"Meu caro Belmiro,
Para não correr o risco de voltar a ficar chocado com algum espectáculo bem remexido, sugiro-lhe que procure informar-se antes de CONSUMIR.
Sim, quando se desloca à Catedral Pimba, ao Cine-África ou a outros locais para assistir a espectáculos, o Belmiro vai CONSUMIR, vai pagar para ver e ouvir.
O bom senso aconselha “ler os rótulos do PRODUTOS” antes de os consumir. Não gosta da semi-nudez nos palcos? Não CONSUMA, não vá; há quem goste!
Acha chocante uma barriguinha ao léu, de grávida, numa mulher jovem e bonita num palco! Não CONSUMA, não vá. Há quem, sem qualquer tara, veja encanto nisso.
Assistiu a um “remexe nojento e vergonhoso” numa TV local; não gosta de “tanto striptease e tanto remexe” ? Não CONSUMA, mude de canal.
O Belmiro acha mesmo que “aprumo, rigor, ponderação, respeito e sobretudo um alto grau de moral e ético” se mede pelo “canudo”. Olhe à sua volta e verá, certamente, gente simples com todos esses atributos.
Não confunda as TANTAS “Ivânias” que pululam pelos nossos palcos com as PERSONAGENS que representam.
Entenda o espectáculo numa dimensão mais ampla: “tudo o que atrai o nosso olhar, a nossa atenção; diversão; cena; escândalo, etc. "
Um abraço
11 comentários:
Gostei. Faco-te eco Florencio ( se me permites, e claro): Nao gosta? Nao consuma.
Bjs meus
Dama do Bling Vs Zaida Lhongo e a Culpa da Televisão
Ultimamente, e com muita frequência após o último espectáculo organizado pelo programa televisivo Music Box que teve como convidados elementos da Bang entretenimento exibido pelo canal televisivo STV, tem surgido um debate a respeito do comportamento imoral da jovem cantora Dama do Bling por causa da maneira como se tem apresentado ao publico. Não restam dúvidas que a mesma tem ultrajado a moral pública por se apresentar publicamente semi-nua, consubstanciando o crime de ultraje a moral pública previsto no artigo 420 do código penal.
O que se nota é que as pessoas não criticam Dama do Bling só por causa dos seus trajes, mas também por causa do estilo de música que abraçou, o que segundo o veterano José Mucavel, para além de ser música pimba, não tem nada a ver com a nossa cultura.
Refira-se que a finada Zaida Lhongo tornou-se na imortal estrela que é hoje, não sou por causa de nos proporcionar boa musica mais também por causa de sua forma de estar no palco, que a semelhança da Dama do Bling atentava contra a moral pública.
Sem querer exagerar, a cota Zaida, comparativamente a jovem Dama do Bling era quem mais a moral ultrajava, pois nos seus espectáculos esta para além de dançar escandalosamente convidava uma das pessoas integrante do público e com ela exibiam gestos eróticos (simulando estar a manter relações sexuais).
Não me lembro em nenhum momento de haver debates criticando o comportamento ultrajante desta emblemática estrela que tão cedo Deus a tirou dos nos palcos, tanto mais que no dia do seu inteiro a cidade de Maputo parou para lhe render a última homenagem.
Zaida Lhongo tornou-se hoje numa referência da música moçambicana porque conseguiu aliar à sua música a dança acompanhada de gestos eróticos.
Será que os debates que tem havido em torno do comportamento imoral da Dama do Bling tem a ver com o facto desta jovem artista não optar por cantar a musica ligeira moçambicana como fez a Zaida Lhongo ou simplesmente por causa do seu comportamento erótico nos palcos.
Se for por causa do seu comportamento erótico então os debates que tem havido não passam de uma tentativa de acabar com a carreira jovem da Dama do Bling, pois o seu comportamento não se difere com o da Zaida Lhongo que foi homenageada e imortalizada pelo povo moçambicano.
Se for por causo do estilo musical que abraçou, também os debates que tem havido não passam de uma tentativa de acabar com a sua carreira, pois vários são os músicos quer os chamados da velha geração, quer os da nova geração que cantam musicas não moçambicanas muitos deles sem qualquer mensagem.
Pelo que, duma ou de outra maneira os debates que tem havido em torno desta jovem cantora não tem razão de existirá, porque a semelhança de Zaida Lhongo Dama do Bling optou por se apresentar publicamente de uma forma ultrajante.
Parte significativa de público que não tem possibilidade de ver Dama do Bling a actuar ao vivo, vem-na na televisão, quer na TVM quer na jovem STV, pois para além de transmitirem partes ou mesmo a totalidade dos espectáculos em que participa, convidam-na para cantar em directo em alguns programas com muita audiência.
E como a Dama do Bling decidiu seguir a carreira musical criando a sua personagem artística, que consistiu em aparecer com vestes e com uma coreografia também sex, esta quando se dirige ao vivo não finge ser o que não é, ou seja, ela aperece igual a si mesma.
As nossas televisões não censuram as cenas ultrajantes que por lá passam, optando por transmitir as imagens tal igual elas são.
Muitas das imagens da Dama do Bling ultrajando a moral pública, sendo a mais gritante as transmitidas a quando do espectáculo da STV, só chegam até a público, sem qualquer discriminação, porque os que dirigem as nossas televisões assim o permitem, pois se não o fizessem não haveria tanto debate em torno da Dama do Bling, pois esta apenas seria vista por pessoas que a aceitam-na do jeito que é, visto serem estas que iriam estar presente nos seus espectáculos.
A culpa pela publicação das imagens do comportamento ultrajante da Dama do Bling nos palcos é da inteira responsabilidade das Televisões que operam na nossa pátria amada, pois só estas é que podem fazer com que pessoas que não gostam de ver tamanho escândalo o vejam.
