17 julho 2007

"Ya maka 1000": vamos à marrabenta com Neyma

Aí está a nossa Neyma com a sua voz doce, nesta marrabenta. Ela interpreta a famosa "ya maka 1000". Literalmente significa que podemos fazer coisas horríveis (roubar, matar) por dinheiro, por "mil". Vamos lá, depois da Dama do Bling, da Lizha James, é agora a vez de marrabentizarmos com Neyma.

6 comentários:

Bayano Valy disse...

Volto a repetir o que disse anteriormente. Quando as pessoas cantam algo com substância, os outros não "reparam" muito na roupagem. É quando as canções têm pouco conteúdo que o volume das vozes se levanta. Na minha pouca experiência aprendi que os que se fazem valer pela gritaria (no sentido de querer escandalizar e estar na boca do povo) não têm muito de substancial no que dizem. Escutar uma música que lhe obriga a reflectir não lhe deixa muito tempo para reparar a forma. Ode aos moçambicanos que nos fazem reflectir.

Carlos Serra disse...

Creio que o que diz merece reflexão. Nós temos um imenso e rico campo temático para estudar. E a nossa música, em toda a sua mestiçagem e em todos os seus debates, em todas as suas clivagens, é uma componente emblemática desse campo.

SurOeste disse...

O tema é muito interessante. Desde fóra e sem conhecer nada do "campo musical" ou cultural mozambicano vejo nestas tres cantoras uma gradação de menos a mais em quanto á utilizaçao de elementos autóctonos. Neyma pareceume que canta em alguma lingua africana e, embora não cubra os seus seios com cocos commo faz Lizha, isto paréceme uuma escolha com muito significado social e cultural. A Dama do Bling acho que alem de distanciar-se da tradição musical autóctona é objecto de críticas pelo tipo de feminidade que exhibe (desinhibida, activa sexualmente...) que pelo feito de mostrar-se com pouca roupa. De feito as tres levam pouca roupa, mostram o seu belo corpo e dançam de uma maneira semelhante.
Pergunto-me se esse escandalo porque uma mulher mostre o seu corpo é uma criação cultural recente (da mesma maneira que nos paises occidentais amamantar uma criatura em público) porque o "tradicional" seria ve-lo normal.
Por último, professor: sera que desde as novas nacionalidades, Mozambique poderia ser um exemplo, se está ainda a conformar o "modelo" de cada xénero? ou dito doutra forma: a construção da identidade nacional condiciona a de gênero?

Carlos Serra disse...

Suroeste, cheguei tarde aqui devido ao seminário sobre os linchamentos e por isso tentarei responder-lhe mais tarde. Abraço.

Aguiar disse...

Professor passei uma boa tarde aqui escutando os diferentes clips que gentilmente aqui no seu blog, acho maravilhoso este seu trabalho sobre a mestiçagem e sua identificacçao com a musica nacional moçambicana. é claro de todos os clips escutados prefiro o da Neyma pela sua originalidade. Mas parece-me que a segunda musica de Neyama tem influencia daquilo a que chamamos Zouk. corrija-me p.f se estiver errada.

Carlos Serra disse...

A questão colocada exige reflexão. O que lhe psoso dizer é que temos aqui um mundo, especialmente o mundo maputense, em rápida mutação, com muitas vozes celebrando o passado e não menos muitas, as jovens, celebrando um futuro cujo interior precisamos ainda estudar. Isto a vários níveis. Infelizmente não tenos ninguém a estudar esse processo, essa mestiçagem, essas obra de contradoções processuais. O fenómeno Dame do Bling, por exemplo, é muito mais complexo do que pensamos. Olhe, deverei retomar o tema num destes dias, está bem?