09 fevereiro 2008

Azagaia e os abstencionistas

Sinto ser uma passagem admirável a que vou reproduzir de uma carta do rapper moçambicano Azagaia endereçada aos manos e às manas do país: "Eu é que não vou ficar alheio a isto, pensem o que quiserem pensar, chamem-me os nomes que me chamarem, oportunista, comercial, o rapaz dos desabafos ou sei lá o quê! Mas antes de me apelidarem, perguntem-se onde vocês estavam, o que estiveram vocês a fazer quando o povo da periferia estava a manifestar-se. A greve resultou, mas não resultou apenas para os que arriscaram as suas vidas nas ruas, resultou também para ti que estavas a curtir o fim de semana que se prolongou, tu que estavas a fazer piadas sobre os que se entregavam de corpo e alma à luta, tu também vais pagar 5 Mt e 7.5 Mt no chapa e não 7.5 Mt e 10 Mt, e de certeza vais poupar um pouco mais e vais respirar de alívio. As várias associações da sociedade civil não mostraram a sua posição, os músicos, os escritores, e todos que seriam afectados directa ou indirectamente pela subida dos chapas. Detestei essa falta de organização nossa, esse distanciamento, podíamos ter feito mais, podíamos ao menos ter sido mais solidários e mostrado a nossa união. Eu fiz humildemente esta música para mostrar a minha solidariedade, podia ter feito mais reconheço, mas cada um na sua frente. Eu uso a música para lutar e tu?"

6 comentários:

Xiluva/SARA disse...

Ora ora ora mano Azagaia! Sobre alguns intelectuais é claro que estavam a pensar pois então, "pensar cansa"...

Anónimo disse...

O mano Azagaia será o sucessor de Carlos Cardoso? é quer-me parecer que ou brevemente se cala ou baza de Moçambique. Porque a alternativa será um tiro anónimo seguido de um inquérito inconclusivo.
Já está a incomodar muitas familias poderosas e parece-me que a tolerância devida à irreverência juvenil se está a esgotar.
Cuidado mano, eles andam aí à espera de um passo em falso!

Anónimo disse...

Esta é mesmo para o rebelde Azagaia, mas também um recado para os acomodados ou almofadados que logo vêem um renamista, um politicamente instrumentalizado ou um industriado - como gostam de dizer alguns dos meus camaradas de ofício, i mean jornalistas.

Disse um dia, Nelson Mandela:

"I Have Cherished the ideal of a democratic and free society, in which all persons live together in harmony, and with equal opportunities. It is an ideal which i hope to live and and to achieve, but, if needs be, it is an ideal for which i am prepared to Die...

O Madiba diz qualquer coisa como (Salvo melhor tradução) “EU ACARINHEI O IDEAL DE UMA SOCIEDADE DEMOCRATICA E LIVRE, NA QUAL TODAS AS PESSOAS VIVEM JUNTAS EM HARMONIA, E COM OPORTUNIDADES IGUAIS. É UM IDEAL QUE ESPERO VIVER E ALCANÇAR, MAS, SE FOR NECESSÁRIO, É UM IDEAL PARA O QUAL ESTOU PREPARARADO PARA MORRER”.

ESTES trechos sao o puro Manifesto da vida de Nelson Rolihlahla Mandela, o qual tem sido em todos os estágios da sua vida coerente com o que diz no que faz: na prisão em Robben Island; quando deixou o poder depois de apenas um mandato na cadeira do poder da "so called" Rainbow Nation; quando decidiu dar o seu nome como uma "brand" para muitas causas pelos mais pobres - aliás, o nome Mandela/Madiba e o seu número de prisão 46664 são hoje umas das mais prestigiadas marcas internacionais, capazes de competir com as mais mundializadas marcas americanas quais JEANS e Coca-Cola! - para gerar mola para vários projectos com vista a realmente combater a pobreza, nao falacialmente (demagogo-politicamente como se faz no “País da Marrabenta”).
Pois, os nossos libertadores da pátria (hoje assumidos donos da pátria, aburguesados/abarriguesados), que começaram a “STRUGGLE FOR LIBERATION” depois de Mandela e seus “comrades” mas conseguiram dar a independência ao seu povo primeiro que os “cunhados aqui ao lado”, será que eles INCORPORAM AINDA O “ESPIRITO MANDELA”, lembram-se de que veneravam Mohandas Kasturba “Mahatma” (A Grande Alma) Gandhi, Martin Luther King Jr? Será que eles ainda são depositários do “SONHO MOÇAMBICANO” que parece ter morrido com Mbuzini? Estarão eles a governar pelo povo, para o povo...serão ainda “primeiros no sacríficio e últimos no benefício”?

