Senhor Presidente
Permita-me que lhe escreva pela terceira vez.
Presidente: sabe bem melhor do que eu quanta dor reina no nosso belo país devido às consequências decorrentes das explosões registadas quinta-feira no paiol de Malhazine, lá onde mora muita gente.
Por isso, Presidente, uso aqui o ícone do luto.
O Presidente já afirmou, segundo o jornal "Notícias" de hoje, que o paiol vai ser encerrado. Uma justa medida.
Foi ainda nomeada uma comissão de inquérito independente para averiguar as causas das explosões. Também uma justa medida.
Mas tal como fez o "Notícias" no seu editorial de hoje, coloco-lhe, Presidente, uma pergunta que também já coloquei aqui, no meu modesto portal, a saber: se em Janeiro igualmente se registaram explosões no paiol, por que razão não foi ele encerrado, desactivado logo a seguir?
Teríamos, Presidente, evitado este luto que agora nos morde as entranhas.
Senhor Presidente: a Frelimo, a criadora da nossa Nação, é também a criadora e a herdeira de uma longa e rica tradição de crítica e de auto-crítica.
Essa crítica e essa auto-crítica têm de ser afirmadas e reafirmadas. Em permanência. Não podem nem devem nunca perder-se.
E, agora, com tanta mais coragem quanto estamos perante uma tragédia que a todos nós enlutou. E enluta. E magoa.
Perdoe-me tê-lo incomodado uma vez mais.
Respeitosos cumprimentos.
A luta continua.
Centro de Estudos Africanos
Universidade Eduardo Mondlane
5 comentários:
Mais do que as responsabilidades directas do Governo, doi muito constatar que os media alinham como surdos mudos na manipulacao dos numeros de mortos. Se so no Hospital Central de Maputo estao 109 corpos na morgue, se todos sabemos que dezenas de corpos nao foram levados para aquele local, como como se explica que continuem a anunciar 100 mortos?
Teremos todos medo da verdade?
Sim, pode ser que haja mais mortos. Mas, agora, o fundamental não é haver mais mortos (sempre serão muitos, sempre serão uma dor), mas haver a honestidade suficiente para não falarmos mais...em calor, para sermos frontais, para termos a coragem de chamar as coisas pelos seus próprios nomes. Falo de quem governa este país. Obrigado pelo dado.
O que escreveu, Fátima, é terrível. Tem razão, os absolutamente sem voz.
O editorial do "Domingo" de hoje diz tudo, creio.
Fez bem Professor temos delevantar bem alto a voz.
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