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Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
31 julho 2007
Crime violento em Mocímboa da Praia: posição do governador de Cabo Delgado
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Dama do Bling falou sobre a sua gravidez
Não são poucas as pessoas que têem linchado a conhecida Dama do Bling das mais variadas maneiras, inclusivamente imputando-lhe a responsabilidade do aborto que teve recentemente. Ora, o jornalista Ericino de Salema entrevistou recentemente a cantora de 28 anos para a revista "Positiva". E ela falou da sua gravidez. O quadro que descreveu nada tem a ver com a irresponsabilidade que lhe atribuíram e lhe atribuem. Leia a parte assinalada pelo um círculo vermelho (clique duas vezes com a tecla esquerda do rato para ampliar a imagem).
Entretanto, há quem pense que é muito mais importante preocupar-nos com a riqueza absoluta do que com a Dama. Cá por mim, nesta coisa de coisas importantes e desimportantes, prefiro ter uma ideia diferente, que o leitor pode recordar aqui.
Agendas paralelas para um só acordo
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O porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, afirmou que o partido não vai participar na celebração conjunta das cerimónias comemorativas do 15º aniversário do Acordo Geral de Paz assinado a 4 de Outubro de 1992 entre a Frelimo e a Renamo pondo fim à guerra civil que durou 16 anos.
O porta-voz disse ainda que a Renamo "vai cumprir a sua agenda paralela e escolherá uma província, ainda por anunciar, para acolher as cerimónias centrais."
Sobre a produção fabril de aprovações a 100%
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Veio-me repentinamente ao espírito o espírito de Ford. Como atingir a economia de escala? Como reduzir o custo unitário de fabricação de um veículo, por exemplo, através da diluição dos custos fixos numa grande quantidade de produtos fabricados? A solução é o sistema de produção em massa, centrado na linha de montagem, com os seus sub-sistemas de redução de tempo e de aumento da velocidade e do ritmo de produção, de maneira padronizada e económica.
Já temos um modelo de produção de professores em apenas um ano. Fordismo escolar.
Basta agora fordizar as aprovações de classe, sejam quais forem as dificuldades - que são, claro, inúmeras, como o Ministro bem sabe - no país, seja na formação dos professores, seja na formação dos estudantes. Aliás, ele próprio afirmou que duas pesquisas realizadas recentemente revelaram "uma preocupante baixa de qualidade dos alunos das escolas moçambicanas, sobretudo os do ensino primário do primeiro e segundo ciclos."
E até nem quero pensar, agora, que temos montes de professores sem formação pedagógica espalhados pelo país, que temos milhares de estudantes que estudam no senta-abaixo, sem material didáctico, mesmo aqui em Maputo, como este diário tem reportado (por exemplo, recorde aqui e aqui).
A questão central devia e deve imperativamente ser a de que precisamos de professores e de alunos muito bem preparados, informados e críticos, para termos um país a produzir bem e com qualidade e para competirmos seja com quem for, seja onde for, seja com que nível for a nível internacional e, especialmente agora, regional.
Jamais a questão central deve ser - como defende o Ministro Aires Ali - a de que os pais querem que os filhos passem.
Leia, entretanto, o que a Prof. Fátima Ribeiro escreveu aqui, onde o debate prossegue.
Quénia: Virginia (68 anos) e Peter (28) celebraram primeiro aniversário do casamento
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A vida é sempre saudável quando somos capazes de a encarar como estes dois jovens, ela, Virginia Wambui Otieno-Mbugua, de 68 anos, ele, Peter Mbugua, de 28 - porque ambos o são, pois claro -, que celebraram recentemente o primeiro aniversário do seu casamento no Quénia. Costuma ser ao contrário, eles mais jovens-velhos, elas mais jovens-jovens. Mas a excepção é parte integrante da regra. Excepção que, porém, causou rumor no Quénia, a vários níveis.
O meu obrigado à Yolanda Aguiar por me ter enviado esta informação.