Já agora, qual é hoje a Divisa do ESTADO MOCAMBICANO? Ainda É UNIDADE, TRABALHO, VIGILÂNCIA? Prof. Pode dizer o que significa isto de o PODER deixar morrer a divisa de um país?

P.S.1 : Ao mano Azagaia (faz-me lembrar o General D - o moçambicano Sérgio Matsinhe crescido nos ghettos da Tuga, quando cantou "O que é Que se Passa Com o Jovem Africano? O que É que se passa com o Mano Africano?, o Azagaia levantou-se e está a cumprir o seu papel (revolucionário?)...nao me esqueci de que te devo uma letra: Rebelde Por Causa...(O Manifesto)/Rebel BeCause (The Manifest)...

P.S.2: Para quem quer compreender a essência da Liderança de Mandela, que sabiamente soube muitas vezes LIDERAR NÃO USANDO O PODER que detinha e detém, isso sim liderando pela inspiração, fica aqui uma bibliografia must, curiosamente de um meu colega numa multinacional do desenvolvimento: Título : LEADING LIKE MADIBA – Lessons from Mandela, Autor: Martin Kalungu-Banda... apesar de ser em inglês e não estar traduzida para o português (um desafio as editoras moçambicanas, sobretudo à Imprensa Universitária) é uma obra fantástica!

Nao se preocupem, este pseudonimo nao é cobardia, pois acho que pela exposição das minhas ideias facilmente me hão-de identificar (por favor, continuem a tratar-me conforme me identifico e nao me interpelem pela minha identidade registada e pública, pois é com este MEU OUTRO SER que deverão dialogar). É apenas para dizer que assumo aqui o meu outro ser (idiossincracias? Serei Fernando Pessoa - heteronomias? Whalt Whitman? – do i contradict myself?/...i contain multitudes..). O ser artístico, rapper (lyricista)...por isso...

Directo de Caia... por estes dias Kaya Kwanga, mas nem por isso estou a viver em “Caia na Gandaia”,

assinado LMC -THE VOCAB!

Anónimo disse...

Alguém escreveu e sempre me recordo quando IMPOTENTE (porque pensar dói!) e quero encontrar o "PORQUÊ!?" do divórcio ideológico dos camaradas para com as suas raízes filosóficas (maneira de pensar, de ser, de estar, de ver, de fazer o país e o mundo), e preguiçosamente cito:

A MAIOR DESGRAÇA DESTE MUNDO É QUE OS COMUNISTAS DE ONTEM TORNARAM-SE OS CONSUMISTAS DE HOJE.

E acrescentaria, transformaram (ou adornaram?) o acessório (poder, mola, altos carros, comprar,comprar/adquirir, adquirir, adquirir) em essencial (fazendo gala, na passerelle da opulência nacional). Por isso tornamo-nos numa sociedade em que os jovens urbanos (geração diploma, diz o meu "velho compincha" uficsiano Cremildo Manuel Churane) estão a combater por POSSES, TÍTULOS E POSTOS como certificado de ESTATUTO SOCIAL.


P.S: Será que é preciso uma noite galante, musicada orgulhosamente "made in Mozambique" a dzukuta's e pandza's, regada a whisky velho "rótulo preto" e iguarias de primeira para inaugurar no coração da Sommerschield a nova casa do SG de um certo partidão?

Um grito do Underground (Ipirangaaaa!),
Subscrevo-me
LMC- THE VOCAB

Xiluva/SARA disse...

LMC pois é a vida é feita de piparotes lol,uns caem outros nunca caiem e sempre sobem cada vez mais passado o período da luta dos comrades. De facto lol pensar dói mesmo muito se calhar mesmo na Sommerchield, o povo sempre faz pensar e doer, especialmente quando saboreado como conceito em gostosas farras à roda da fogueirinha racional.lol

Anónimo disse...

~Mais uma do Bertolt Brecht:

" o que tem fome e te rouba
o último pedaço de pão chama-lo
teu inimigo
mas não saltas ao pescoço do teu
ladrão que nunca teve fome."
...