"Falando por ocasião da 58ª sessão da conferência geral do CCM, havida semana finda na capital do país, Dinis Sengulane disse que a disposição de tornar os funerais momentos de festa, através da exigência de comidas e bebidas luxuosas, concorre para a profanação daquelas cerimónias, carregadas de muita dor e seriedade."
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Oiçam: tendes mais dados sobre este fenómeno? E como interpretá-lo? Ou ele, afinal, não é novo? Ou ele é, apenas, a consequência logica do que habitualmente chamamos "economia de mercado"?
Adenda, 12.26: o Bayano Valy acabou de me enviar um estudo feito pela Save the Children, "onde - escreveu o Bayano - aparece abordada a questão do "esbanjamento" dos bens da família enlutada. A questão foi levantada no contexto de crianças órfãs que vêem os familiares a consumirem os bens legados a eles pelos seus pais." Importe aqui, analise e debata connosco. Muito obrigado, Bayano.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
4 comentários:
Caro Prof, acabei de enviá-lo um estudo da save the children onde vem abordado a questão de "esbanjamento" da família enlutada. o contexto é mais de casos da herança dos menores que acaba desaparecendo porque alguém decide que deve-se fazer festa.
ora, novo, não é tão bem assim. mas, os mais idosos contam que houve uma altura em que os consoladores traziam os alimentos das suas casas porquê partia-se do princípio de que a família enlutada não teria cabeça para estar preocupado em alimentar as visitas. depois, essa prática mudou. alguém devia estudar isso.
Excelente, excelente, cá aguardo o texto!!!!
Já recebi e já coloquei o texto em adenda aqui. Muito obrigado!!!
Uma das hipóteses possíveis é as famílias que participam das festas não estarem já tão capacitadas como antes estariam, para comparticipar. Essa pode ser uma possível razão para a mudanca nas práticas.
Nos estudos sobre pobreza se diz que as trocas e redes se baseiam em reciprocidade, e que a pobreza aumenta à medida que estes lacos enfraquecem ou deixam de existir. Esta fraqueza na reciprocidade pode estar a estender-se a este tipo de cerimónias.
A crítica a estas festas também foi feita na Swazilândia, onde aparentemente até uma lei foi feita para impedir o esbanjamento dos bens da família enlutada. Portanto não é um fenómeno exclusivo a Mocambique. Seria é interessante saber-se em que zonas estas festas são mais frequentes, de que práticas particulares vêm e que mudancas tem ocorrido nelas.
Tenho em crer que também as inúmeras mortes havidas nas comunidades (não menos causadas pelo HIV), dificultam que a familias tenham capacidade de estar constantemente a doar para a festa das famílias enlutadas.
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