Explosão
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De acordo com informações que acabo de receber de fontes dignas de crédito, registou-se hoje, cerca das sete horas, uma explosão na zona do aeroporto internacional de Maputo, aparentemente na área militar. Disseram-me que há feridos. Não pude ainda apurar as causas do acidente.
___________________________
15.40: aprofunde aqui.
Ameaça de greve na Saúde
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30 julho 2007
Erotismo bloguista em Moçambique (5) (continua)
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Vamos lá, primeiro, em notas uma vez mais canhestras, ver o velho problema da pornografia. Permitam-me dizer, por hipótese, que a pornografia é a parte feia, baixa, do erotismo. Há pornografia quando o sexo (enquanto órgão e enquanto actividade) é destacado e coisificado, no todo ou em partes, naquilo que a moral considera como aberrante, indecoroso, feio. O corpo da pornografia seria assim um pouco com a carne no talho: adquirimos as partes que queremos, com mais ou menos recheio, com mais ou menos osso, com mais ou menos gordura, sexo de primeira, de segunda, de terceira e por aí fora. Em muitos blogues o corpo feminino, por exemplo (que é, regra geral, o produto mais exposto), aparece seccionado, hipostasiado nesta ou naquela parte - quase sempre são os seios, as nádegas e o sexo (exposto ou sugerido) os elementos sinaléticos mais frequentes -, como secções da "gaja" ou das "gajas" (esta é uma identidade frequente, de animalização imediata e instintiva, usada por certos varões autores de blogues). Claro, tempo e espaço haverá para eu abordar a sexualidade femininamente vista.
Mas, no fundo, tenho para mim que é tudo uma questão de nuance, de forma e de fórmula, de ângulo de visão, de cultura nacional ou de grupo (ainda que haja hoje uma espécie de homogeneidade consumista).
Digamos, por hipótese, que a pornografia é a forma popular, underground, do erotismo erudito.
II
A seguir, uma nota para mim importante no erotismo netiano (cujas manifestações são múltiplas, como veremos): o corpo em si tem de ser abolido e simbolicamente reconstruído como objecto com sexualidade saturada, plena. Esse corpo deve conter tudo o que a moral, tudo o que as regras, tudo o que os costumes diurnos exigem ocultar, vedar, fechar, cobrir. Neste sentido imediato, o corpo pleno, carregado de sexualidade, transforma-se num mecanismo compensatório (Alfred Adler diria supercompensatório) para uma multidão de problemas que muitos de nós enfrentamos: severidade nas regras, fracassos relacionais, derrapagens sexuais, onirismo proibido ou auto-imoralizado, impotência, etc.
E é na amplificação disso que se pode compreender o recurso a caixinhas mágicas como a webcam para a execução do que chamo sexo à distância. Recordem, a propósito, um teste que fiz e que aqui dei a conhecer em Setembro do ano passado.
Prosseguirei.
_____________________
Este diário é uma casa de bricolagem, em qualquer momento posso corrigir coisas, mudar, alterar, etc.
Erotismo: novo número ainda hoje
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Dado o aparente interesse que a série sobre o erotismo está a despertar, prometo postar hoje ainda mais um número. Aguardem.
Párem de querer "salvar" África: escritor nigeriano desmistifica samaritanos ocidentais
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"(...) O Ocidente volta-se para África para aí procurar a redenção. Estudantes idealistas, celebridades como Bob Geldof e políticos como Tony Blair fixaram como missão trazer a luz ao continente negro. Chegam de avião para efectuar um internato ou participar numa missão de inquérito, ou ainda para adoptar uma criança, um pouco como eu e os meus amigos, em Nova Iorque, tomamos o metro para ir adoptar um cão abandonado. É a nova imagem que o Ocidente se quer dar: uma geração sexy e politicamente activa cujo método preferido para fazer passar a sua mensagem é publicar páginas cheias de revistas com celebridades em primeiro plano e pobres Africanos deserdados à retaguarda."
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O meu grande obrigado à Yolanda Aguiar por me ter enviado hoje o texto e a referência. Recorde, entretanto, o debate que houve neste diário a propósito do casal Gates.
