco e pouco as opiniões a coincidirem com a minha análise primeira após os tumultos na rsa ...
mantenho que tudo não passa de desespero , sufoco, cansaço de um amontoar imparável de sofrimento.
Impotência perante a vida dura,terrível que se vive na rsa pós apartheid e que para agravar a chegada de repente de milhões de vizinhos ainda mais desesperados do que eles...
...quem aguentaria?
talvez nós,pois temos provado que aguentamos com tudo que quiserem fazer das nossas vidas!
O blog é a prova escrita da infinidade de histórias que nos indignam , mas que no dia seguinte a mais recente falcatrua faz esquecer a última...e assim blogando,mandando bitaites , vamos continuando nossa triste travessia pelo país que nunca mais acontece...
adiado até hoje,o país adiado do mestre Craveirinha...
triste história a nossa; dum comodismo aviltante,perante as sacanagens que nos vão fazendo!!!!!
onde está o nosso sentido de pátria?
onde está o nosso orgulho?
..não se admirem com os resultados do futebol do desporto em geral,dos diplomas falsos,é a nossa imagem REAL meus queridos concidadãos !!!!!!!
Vamos a ver se, na ciontinuidade, consigo aprofundar um pouco mais o quadro de hipoteses.
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