Como cidadão não suporto multidões, não suporto pedintes, não suporto chapas e a mentalidade chapa-cem.
Como sociólogo, tenho um enorme prazer em compreender e descrever (com um mal disfarçado carinho, devo ser franco) a miséria social, os deserdados da terra, o enorme rolo compressor do capitalismo.
Habitam-me, portanto, dois seres, sempre em luta, cada um transgredindo em permanência as fronteiras do outro.
Tenta o cidadão influenciar o sociólogo com a sua recusa de um social que ele considera anómalo, tenta o sociólogo moderar as vísceras do cidadão com a sua aparente serenidade.
Me tenho assim em minha duplicidade, irremediável e jovem, e não temo afirmá-la.
Sonhadores, os sociólogos sempre procuraram duas coisas: as leis do social e a reforma das sociedades. Cá por mim busco bem pouco: tirar a casca dos fenómenos e tentar perceber a alma dos gomos sociais sem esquecer que o mais difícil é compreender a casca. Aqui encontrareis um pouco de tudo: sociologia (em especial uma sociologia de intervenção rápida), filosofia, dia-a-dia, profundidade, superficialidade, ironia, poesia, fragilidade, força, mito, desnudamento de mitos, emoção e razão.
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