Erotismo: Sara, SU e Diva contestam minha posição
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Parece que há possibilidade de prosseguir o debate sobre o erotismo na bloguística moçambicana. Por exemplo, Sara, SU e Diva contestam que o erotismo netiano seja um mecanismo de compensação. Confira aqui. Entretanto, prosseguirei a série logo que puder.
Cópia de segurança para o seu blogue
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Para evitar algum problema com o desaparecimento eventual, temporário ou definitivo, do seu blogue, sugiro que dele faça uma cópia de segurança. Entre neste portal, siga os conselhos e em poucos minutos terá a cópia de segurança.
Aires Ali decreta chapa 100 nas aprovações
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Enquanto isso, o Centro de Integridade Pública lançou no dia 18 uma campanha destinada a combater a corrupção nas escolas.
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Ó Patrício Langa, vc que está na Faculdade de Educação da UEM, o que pensa disto? Adenda às 15:50: Patrício já tem uma resposta no seu blogue.
28 julho 2007
Erotismo bloguista em Moçambique (4) (continua)
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"(...) hoje, vou até onde as palavras permitem que eu vá."
Prossigo esta série dando descanso à chateza teórica e fazendo intervir parte de uma resposta que me deu a autora de um blogue erótico a esta pergunta: por que escreve um blogue erótico? :
"Acho que a permissão neste tipo de escrita é bem maior, a criatividade se faz presente em cada frase que escrevo, consigo colorir vivências, sonhos e pensamentos sem “atropelar” nada nem ninguém. As palavras pertencem-me. Exprime-se a sexualidade sem repressão.
Não existe nem dia nem a hora em que disse “vou escrever um blogue erótico”, isso não existiu. Existiu uma escrita natural que foi incentivada por alguém e que após o primeiro passo dado tudo seguiu seu curso tão naturalmente como um rio segue pelo seu leito. O blogue é feito por mim e principalmente para mim. O resto vem como consequência. Acho que a palavra chave nisto tudo é “libertação” escondida (ainda), mesmo que ela seja confundida com exibicionismo por parte de quem não entende os caminhos da sensualidade. É acima de tudo um reflexo da minha vontade.
No meu blogue não só o sexo é abordado, lá estão presentes o meu estado de espírito, os prazeres de viver e sonhar, enfim... a vida como ela é.
O anonimato por sua vez mantém-se para a preservação da vida “lá” fora, minha e de quem me rodeia (...). Enfim, não foi uma escolha pensada... hoje, vou até onde as palavras permitem que eu vá."
Erotismo bloguista em Moçambique (3) (continua)
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O problema central da sexualidade reside, claro, no corpo.
Mas o corpo que aqui me interessa nesta série só tem sentido se for descontruído e reconstruído com o magma de um certo tipo de erotismo.
Ele tem de ser despojado simultaneamente daquilo que nele é mera corporalidade e daquilo que nele é, também, mera instintualidade sexual.
Ele tem de ser reinventado de acordo com a imaginação.
Mas que tipo de imaginação? A imaginação compensatória.
A imaginação compensatória ocupa o corpo para o dotar de uma espécie de nova vida, a vida erótica compensatória. Ao arquétipo da sexualidade difusa, pura, sobrepõe-se o modelo da sexualidade imaginada e multifacetada. Digamos que, afinal, se trata de uma sexualidade trabalhada, quase cerebralizada (a imaginação tem disto: também pensa), mesmo se fizermos uso de coisas mágicas como a webcam (no caso do erotismo à distância, do qual falarei proximamente), as quais, aparentemente, reenviam para a sexualidade instantânea, pronta-a-consumir.
Por isso no erotismo o sexo torna-se hipersexo, também hipertexto (no caso dos blogues eróticos, uma das modalidades do erotismo à distância) com uma redacção como esta, encontrada num blogue moçambicano: "Minha pele ainda arde no fervor do que foi a tua língua perdida entre as minhas coxas". Ou, num casamento harmonioso entre a estética e o sonho recorrente: "A cada trago de mim, uma assinatura lacrada para o vício de te ser eternamente. Bastará o primeiro gole para saberes enfim, que não existo."
