24 julho 2007

O sacrifício de Tântalo: desDOADORizar as eleições (2)

Somos, se permitirdes a comparação, um fac-simile daquele herói de um filme de Charlie Chaplin que, apanhado por uma tempestade de neve quando dormia na sua cabana, vê esta de repente na borda de um precipício. Ao acordar, quer sair. Mas se avança para o lado do precipício, a cabana tomba; se recua e pretende sair, a tempestade aguarda-o. O herói de Chaplin não pode nem habitar a cabana nem deixá-la.
Como em tantas outras coisas, somos assim nas eleições.
Se não fazemos eleições, não há dinheiro, democracia e partidos; se as fazemos, dão-nos o dinheiro mas impõem-nos que as deixemos monitorar até ao tutano.
O nosso corpo tem de estar rigorosamente nu e pronto ao aluguer.
Todos sabemos disso, uns mais outros menos, uns mais perversos outros menos.
Mas deixemos isso e façamo-nos a seguinte e singela pergunta: que cenário devemos prever para no fim, no fim de tanta democrática angústia, em apoteótico clímax, com uma multidão de partidos roendo as unhas da expectativa, o dinheiro finalmente surgir, como a abençoada chuva em terra gretada?

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