O líder da oposição no Zimbábuè, Morgan Tsvangirai, sofreu traumatismo craniano após dois dias de detenção pela polícia. Veja aqui também.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
2 comentários:
A situacao no Zimbabwe reveste-se de contornos extremamente alarmantes, infelizmente sob um olhar, meramente, impavido e sereno dos vizinhos do poder autocrato.
Os últimos acontecimentos demonstram, mais uma vez, que o partido no poder, ZANU-PF, inequivocamente, não tolera nenhum tipo de coabitacao politica. A repreensão à que foram sujeitos os lideres do MDC e outros manifestantes foi amplamente criticada e condenada por varias individualidades tendo merecido um comentario bastante severo da senhora Condoleezza Rice chegando a aplear ao governo do senhor Mugabe para que liberta-se urgentemente todos os cidadãos sob custodia policial. O mesmo, lamentavelmente mas já previsivel, não se verificou com os vizinhos da região. Porquê? Só eles é que sabem!
A situação no Zimbabwe, na minha modesta opinião, tem revelado que o senhor Robert Mugabe e seu governo atingiram “ the point of diminishing returns”. A falta de argumentos politicos, perda de identidade com a causa nacional e falta de uma estrategia fundamentada sobre o futuro do Zimbabwe explicam a situação de desespero politico que a ZANU-PF sujeitou-se.
Esperar que a situação no Zimbabwe se resolva com o tempo, me parece muito pouco. Igualmente, esperar que os vizinhos actuem diplomaticamente para influenciar uma mudança aceitavel no xadrez politico do Zimbabwe seria admitir uma mudança no xadrez conservacionista e geo-estrategico da zona Austral. O que resta?
Os próprios Zimbaweanos terão que resolver o seu problema. Acredito que a abnegaçao e a coesão da força popular deverá reflectir-se como o instrumento mais importante nessa luta. Os grandes ditadores levaram tempo para vergar, mas chegado o tempo cederam. Equaciono um cenário identico para o Zimbabwe.
Vizinhos do Zimbabwe não são por esperar pq são do mesmo clube.
Duvido que o mesmo não aconteceria em Mocambique se um líder dum partido político sério organizasse uma manifescão em Maputo contra o governo do dia. Os casos de Montepuez e Mocimboa da Praia provam algo. Pelo menos o último caso, o de Mocímboa da Praia dita-nos algo igual.
Na região austral para não falar de toda África seriam pouquíssimos países (governos) que não fariam o mesmo, infelizmente. Talvez a África do Sul e o Botswana, mas o resto duvido.
Mais uma prova é o que os governantes africanos estão a reagir. O que diz a dita UA de que nunca acreditei que é algo para os cidadãos africanos. Podemos imagir se isto aqui se desse num dos países da UE. Não teriam feito uma reunião de emergência? Não se teria enviado ministros dos negócios estrangeiros para este país?
Aliás, mesmo para este caso, os mais solidários para com o vítima, o Tsvangirai, foram os embaixadores europeus. Alguns embaixadores, como é o caso do da Suécia, foram para o tribunal para cumprimentar ao Morgan Tsvangirai. Mas talvez porque estes sabem que se não o fizerem a crise do Zimbabwe se pode transferir para si, jornalistas, académicos e muitos mais encostariam o ministro dos negócios estrangeiros à parede.
E para nós? esse é um problema do Zimbabwe, do MDC, do Tsvangirai.
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