Prosseguirei (talvez com novo post dentro de instantes) para, pouco a pouco, entroncar a tríade síndromas/subconsciente/net no corpo reinventado pela imaginação compensatória.
_______________________________
Manterei no anonimato os blogues dos quais as citações serão extraídas.
Doces bárbaros (Gil, Caetano, Gal e Bethânia)
Eles começam lá onde deixamos de pensar: nos rins da vertigem e do belo.
Linchamentos em Maputo: seminário da UDS coberto pelo "Notícias"
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Muitos órgãos de informação nacionais e internacionais cobriram o primeiro seminário (de uma série de três) que a Unidade de Diagnóstico Social do Centro de Estudos Africanos realizou no dia 18 para divulgar resultados preliminares de uma investigação que realiza sobre linchamentos em Maputo. Por exemplo, o "Notícias" de hoje apresenta um trabalho alusivo.
Na próxima quarta-feira, a equipa da UDS fará o mesmo trabalho na Academia de Ciências Policiais, na cidade de Maputo.
Das mulheres de Bourdieu às mulheres de Touraine (4) (fim)
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Temos, assim, dois tipos de mulheres: as mulheres condicionadas e as mulheres livres.
As mulheres condicionadas são aquelas que são dominadas não tanto porque porque os homens as dominam mas porque aceitam, porque interiorizam a dominação. Por outras palavras, elas auto-dominam-se aceitando como indiscutível o comando androcêntrico. A dominação é um aguilhão que ficou e fica sempre dentro delas pelos mais variados canais (Pierre Bourdieu).
As mulheres livres são aquelas que não se põem o problema da dominação em si, são aquelas que são conscientes da sua feminilidade e que como mulheres desejam fazer da relação com os homens um jogo natural, sem vencedores nem vencidos, salvo se a sexualidade falhar. A dominação não é um produto dos homens, mas um produto das falhas relacionais e, em última análise, das falhas femininas por escassez de feminilidade suficiente (Alain Touraine).
II
Estamos confrontados com dois paradigmas, paradigmas que são, afinal, os únicos na história do amor, na história das relações, múltiplas e sem história, entre homens e mulheres. Mas estamos, também, confrontados com dois modelos de visão da vida que nunca saberemos se precedem, se coexistem ou se sucedem à pesquisa. Este o eterno e secreto segredo que habita a trajectória de cada investigador.
III
Finalmente, deixem-me só colocar um ponto teórico que me parece fundamental: tenho para mim que Touraine tem ocupado uma parte da sua vida dialogando criticamente com Bourdieu, tentando ver liberdade lá onde Bourdieu sempre viu condicionamento social. A sociologia de Touraine é, no fundo, a sociologia do anti-bourdieurismo (leia aqui a descrição de um encontro que um dia tive com ele em Paris).
Da mesma forma, Max Weber passou a sua vida dialogando criticamente com Karl Marx, tentando encontrar indivíduos, espírito e neutralidade axiológica lá onde Marx encontrava grupos, classes, determinação pelo "modo de produção" e ciência ao serviço da libertação dos oprimidos. O seu livro "A ética protestante e o espírito do capitalismo", por exemplo, é, claramente, uma impugnação de "O Capital" de Marx. Portanto, a sociologia de Weber é, no fundo, a sociologia do anti-marxismo.
Mangue diz que as línguas africanas correm risco de extinção
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O Sr. Feliciano Mangue está verdadeiramente preocupado com a salvaguarda do que chama "valores verdadeiramente africanos" e por isso lança um navio à navegação: "Os valores culturais e linguísticos em Moçambique estão em vias de extinção por insuficiência da moeda forte que se possa impor ao libra, dólar, euro e rande, moedas provenientes dos países de expressão inglesa como língua oficial das suas comunidades, linguisticamente influente em todo mundo."