Pelo que, antes de criticarmos a Dama do Bling deveríamos o fazer para as nossas televisões, visto serem estas responsáveis pela transmissão das imagens ultrajantes da jovem cantora.
Para terminar, dizer que lamento profundamente a perda do Bebe da Dama do Bling.
P.S. Não devemos criticar a Dama do Bling se não o conseguimos fazer para Zaida Lhongo.
Se conseguimos homenagear Zaida Lhongo, igual homenagem deve ser feita a Dama do Bling.
Singelo abraço!
O Altruísta
um aspecto problemático meu caro florêncio. o artista tem uma imagem que apresenta ao público e que eu saiba em qualquer aparição pública vai apresentar-se da mesma forma. repare bem no comportamento dos nossos. vê como o mc roger tenta projectar sua imagem ou mesma a própria. portanto, me parece problemática a questão que coloca de que no palco é uma coisa e fora é outra quando a realidade nos mostra o contrário. uma coisa é o que fazem no (des)conforto das suas casas e outra é o que fazem ao público.
E assim se vão multiplicando as diferentes formas de ler e de analisar esta rápida mutação por que passa a nossa sociedade. Tenho para mim que isso é muito bom. Prossigamos o debate, porque prosseguir o debate é tentarmos compreender o que se passa ou, melhor, o que se está a passar muito rapidamente no nosso país. Em outros países não se discutiria a forma como Ivânia e Zaida se comportavam em palco. No nosso ainda se discute. Discutamos.
Total perda de tempo discutir se a Ivania canta coma canta ou se devia cantar como os profetas da moral desejariam....Os musicos existem quando existem quem os consuma, portanto os Mc Roger, Dama do Bling, Zico e outros, vivem gracas a forte demanda que existe em torno do seu produto...Os que gostam de cantar musica verdadeiramente mocambicana que o facam, nada os deve inibir...o mercado 'e vasto, vamos a luta!!!!
Ha algo que me impressiona. Ca estamos a discutir que e "culpa" das estacoes televisivas passar as imagens da Dama do Bling a dancar como dancava. Ora vejamos, DEPOIS das 2130 sera que alguma familia estava a espera de ver algo que nao lhes fosse ofender? Se me lembro correctamente a Dama do Bling so entrou em palco depois das 2230. Se um miudinho visse um filme com muita violencia e sexo a essa hora na STV, alguem iria fazer uma reclamacao a STV? Iriam culpar a STV por difundir imagens que ofendem a "moral"? Lembro que nos primeiros episodios da novela das 20h da STV "Belissima" numa das cenas num BORDEL na Grecia, mostraram as prostitutas com o peito a amostra, e lembro me tambem que no primeiro episodio da novela "Celebridade" algo identico aconteceu, excepto nesta, era uma actriz que representava um personagem que fazia de tudo para ser famosa (Juliana Paes). Nao me lembro de sequer ouvir UM PIO a respeito. Hoje mesmo acabei de ver na STV, na novela um jogo de futebol entre modelos todas de langerie, e garanto que ninguem ira reclamar a STV. Isto tudo porque? Porque a gente ADORA por em baixo os outros mocambicanos como nos e quando os outros fazem e isso nos afecta ficamos calados. Se a Dama do Bling recebesse uma premio de uma organizacao estrangeira qualquer de renome aposto como todas estas criticas iriam mudar, porque nos nao criticamos aos mocambicanos que sao aclamados la fora. Eu amo Mocambique, mas as vezes acho que nao devia, tou rodeado de pessoas que estao paradas no tempo, que invocam essa tal de "moral" que nesta sociedade onde linchamentos e entre outros actos deshumanos sao frequentes chega ate a ser ridiculo, cada vez que se sentem ofendidos com a liberdade dos outros. Algo que tambem acho engracado e que os que comecaram a reclamar da Dama do Bling sao os homens, ainda nao li ou vi um artigo que severamente critica a Dama do Bling escrito por uma mulher. Porque sera?
Pois é, pois é...Por que será mesmo que não há um artigo feminino a criticar Ivânia? Se não há, talvez seja sensato avançar este hipótese: justamente por a Dama do Bling é produto de uma leitura androcêntrica sistemática, porque é produto daquilo que nós, homens, gostaríamos que ela fosse. etc. O que acha? Talvez eu venha a escrever sobre isso.
é sem duvida uma pergunta pertinente. Mas, particularmente, acho preocupante, impessionante, mesmo, o silencio generalizado das mulheres, sobretudo qdo PROPOSITOS POUCO NOBRES, foram dirigidos a Uma Jovem Mulher Gravida – Ivania – por nossos COLEGAS, NOSSOS IRMAOS, NOSSOS FILHOS, NOSSOS MARIDOS, enfim propositos pouco dignos de se referirem a uma mulher gravida, tendo o privilegio de poder exercer a sua profissao, num pais onde a taxa de desemprego é consideravel. Enfim propositos pouco dignos tidos por NOSSOS COMPANHEIROS - os homens – alguns INTELECTUAIS PUBLICOS- cujo discurso é, tbem, um acto simbolico, constituitivo da realidade social mas para quem norma sociail alguma, parece poder ou dever sanciona-los.
Impressiona-me como ja tive a opurtunidade de dizer o “silencio cumplice”. Podendo ser este silencio a favor e/ou contra Ivana.
Porque se calam as mulheres? Porque nao manifestam a sua opiniao na esfera publica? Nao querem? Nao podem? qual a importancia do “silencio cumplice” feminino na regulaçao de conflitos sociais?
Sem dúvida que deve preocupar o silêncio cúmplice.
espero ansiosa as "suas mulheres de Tourraine" talvez possamos encontrar ai subsidios para uma resposta, Prof.
Sim, trá-las-ei breve.
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