27 julho 2007
Dama do Bling: Emídio propõe derivação do debate
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Sou Emídio Samuel Nhantumbo, colega docente na UEM na ESTHI em Inhambane. Sou apreciador de tuas obras e do teu trabalho. Sou leitor do seu BLOG desde inícios deste ano, li tanto que até fiquei curioso sobre blogs e virei um Bloger também e já criei meu BLOG que se encontra no sítio: www.fenomenoturismo.blogspot.com
Ontem eu li um dos textos publicados na oficina de sociologia intitulado "Para os críticos da Dama do Bling", eis a cantora sul-africana Kelly Khumalo que me deixou interessado em escrever um pouco sobre o assunto.
E escrevi no meu Blog um comentário que intitulei Será que Dama do Bling exagera mais do que Kelly Khumalo?, e tenho que agradecer as imagens encontradas no teu Blog.
O que me faz escrever para si é que fiquei impressionado com a constatacão de que naquilo que se fala e nas imagens conhecidas sobre Dama do Bling existe uma certa responsabilidade dos produtores da imagem e nos consumidores da mesma como tento analisar o assunto no meu comentário citado.
Minha proposta é de fazermos uma derivação no debate. Eu proponho um debate centrado naqueles que captam e divulgam a imagem (imagem erótica). Acho que pode ser interessante!"
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Bem-vindo Emídio e boa sorte na blogosfera.
Faroeste: novo assalto espectacular desta vez na Machava
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Isto acontece depois que a a polícia está em peso nas ruas e que o ministro do Interior afirmou há dias que até Dezembro o "crime violento" deverá estar controlado.
Pânico na Catembe: explosão numa bomba de combustível
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Apenas quatro mulheres em chefias redactoriais
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Corrijam-me caso eu esteja enganado.
Ministro diz uma coisa e Presidente diz outra
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Por sua vez, o Presidente da República, Armando Guebuza, fixou para 16 de Janeiro do próximo ano a data das eleições provinciais porque "a data de 20 de Dezembro de 2007, primeiramente marcada, poderá coincidir com as celebrações do Eid-Ul-Adhá, festa islâmica, tornando-se assim necessária a sua alteração."
Temos, assim, duas posições contraditórias, divulgadas no mesmo dia (hoje), no mesmo jornal, o "Notícias".
Mas não há problema: o bom do grego Heráclito escreveu, séculos atrás, que "descemos e não descemos no mesmo rio" e que "existimos e não existimos".
Olívia defende Ivânia
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Finalmente, finalmente aparece alguém em órgão público a defender Ivânia, a Dama do Bling: trata-se da jornalista Olívia Massango (foto à esquerda), em estilo sólido, ofensivo, no "O Paísonline", a colocar-se de forma decidida ao lado de uma artista que é quase diariamente linchada sem dó nem piedade (em primeiro plano na foto à direita).
Isso mesmo, Olívia!
Veja lá que eu pensava que apenas neste diário a Ivânia tinha apoio!
26 julho 2007
Convidados gazetam mesa-redonda sobre criminalidade
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Injusto destino para a JustaPaz.
São a pobreza, a criminalidade e Bill Gates mais importantes do que a Dama do Bling?
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I
Estão a ver quão provocante é o título, quão aparentemente bizarrro e abominável parece ele ser?
Mas a natureza deste diário é, justamente, a de ser provocante, a de transformar as respostas em perguntas e os problemas em novos problemas e as soluções em dúvidas.
Vamos lá então falar: sabem, a pobreza, a criminalidade, Bill-Gates, não são mais importantes do que Ivânia, a Dama do Bling.
Ah não! Claro que são - direis, estupefactos! -, claro que têm instintivamente coeficientes de peso, de visibilidade, de lógica, de bom-senso, incomparavelmente bem maiores.
Sim, claro. Mas em que circunstâncias?
Escutem: como na dialéctica do bom-senso o não é irmão gémeo do sim, então é possível dizer que o fenómeno que a Dama do Bling representa (como Lizha James, como Mc Roger, como outros representam, como Madona, como Kelly Khumalo) não é nem menos nem mais importante do que os fenómenos da pobreza, da criminalidade ou das crianças de rua.
São simplesente fenómenos da mesma importância, da mesma magnitude.
Por que são da mesma importância? Porque pertencem ao mesmo sistema social que produz a Dama do Bling, a criminalidade, as crianças de rua, Mc Roger, este blogue, o vosso interesse, Bill Gates, a guerra no Iraque, as consultorias, a STV, os temas da boa governação, etc.
Apenas a nossa opinião, o nosso interesse, individual ou colectivamente produzido e reproduzido dentro de certo tipo de cultura, de um determinado país, de um dado grupo social, de representações sociais e de certas escalas de aferição e de catalogação, podem conduzir-nos à selecção, à hierarquia, à demarcação, à preferência.
Em si, todos os fenómenos referidos são iguais, importantes, lógicos, normais.
Oiçam, pensem numa salada (inestimável utensílio sociológico): o valor de uma salada advém não da importância individual da alface ou do pepino ou do ovo, mas da unicidade, da inter-ligação de todos os seus produtos. Na salada todos os ingredientes são importantes. Melhor: é a salada que é importante.
II
Mas aprofundemos só mais um pouco.
Qualquer fenómeno é, sempre, o reflexo (ainda que não visível, regra geral) de inúmeros outros fenómenos. Cada fenómeno social pertence a um conglomerado de fenómenos em rede, nos quais um ou vários se tornam importantes, temporariamente ou prolongadamente ou para sempre, em função da hegemonia ganhante de uma corrente de opinião pertencente a um dado grupo, a um gestor influente de palavras e de actos reconhecidos, etc.
Nesse contexto de fenómenos em rede, em permanente e inevitável empatia, analisar a Dama do Bling é, ao mesmo tempo, fatalmente, analisar a nossa sociedade.
____________________
Algures neste blogue, escrito pelo Gerson em comentário (já nem sei onde, tantas são as entradas aqui e tão distraído e desorganiado sou), foi dito que era mais importante discutir a criminalidade do que a Dama do Bling. Esta a minha resposta.
O que é uma coisa importante?
Para os críticos da Dama do Bling eis a cantora sul-africana Kelly Khumalo
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I
Aqui fica uma série de fotografias da cantora sul-africana Kelly Khumalo actuando num espectáculo.
Da Kelly, aparentemente ela-mesmo. Como há uma Dama do Bling (nome artístico de Ivânia)aparentemente ela-mesmo.
Aqui temos a dança, o canto e o corpo (com a semi-nudez acentuada pelos pés descalços, por uma naturalidade ao mesmo tempo densa, espontânea e trabalhada), aqui temos os ingredientes onde muitos de nós encontram - e severamente policiam- o que já neste diário chamei, com humor, "sexualidade perigosa". Naturalmente que é difícil analisar sem emoção o período histórico, de cadência muito rápida, que atravessamos. Período de subversões que procuramos analisar com as categorias analíticas do passado. Leia-se, por exemplo, a preocupação de Juvelina Sumbana com o facto de a Dama do Bling não "esconder a barriga durante a gravidez". E leia-se, também, o violento ataque de José Belmiro à Dama no "Zambeze" de hoje (p. 5).
II
Mas o problema é que Kelly pode não ser a Kelly ela-mesmo, pode não ser (e não é) a Kelly que eu quero, uma certa Kelly, uma Kelly extraída à Kelly, uma outra Kelly.
Então, com a máquina fotográfica posso fazer de Kelly aquilo que eu quiser e quero, coisas que nem Kelly imagina que posso fazer, coisas como acentuar certas partes do seu corpo, dar a essas partes um coeficiente sexual bem mais amplo.
É nesse sentido que podemos construir Kelly e Ivânia. E em ambas colar um emblema moral, positivo ou negativo.
Deixem-me só acrescentar que a projecção sexualizante é encontrada, em escala acrescentada, nos blogues eróticos. Mas sobre isso falarei na continuidade do que estou a escrever.
III
E vamos de novo ao debate? Poderíamos, a esse nível, tentar ver a floresta e não apenas a árvore? Tentar ver as raízes da árvore? Ou o conjunto das raízes da floresta? Pode ser?
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Obrigado ao Teles Huo pelo envio das fotos de Kelly.
Dhlakama e a história
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Essa a manchete do semanário "Zambeze" de hoje. Infelizmente o presidente da Renamo não revelou os nomes dos ministros de Guebuza que, segundo ele, contribuíram para a formação da Renamo: "André Matsangaíssa e eu fundámos a Renamo com alguns membros da Frelimo, hoje ministros no Governo de Guebuza. Não vou mencionar os seus nomes senão lhes comprometo, mas eles próprios sabem muito bem disso." (p. 3).
Como ama dizer o nosso cómico, o arquitecto Mário Mabjaia - naquela sequência de cenas em vídeo em que o empurram de um chapa e ele se estatela no chão -, a vida é muito complicada.
Criminalidade: os problemas dos problemas (1)
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Enquanto Frangoulis fala em problemas, o ministro do Interior, António Pacheco, aparece ele também em destaque na primeira página do Notícias falando, desta vez, na resolução de problemas, afirmando que até Dezembro o "crime violento" poderá estar controlado no País em geral e da cidade de província de Maputo em particular, com o patrulhamento e o reforço das forças policiais. O ideal seria termos seis mil polícia formados anualmente - afirmou -, pelo que o Ministério do Interior esforça-se por se aproximar dessa meta.
25 julho 2007
Das mulheres de Bourdieu às mulheres de Touraine (3) (continua)
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Entremos, agora, na casa das mulheres do sociólogo Alain Touraine, não menos francês, não menos conhecido.
O livro chama-se "O mundo das mulheres", saído o ano passado em Paris nas edições Fayard.
Qual a tese que passa em filigrana nesta obra do sociólogo do sujeito, do actor, da sociedade pós-industrial, da liberdade?
É a seguinte: a impotência, a falsa consciência e a total dependência das mulheres são afirmações desmentidas pelos factos. É necessário ouvi-las, em lugar de falar em seu nome.
Com efeito, de um estudo iniciado em 2004 com dezenas de entrevistas, individuais e colectivas, feitas a mulheres, incluindo muçulmanas, pode concluir-se que elas se definem como mulheres e não como vítimas, mesmo quando sofrem injustiças.
É a feminilidade, consciente e assumida, que está em causa, que é a razão de ser e de estar das mulheres.
O seu objectivo fundamental na vida - diz Touraine baseado nos testemunhos recolhidos - é o de se construírem enquanto mulheres. Não são obrigadas a sê-lo: é sua opção, consciente, livre.
E essa construção feminina passa, na maior parte dos casos, pela sexualidade. Este o campo vital onde as mulheres melhor podem vencer ou fracassar em sua feminilidade assumida.
Sempre vistas como não existentes, como despojadas de subjectividade, as mulheres são, afinal, sujeitos históricos activos não tanto, hoje, de um movimento social quanto de um movimento cultural. O movimento da afirmação da feminilidade.
O mundo das mulheres de Touraine é o mundo das suas vozes escutadas por Touraine e pela sua equipa - diz, veemente, o sociólogo -, não o mundo de Touraine atribuindo-lhes o que é de regra atribuir: a passividade e o silêncio. Porque, regra geral, é do silêncio das mulheres que falamos (nós, homens) e não do seu pensamento e das suas palavras.
As mulheres de Touraine não querem suprimir as mulheres. Querem apenas sê-lo, femininas sempre.
É a palavra das mulheres contra o discurso sobre as mulheres.
Homo Sibindycus: o sociólogo
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Nunca tive dúvidas sobre a gloriosa luta que o Homo Sibindycus trava contra a pobreza absoluta neste país e, claro, jamais poderia ter, agora, qualquer dúvida sobre a alma nata de sociólogo que se esconde em tão vistoso político da (o) posição.
Auto-flagelação
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Permitam-me sugerir-vos que leiam esta excelente crónica e este excelente laboratório sociológico do Eliseu Bento.
Conflitos laborais
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Aqui está uma notícia duplamente importante: primeiro porque creio ser a primeira vez que um país surge interessado em colaborar connosco no sentido - como diz a notícia - de prevenir conflitos laborais que involvam cidadãos do seu país; segundo porque a notícia é omissa sobre as acções a desenvolver no sentido da prevenção.
Espero que entre as acções a desenvolver esteja a capacidade de os investidores indianos (ou quaisquer outros, incluindo os nossos) pagarem com justiça a nossa força laboral e de dotarem os trabalhadores com condições assistenciais que lhes permitam trabalhar melhor, evitar doenças e terem reformas condignas.
Excesso de produção sloganeira
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Este jeito de tentar encantar os presidentes não é distinto daquele que, persistente, consiste em tapar rapidamente os buracos mais perturbadores das estradas das nossas cidades por forma a deixar na vista presidencial o perfume que a alma da realidade viária não tem.
Veja a data, Raul Domingos!
Haverá eleições - assegura governo
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Aguardem, entretanto, a continuidade do meu "O sacrifício de Tântalo: desDOADORizar as eleições".
24 julho 2007
Massango, o meio ambientalista
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Eu amo ouvir este campeão do ambiente, o Homo Massangus, especialmente quando surge na rádio, afina a voz grave, pigarreia e diz algo como : "O meio-ambiente é muito importante". Na realidade, ele é o meio ambiente personificado. Acresce que é, também, um congratulador de esmerado nível.
Xicuembos a perturbar Dlakhama
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Assim, Afonso Dlakhama tem de fazer face não apenas aos seus pares de outros partidos políticos da oposição que o criticam com insistência, como, também, à JNSR.
Creio que esse tipo de críticas vai ampliar-se à medida que se aproximam as eleições. Muitos trunfos e muitos cavalos de tróia devem já estar em franco movimento.
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Na imagem, o presidente da Renamo.
Garrido adverte falcatruadores de horas extraordinárias na Saúde
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Conselho de Ministros aprova projecto-lei sobre tráfico de seres humanos
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Ainda bem, ainda bem!
Por enquanto, vamo-nos regendo por um código penal de 1886 que não possui um artigo que penalize directa e expressamente o tráfico de menores, ainda que haja nele dispositivos que prevêem comportamentos susceptíveis de preencherem o conceito de tráfico em geral e dos menores em particular.
Foi o ano passado que foi dado à estampa o livro cuja capa preenche a imagem.
Das mulheres de Bourdieu às mulheres de Touraine (2)
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Abrigam-se várias, muitas coisas - afinal todas - na imagem que tenho do rolo compressor.
E, para o caso que nos importa, Bourdieu procura mostrar-nos que a dominação masculina está de tal forma ancorada no nosso subconsciente que nem sequer dela nos apercebemos.
É explorando a sociedade kabila, na Argélia, que Bourdieu revela as evidências e as estruturas simbólicas do inconsciente androcêntrico que se reproduz, todos os dias, quer nos homens quer nas mulheres.
Esse subconsciente é produto da acção de inúmeras instâncias de inculcação e de reprodução.
No fim do processo - que é, claro, o recomeço -, são as próprias mulheres que se dominam a elas-próprias na aceitação do androcentrismo.
Em Bourdieu, a mulher não tem escolha, não tem fuga, não tem saída, salvo a de aceitar, reproduzindo-os ela-própria, os mecanismos da dominação masculina.
Fique-nos a consolação da mensagem de optimismo que atravessa em filigrana os livros do falecido sociólogo francês: quanto mais conscientes estivermos dos mecanismos de dominação, mais livres podemos ser.
Mas vamos contactar, a seguir, as mulheres de Touraine.
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